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Economia

Silêncio maldito

A CVM não permite comentários ou opiniões sobre as empresas que estreiam na bolsa. Quem perde é o pequeno investidor

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As ações do Magazine Luiza estrearam na bolsa de valores sem que o pequeno investidor soubesse para que lado correr no período de reserva de ações. Compro ou não compro? Entro ou não entro? A indecisão tem um motivo óbvio: a falta de orientação sobre a capacidade da empresa varejista ter um bom desempenho no mercado de capitais amanhã, daqui a um mês, seis meses, um ano ou ser um grande mico. No primeiro dia de negociação, o Ibovespa caiu 1% e o papel subiu mais de 2,8%. Mas quem conhece o assunto e deveria falar é proibido de se manifestar em nome de uma tal igualdade de informações. É o período de silêncio, que deve ser cumprido por todos os participantes do mercado. A empresa também fica proibida de emitir qualquer opinião pelo período que dura a sua oferta, que pode chegar a 180 dias. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) permite apenas uma fonte de consulta: o prospecto, material básico e obrigatório acessível a grandes, médios e pequenos interessados em participar da abertura de capital de uma empresa na bolsa.

O único problema é que os prospectos são calhamaços de informações, com linguagem jurídica e pouco clara. Além de ser de uma chatice sem tamanho. Até os especialistas assumem nos bastidores que é difícil entender alguns termos e, muitas vezes, deixam páginas e páginas sem ler. O fato é que o prospecto foi criado muito mais como uma proteção jurídica para futuros processos do que como um material didático. É sempre bom lembrar que na busca pela informação é mais fácil o pequenininho ser ignorado do que um grande tubarão financeiro. O peso do dinheiro faz muita diferença. Nenhuma corretora arrisca perder um cliente que pode movimentar milhares – ou milhões – de reais por mês. E nesse ponto não há qualquer preocupação com os menores.

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Posições como essa só estimulam os cochichos e as conversas de cocheira, que não contribuem em nada com a transparência do mercado de capitais. Esse é um dos motivos pelos quais a bolsa de valores é considerada um labirinto obscuro pelos pequenos investidores. Para se ter uma ideia, já ouvi argumentos de que essa falta de informação evita qualquer indício de manipulação de preços no mercado. Um argumento dos piores. Afinal, será mesmo que se quer forçar a compra e a venda de uma ação apenas nesse momento inicial? Por que uma opinião, favorável ou desfavorável, sobre uma companhia que tem ações em bolsa seria diferente?

A liberdade de informação deve sempre ser a grande vencedora. A credibilidade de uma corretora e de um analista depende da sua opinião sincera sobre o assunto. Ao enganar uma vez o investidor, seja em um processo de IPO (oferta pública inicial de ações, em inglês) seja na cobertura diária do mercado, seu nome será enterrado na boca de um sapo, junto com sua carreira. Embora o papo e a troca de ideias sejam proibidos, a propaganda é liberada. O Magazine Luiza foi aos meios de comunicação expor a sua estreia na bolsa, assim como a Petrobras fez no segundo semestre do ano passado no seu processo de capitalização. No pé do comercial, as letras miúdas informam sobre o prospecto. Mas quem vai ler o prospecto? É aquela tal história de que a propaganda é a alma do negócio. Nessa busca para brecar a manipulação, é a transparência que está perdendo o jogo.

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