Café brasileiro se destaca com 20 indicações geográficas e ganha valor internacional
Durante a Semana Internacional do Café, o Sebrae promove degustações e mostra como a diversidade e a origem fortalecem os pequenos produtores
247 - Durante uma conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no início de outubro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceu que os americanos estavam “sentindo falta do café brasileiro” — um dos produtos mais afetados pela política de sobretaxas do próprio governo norte-americano. O comentário, relatado pelo portal Agência Sebrae de Notícias, evidencia o peso do café nacional no comércio internacional. Mas, como destacam os produtores e especialistas, o Brasil exporta muito mais do que uma simples commodity: exporta identidade, tradição e qualidade certificada.
Líder absoluto em Indicações Geográficas (IG), com 20 selos entre os 143 registrados no país, o café brasileiro ganha destaque na 13ª Semana Internacional do Café (SIC), que acontece de 5 a 7 de novembro, no Expominas, em Belo Horizonte. O evento reunirá cerca de 25 mil participantes para celebrar a diversidade da cafeicultura nacional. O Sebrae, parceiro histórico dos pequenos cafeicultores, promoverá degustações de cafés de todas as IGs reconhecidas, destacando a pluralidade de aromas e sabores que caracterizam cada região.
“As Indicações Geográficas cumprem várias funções, dentre elas: agregar valor ao produto e proteger a região produtora. O sistema promove os produtos e sua herança histórico-cultural, que é intransferível”, explica Hulda Giesbrecht, coordenadora de Tecnologias Portadoras de Futuro do Sebrae Nacional.
O público poderá conhecer o percurso completo do grão — do plantio à xícara — e compreender como o cuidado em cada etapa do processo faz do café brasileiro um produto único.
O papel das IGs e o impacto nos pequenos produtores
As Indicações Geográficas são instrumentos de valorização coletiva que reconhecem a ligação entre o produto e seu território de origem. A Lei da Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/96) prevê duas modalidades: Indicação de Procedência (IP) e Denominação de Origem (DO).
A IP está relacionada à reputação da região produtora, enquanto a DO exige comprovação técnica de que fatores como solo, clima e topografia são determinantes para as características específicas do produto. No caso do café, essas certificações atestam que o sabor, o aroma e a qualidade estão diretamente ligados ao terroir de cada localidade.
O Sebrae atua em todas as fases do processo de reconhecimento das IGs — da capacitação dos produtores à estruturação da governança local. O impacto é visível: segundo a instituição, os produtos certificados podem alcançar valorização de até 300% no mercado.
Atualmente, o Sebrae apoia 44 territórios produtores de café, atendendo 5,8 mil produtores, a maioria de pequenos empreendimentos familiares. Cerca de 70% das 300 mil propriedades rurais de café do Brasil pertencem à agricultura familiar.
“O apoio à gestão e à adoção de práticas sustentáveis é fundamental para fortalecer o setor e os empreendedores”, afirma Hulda Giesbrecht.
Inovação e rastreabilidade
Para garantir transparência e autenticidade, o Sebrae lançou, no fim de 2024, a Plataforma de Digitalização das IGs — uma ferramenta que reúne informações sobre rastreabilidade, terroir, cultura, qualidade e responsabilidade socioambiental. Com ela, o consumidor pode conhecer detalhes sobre a origem do café, como a região produtora, o perfil de sabor e o compromisso do produtor com práticas sustentáveis.
As 20 Indicações Geográficas dos cafés brasileiros
Indicações de Procedência (IP)
- Campo das Vertentes
- Norte Pioneiro do Paraná
- Matas de Minas
- Alta Mogiana
- Região de Garça
- Espírito Santo
- Região de Pinhal
- Oeste da Bahia
- Sudoeste de Minas
- Vale da Grama
- Torrinha
- Nova Alta Paulista
Denominações de Origem (DO)
- Caparaó
- Montanhas do Espírito Santo
- Região do Cerrado Mineiro
- Matas de Rondônia
- Mantiqueira de Minas
- Canastra
- Chapada Diamantina
- Mandaguari