Consumo mais racional redefine o varejo brasileiro até 2026
Consumidor mais informado, digital e exigente acelera mercados autônomos, inteligência artificial e modelos baseados em conveniência e proximidade
247 - O comportamento de consumo no Brasil atravessa uma transição profunda, marcada por escolhas mais racionais, uso intensivo de canais digitais e forte valorização da conveniência. Pressionado pelo orçamento doméstico e munido de maior acesso à informação, o consumidor passou a comparar preços, planejar compras e exigir transparência sobre o valor real de produtos e serviços. Nesse novo contexto, autonomia, propósito e tecnologia passam a influenciar a decisão de compra com peso semelhante ao do preço.
Esse movimento, que já impacta de forma visível o varejo, deve se intensificar até 2026. De acordo com Eduardo Córdova, CEO e cofundador do market4u, maior rede de mercados autônomos da América Latina, o setor caminha para um modelo mais próximo do consumidor, altamente automatizado e orientado pela personalização. “A rotina mais acelerada tornou o consumidor muito menos tolerante a processos lentos. Ele quer resolver tudo no menor tempo possível e no local mais conveniente. As empresas que não entenderem isso vão ver sua competitividade cair”, afirma o executivo. As informações fazem parte de uma análise divulgada pelo próprio market4u sobre as tendências de consumo no país.
Entre as principais transformações previstas está a consolidação dos mercados autônomos como parte da infraestrutura urbana. Antes restritos a condomínios residenciais, os minimercados tendem a se expandir rapidamente para hubs corporativos, hospitais, universidades e prédios comerciais, incorporando-se à rotina diária das cidades. “Se o consumidor não quer se deslocar, o varejo vai até onde ele está”, resume Córdova.
A jornada de compra também deve passar por uma mudança estrutural. O autoatendimento evolui para lojas totalmente inteligentes, sem atendentes e sem filas, apoiadas em tecnologias como biometria, reconhecimento por câmeras e pagamentos invisíveis. Segundo o CEO do market4u, “o modelo sem atrito, que hoje impressiona, será o novo normal”, eliminando etapas manuais e reduzindo o tempo gasto pelo consumidor.
Outro eixo central dessa transformação é o uso de inteligência artificial preditiva na gestão de estoques. Algoritmos passam a antecipar demandas com base em dados de público, localização, sazonalidade e horários, reduzindo rupturas e desperdícios. “Ter o produto certo, no local certo, no momento exato será a régua de eficiência do varejo em 2026”, afirma Córdova.
O padrão de abastecimento doméstico também tende a mudar. A compra mensal em grandes hipermercados perde espaço para aquisições menores e mais frequentes, realizadas em pontos próximos à residência ou ao trabalho. Esse comportamento reduz desperdícios, otimiza o tempo do consumidor e estimula o crescimento de lojas compactas, ao mesmo tempo em que altera a lógica da distribuição urbana.
Nos meios de pagamento, o Pix se consolida como padrão dominante no varejo brasileiro. Com mais de 170 milhões de usuários, o sistema deve evoluir para formatos ainda mais integrados, nos quais as transações acontecem em segundo plano, sem fricção e sem etapas manuais, acompanhando o avanço dos pagamentos invisíveis.
A personalização de preços e ofertas completa esse novo cenário. A combinação de inteligência artificial, histórico de consumo e dados geográficos permitirá promoções ajustadas em tempo real por condomínio, horário, clima e comportamento coletivo. Para o consumidor, isso significa ofertas mais relevantes; para o varejo, ganhos consistentes de eficiência operacional.
Com autonomia, tecnologia e proximidade avançando de forma integrada, o varejo brasileiro se afasta de modelos burocráticos e se aproxima cada vez mais da rotina das pessoas. “O futuro do consumo não é vender mais, é simplificar a vida das pessoas. Quem entender isso primeiro vai liderar a próxima década”, conclui Córdova.
