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Sinal Amarelo

O Banco Central, dolosamente, abre mão da autonomia que conquistou em 16 anos de Fernando Henrique e Lula

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          No primeiro governo Lula, a apreciação do real diante do dólar foi de 65.7%. No segundo, de 27.6%. A combinação dos dois índices ajudou a conter a inflação, apesar dos sinais de desequilíbrio fiscal que se foram evidenciando entre 2006 e 2010.

          De 2003 a 2006, tomando-se cesta de 18 moedas de países europeus e não-europeus, desenvolvidos e em desenvolvimento, o real foi a moeda que mais se apreciou. Como nos primeiros cinco meses de Dilma a valorização foi – até porque não tem mais muito o que valorizar – de apenas 2.30%, pulamos para a décima terceira posição.

          Em verdade, a valorização de uma moeda, em regra e no primeiro momento, provoca sensação de bem estar, por parte do povo que a detém. Importar fica mais barato e essa facilidade é relevante para impedir aumentos abusivos de artigos nacionais.

          No Brasil de hoje, no entanto, eventuais novas valorizações do real não mais serviriam de arma contra a inflação. Ao invés de sensação de afluência, viria a aceleração do processo de desindustrialização, a chamada “doença holandesa”, exportando empregos e empobrecendo o País.

          Se a relação dólar/real passasse a US$1,00 = R$1,45 ou R$1,50, o setor exportador se inviabilizaria por inteiro e mesmo os produtores de artigos destinados ao consumo interno perderiam competitividade diante dos importados. Além do mais, a inflação renitente que aí está vem muito fortemente do setor de serviços e dos preços administrados, que não dependem de injunções internacionais.

          As taxas atuais estão em torno de 6.5% (com qualquer cálculo anualizado elas atingem 7%). Isso é muito, levando-se em conta que o Peru trabalha com meta de inflação de 2% (tolerância de apenas 1% para cima) e deverá crescer 7.5%. Chile, Colômbia e México trabalham a perspectiva de 3%, com variação possível de 1%.

          O Banco Central, seguindo orientação de um Ministério da Fazenda atônito, desorientado, dolosamente, abre mão da autonomia que conquistou em 16 anos de Fernando Henrique e Lula.

          Não tomou atitudes precisas e nem a tempo. Como castigo para os brasileiros, terminará por aumentar drasticamente as taxas de juros, diante do quadro de aquecimento artificial e eleitoreiro do consumo.

          Será que é isso que Lula diz em seus convescotes milionários, a portas fechadas, para empresas e empresários “amigos” do poder?

 

          *Diplomata, foi líder do PSDB no Senado

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