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Vale vende supernavios herdados de Agnelli

Murilo Ferreira adota estratgia oposta do antecessor no transporte de minrio de ferro; quatro dos 19 supercargueiros encomendados China, por R$ 2,1 bilhes, j foram vendidos; 15 restantes tambm podero ir; alternativa o frete; deciso divide diretoria

Vale vende supernavios herdados de Agnelli (Foto: Divulgação)

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247 – Uma das principais heranças deixadas pela gestão de Roger Agnelli na Vale está sendo devidamente dissolvida pelo novo presidente Murilo Ferreira. Por US$ 2,1 bilhões, Agnelli comandou o processo de encomenda a estaleiros chineses de 19 supercargueiros – os Valemax --, cada um deles com capacidade para carregar 400 mil toneladas de minério. Dificuldades operacionais, porém, como a impossibilidade de atracar em diversos portos da própria China, em razão de limitações de calado e equipamentos, indicam que a ideia gerou mais problemas do que soluções. O primeiro desses problemas, aliás, foi de origem política, ao contrapor Agnelli ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que queria que a encomenda tivesse sido feita a estaleiros brasileiros.

De maneira discreta, a Vale vendeu recentemente 4 dos supercargueiros construídos na China. A informação foi publicada em primeira mão pelo jornal Valor Econômico e, em seguida, confirmada pela empresa. Agora, o mesmo Valor trabalha com a informação de que os outros 15 navios encomendados também estão à venda, mas ainda sem confirmação da companhia. Hoje, o diretor executivo de Operações Integradas da Vale, Tito Martins – um dos nomes apontados como sucessor de Agnelli, a quem era ligado por amizade --, não quis nem confirmar, nem desmentir a hipótese levantada pelo jornal, durante encontro, no Rio, com profissionais de imprensa e do mercado financeiro.

Abaixo, notícia publicada hoje no Valor On Line sobre a entrevista de Tito Martins:

RIO - O diretor executivo de operações integradas da Vale, José Carlos Martins, previu - em entrevista dada há pouco - que nos próximos dois anos o mercado asiático, com destaque para a China, vai responder por pouco mais de 80% do total de vendas de minério de ferro da Vale no mercado global. De pouco mais de 300 milhões de toneladas que a companhia vende no mercado transoceânico, 250 milhões irão para a Ásia. Segundo Martins, “o mercado asiático se tornará cada vez mais o principal mercado da companhia”. Para garantir competitividade com os australianos nesse mercado, já que no Brasil as siderúrgicas estão comprando minas e o mercado europeu está minguando, é preciso ter uma logística eficiente de transporte, afirmou.

“A Vale não pretende abandonar sua estratégia de transporte marítimo de minério de ferro por frota própria”, afirmou. “O que vai mudar na estratégia é a forma de alocar capital nessa logística. A companhia vai priorizar o uso de navios contratados no longo prazo em detrimento de compra de navios ”. Martins confirmou que a Vale poderá vender parte de seus cargueiros Valemax, de um total de 19 encomendados a estaleiros da China e da Coréia ao custo de US$ 2,1 bilhões.

O executivo evitou, porém, responder a pergunta sobre a venda recente de quatro navios supercargueiros dos 19 encomendados, noticiada pelo Valor. O executivo também não quis falar sobre a possibilidade da empresa se desfazer dos outros 15 meganavios se possível ainda este ano, mas sempre com contrato de longo prazo vinculado a transação. “A companhia ainda não tem informação oficial sobre este tipo de negócio”.

Ele defendeu a política de frota própria como a melhor para a Vale ter frete competitivo. Entretanto, emendou, não necessariamente ela precisa ser tocada com navios próprios.

A Vale hoje tem uma frota de navegação de longo curso de 80 navios, dos quais quatro são Valemax ( com capacidade de 400 mil toneladas encomendados na Ásia) e 35 são próprios, incluindo navios do tipo Capesize e Panamax. A importância dessa política é que ela reduz a volatilidade do valor do frete.

A estratégia de frota própria foi introduzida na empresa antes de estourar a crise dos mercados no final de 2008, quando o frete para a China estava na casa de US$ 100. Na ocasião, a Vale deixou de produzir e embarcar 70 milhões de toneladas de minério por falta de navio para contratar, o que levou a empresa a decidir pela compra dos supercargueiros.

Hoje, porém, o valor do frete Brasil- China está na casa dos US$ 25 a US$ 30 a tonelada contra US$ 12 a US$ 10 a tonelada do minério australiano. “Se quisermos competir na Ásia, nosso maior mercado e que será cada vez mais importante no futuro, temos de ter frete competitivo”, afirmou. E neste quesito, Martins garante que a política da Vale está dando certo. A empresa na média paga frete de US$ 25 pela viagem de 45 dias de seu minério para a China, contra US$ 25 a US$ 30 no mercado spot. (Vera Saavedra Durão | Valor)

 

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