Sob Bolsonaro, BNDES abriu mão de R$ 20 bilhões em dividendos da Petrobrás com venda de ações

247 - Levantamento realizado pelo Observatório Social do Petróleo (OSP), um órgão ligado a sindicatos de petroleiros que monitora as políticas e ações da Petrobrás, mostrou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deixou de receber R$ 20,45 bilhões em dividendos da Petrobras desde a venda de suas ações ordinárias e parte de suas ações preferenciais da empresa em 2020.

O cálculo realizado pela OSP leva em consideração os valores distribuídos pela Petrobras no período fiscal de 2019 até o primeiro trimestre de 2023, incluindo duas parcelas que ainda serão pagas até 27 de dezembro deste ano (os dividendos de 2019 foram pagos em julho de 2020). O BNDES negociou em 2020 mais de 760 mil ações da Petrobras, o que representou a maior venda de ações já realizadas no Brasil desde a oferta de US$ 70 bilhões feita pela própria petroleira em 2010. A operação rendeu ao banco R$ 22,46 bilhões.

Segundo o economista Eric Gil Dantas, da OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), "o BNDES perdeu em três anos o montante que ganhou com a venda das ações da Petrobras, que foram para as mãos de outros acionistas". "Essa política do governo Jair Bolsonaro de privatizar tudo o que fosse possível sem olhar as suas consequências causaram muitos prejuízos ao país e, com certeza, essa venda de ações do BNDES foi um dos maiores", afirmou o economista à Folha de S. Paulo. 

Procurado pela Folha, Gustavo Montezano, presidente do BNDES na época da operação, não se pronunciou. Em nota, a atual gestão do BNDES, presidida por Alozio Mercadante, afirmou que "os altos dividendos pagos pela Petrobras nos últimos anos indicam que a manutenção das ações se revelou uma alternativa lucrativa. Esses dividendos respondem por parte considerável do lucro recente do BNDES e, caso o Banco não tivesse se desfeito dos ativos, essa contribuição certamente teria sido maior".