Clínicas que unem digitalização e acolhimento ampliam faturamento, aponta especialista
Relatório mostra que equilíbrio entre tecnologia e humanização garante até 22% mais previsibilidade de receita e maior satisfação dos pacientes
247 - A digitalização já é realidade para a maioria das clínicas brasileiras, mas o grande desafio do setor está em transformar tecnologia em valor percebido pelo paciente. Segundo o relatório Panorama das Clínicas e Hospitais 2025, produzido por Doctoralia e Feegow Clinic, 74% das unidades de saúde no país já investem em marketing digital. No entanto, apenas 24% estruturaram estratégias eficazes de conversão, o que limita o impacto no faturamento — prioridade para 59% dos gestores entrevistados.
Para Ricardo Novack, sócio-diretor do Grupo ICOM, maior ecossistema de gestão e marketing para clínicas do Brasil, a tecnologia sozinha não garante resultados sustentáveis. “Sistemas integrados, automação de processos e plataformas de atendimento remoto melhoram a eficiência. No entanto, se o paciente não se sentir acolhido, a tecnologia perde valor. O diferencial está em usar dados e ferramentas digitais para criar uma experiência mais humana”, afirmou em entrevista.
O alerta é reforçado por levantamentos recentes. Dados da Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP) indicam que clínicas que adotaram sistemas digitais de gestão reduziram em até 25% as faltas e elevaram em 18% a satisfação dos pacientes. Já o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) mostrou que unidades com processos integrados tiveram 22% mais previsibilidade de receita e 18% menos atrasos nos recebimentos.
Na prática, o caminho para o crescimento sustentável vai além do uso de softwares de agendamento ou prontuário eletrônico. Ele exige o mapeamento completo da jornada do paciente, do primeiro clique em um anúncio até o pós-consulta, além de equipes treinadas em escuta ativa e comunicação clara. “A venda não começa na sala do médico. Ela começa no primeiro contato, no atendimento da recepção e na forma como a clínica se conecta com a dor da pessoa”, destacou Novack.
Casos acompanhados pelo Grupo ICOM mostram que clínicas que estruturaram seus funis de atendimento e investiram em marketing educativo — com depoimentos reais, conteúdos explicativos e presença em plataformas como YouTube, TikTok e grupos locais — alcançaram maior adesão a tratamentos, aumento na taxa de comparecimento e crescimento constante de receita.
Para o especialista, o futuro das clínicas depende do equilíbrio entre eficiência e sensibilidade. “Não se trata de escolher entre tecnologia ou acolhimento. O paciente quer eficiência, mas também quer ser ouvido. O modelo que une os dois pontos é o que sustenta o crescimento acima da média das clínicas”, afirmou.
Cinco dicas para equilibrar digitalização e acolhimento nas clínicas
- Mapeamento da jornada: acompanhar cada etapa do paciente, do primeiro contato digital ao pós-consulta.
- Automação inteligente: integrar sistemas de agendamento e lembretes para reduzir faltas em até 25%.
- Escuta ativa: treinar a equipe para compreender a real necessidade do paciente e gerar confiança desde a recepção.
- Marketing educativo: produzir conteúdos claros, com provas sociais reais, que mostrem resultados e autoridade clínica.
- Gestão por dados: monitorar indicadores como custo por aquisição (CPA), taxa de comparecimento e ticket médio para planejar o crescimento com previsibilidade.
Novack reforça que práticas superficiais, como campanhas digitais genéricas ou a falta de controle financeiro, podem comprometer a sustentabilidade das unidades. “O futuro do setor passa pela digitalização com empatia, unindo automação, análise em tempo real e atendimento humanizado. O paciente só decide pelo tratamento quando percebe confiança e conexão e, muitas vezes, isso se perde por ausência de escuta ativa”, concluiu.
