Comunidades de negócios transformam a gestão de escritórios contábeis no Brasil
Grupos de apoio coletivo reduzem gargalos, estimulam inovação e ajudam contadores a se preparar para os impactos da reforma tributária
247 - Participar de comunidades profissionais deixou de ser apenas uma oportunidade de networking e vem se consolidando como estratégia de sobrevivência em setores que enfrentam alta pressão por produtividade. No universo da contabilidade, a prática cresce em importância à medida que as obrigações fiscais se tornam mais complexas e a reforma tributária se aproxima. Escritórios de diferentes portes têm recorrido a grupos colaborativos para trocar experiências, adotar novas metodologias e encontrar caminhos sustentáveis de expansão.
De acordo com reportagem publicada pela Potencialize Resultados, esse movimento reflete um amadurecimento do setor. Hygor Lima, especialista em gestão de processos e fundador da consultoria, destaca que a cooperação entre pares acelera o desenvolvimento de soluções. “Um gestor não precisa aprender sozinho os caminhos para escalar o escritório. Em uma comunidade, ele encontra colegas que já testaram soluções, erraram e acertaram. Essa troca evita desperdício de tempo e acelera a evolução”, afirma.
Lima é também o idealizador do Potencialize Club, que reúne empresários contábeis de várias regiões do país. O grupo busca apoiar escritórios na organização de processos internos, na redução do retrabalho e no fortalecimento da autonomia das equipes. A proposta vai além da mentoria tradicional, englobando encontros presenciais, interações online e suporte contínuo em áreas como tecnologia, automação e gestão de pessoas.
Por que comunidades aceleram resultados
Pesquisas de comportamento organizacional indicam que profissionais inseridos em grupos de aprendizado coletivo apresentam maior engajamento e maior capacidade de aplicar os conhecimentos adquiridos, quando comparados a quem depende apenas de cursos formais. Hygor reforça essa visão: “Quando você vê um escritório semelhante ao seu alcançar resultados diferentes, a barreira do ‘isso não funciona aqui’ cai. A comunidade funciona como espelho e inspiração”.
Dados levantados pela Potencialize apontam que escritórios que aplicaram práticas discutidas nesses grupos chegaram a registrar 38% menos retrabalho em períodos críticos, como o mês de julho, quando parte das equipes está de férias.
Como escolher em qual comunidade entrar
O aumento de clubes de negócios e mentorias coletivas também traz um desafio: identificar qual comunidade pode realmente gerar impacto. Para Hygor, três pontos devem nortear a escolha:
- Clareza de propósito – “É importante avaliar se a comunidade tem um foco claro: eficiência, tecnologia, expansão, gestão de pessoas. Quanto mais definido, mais aplicável ao dia a dia.”
- Diversidade de experiências – grupos formados apenas por iniciantes tendem a repetir os mesmos erros; reunir empresas de diferentes portes amplia a qualidade das trocas.
- Acesso prático – o diferencial está na aplicabilidade do que se discute. “Sem execução prática, comunidade vira só grupo de conversa”, destaca o especialista.
Da centralização à autonomia
Um dos efeitos mais citados pelos participantes é a mudança cultural: sair do modelo centralizador, em que todas as decisões passam pelo dono, para operações estruturadas em processos. Para Lima, essa transição é indispensável. “A liderança sobrecarregada não sustenta crescimento. A comunidade mostra que delegar com método é possível e necessário”, ressalta.
Mais do que eventos ocasionais, as comunidades de negócios vêm se consolidando no setor contábil como verdadeiros laboratórios de soluções. Nesses espaços, gestores encontram suporte para enfrentar as pressões fiscais, reorganizar equipes e se preparar para as transformações regulatórias que estão por vir.
