“Terceiro governo Lula pode ser melhor do que os dois anteriores”, diz Paulo Nogueira Batista Júnior
Para o economista, um eventual governo Lula poderia reverter a situação econômica do Brasil. No entanto, ele destaca a necessidade de uma política com ênfase em programas sociais. “É muito importante que haja um impulso de transformação. Se o Lula ganhar, ele não pode jogar na retranca”, diz em entrevista à TV 247. Assista
247 - O economista Paulo Nogueira Batista Júnior, em entrevista à TV 247, analisou os desafios que um eventual terceiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria de enfrentar a partir de 2022. Segundo ele, do ponto de vista econômico, a situação brasileira não deve ser encarada com pessimismo:
“Do ponto de vista político e do ponto de vista das instituições, a situação é pior [que em 2003], porque a destruição que vem sendo feita no Brasil, sobretudo agora no governo Bolsonaro, é muito grande. Mas, do ângulo econômico, nem tudo hoje é pior do que era quando o Lula assumiu em 2003. O Fernando Henrique deixou tudo pendurado pelo barbante. Nós estávamos com uma situação de crise cambial, estimulada em parte pelas incertezas em relação ao que o Lula faria, mas em grande medida pelas medidas tomadas pelo Fernando Henrique. Então, hoje a situação das contas externas brasileiras, por exemplo, é melhor”.
O economista exaltou as políticas econômicas dos governos petistas. “Isso é muito importante, porque a restrição externa pode ser muito pesada para uma economia com a brasileira. Nós temos reservas muito altas, por exemplo, graças ao próprio governo Lula e ao governo Dilma, que constituiu reservas que os governos seguintes, de Temer e Bolsonaro, não conseguiram dilapidar inteiramente. Então, é verdade que a situação é difícil, mas é uma situação que me parece administrável e, portanto, não justifica um pessimismo total”, disse.
Paulo Nogueira defendeu que a nova política econômica de Lula seja pautada por um “impulso de transformação”, com ênfase em programas sociais: “O terceiro governo Lula pode e deve ser ainda melhor do que foram os dois anteriores. Ele próprio tem dito que se ele for voltar à presidência, ele quer fazer mais e melhor do que fez. Ele fez muita coisa boa na área social, o Bolsa Família, os programas de saúde, educação, valorização do salário mínimo, na política externa, na área onde eu trabalhei, G20, Brics, no FMI... Lula e Dilma fizeram coisas importantes. Mas ele está dizendo, com razão, que tem que fazer mais, fazer melhor. Eu acredito que ele tem condições de fazer isso”.
“É muito importante que haja um impulso de transformação. Se o Lula ganhar de novo e tomar posse, como eu espero que aconteça, ele não pode entrar jogando na retranca. Ele não pode entrar tateando, vendo o que é possível fazer, o que a Faria Lima aceita, o que Wall Street endossa, o que a mídia corporativa elogia. Ele tem que ter um programa bem delineado de transformação, de geração de renda, de geração de emprego. E tem que implementar rapidamente, ou seja, no primeiro ano o governo tem que mostrar a que veio, de preferência no primeiro semestre”, completou.
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