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Empresas ganham mais ao gerar autonomia com responsabilidade e propósito

Para Carla Martins, do SERAC, liberdade com clareza, reconhecimento e bem-estar é chave para desempenho sustentável e equipes mais engajadas

Empresas ganham mais ao gerar autonomia com responsabilidade e propósito (Foto: Freepik )

247 - Em um cenário corporativo cada vez mais voltado à performance sustentável, a autonomia dos colaboradores deixou de ser um diferencial e passou a ser uma necessidade estratégica. De acordo com Carla Martins, vice-presidente do SERAC, a construção de um ambiente baseado na confiança mútua e no empoderamento das equipes é essencial para obter resultados consistentes. A executiva destaca que "autonomia não é ausência de liderança, mas sim confiança estruturada com responsabilidade".

A declaração foi dada em entrevista repercutida a partir de conteúdo original do SERAC, e se alinha a dados recentes da consultoria McKinsey, que apontam que colaboradores autônomos têm 50% mais chances de se sentirem motivados no trabalho. A Gallup, por sua vez, identificou que equipes engajadas são 21% mais lucrativas e apresentam até 41% menos absenteísmo. Ainda assim, para Carla, conceder liberdade sem estrutura pode ser contraproducente: “Não basta liberar, é preciso preparar o terreno”, afirma.

Segundo a especialista, o primeiro passo para promover autonomia sem perder o controle é delegar com clareza. Isso significa estabelecer metas objetivas, alinhar expectativas e fornecer informações que permitam decisões seguras e alinhadas aos valores da organização. “A autonomia precisa ser orientada por diretrizes, metas claras e indicadores de desempenho. É isso que garante a tomada de decisão com responsabilidade”, afirma Carla.

Liderança empática e protagonismo individual

Para que essa lógica funcione, é necessário ir além da simples divisão de tarefas. Carla defende o mapeamento de processos e o reconhecimento das competências individuais como estratégias-chave. “Quando as pessoas sabem o que se espera delas, como serão avaliadas e têm liberdade para propor soluções, sentem-se valorizadas e tendem a apresentar melhor desempenho”, explica.

Essa valorização, segundo ela, está diretamente ligada à felicidade no trabalho, que deve ser promovida com ações profundas e não apenas simbólicas. “Felicidade corporativa não se constrói apenas com dia da fruta ou paredes coloridas. É necessário desenvolver relações genuínas, reconhecer conquistas de forma estratégica e conectar o trabalho individual a um propósito coletivo”, pontua.

Medindo resultados além do microgerenciamento

Um dos maiores desafios, aponta Carla, está na forma como os resultados são medidos. Para ela, o foco precisa migrar do controle rígido para métricas que combinem desempenho com qualidade de vida — como engajamento, rotatividade, satisfação interna e feedbacks qualitativos. “Não se trata de medir horas trabalhadas, mas de avaliar o impacto do que foi entregue e como esse trabalho foi realizado. Equipes felizes e autônomas produzem mais com menos esforço”, destaca.

Nesse processo, o papel da liderança também se transforma. O líder ideal, segundo a vice-presidente do SERAC, é aquele que inspira, ouve, dá espaço ao erro e reconhece o esforço com consistência. “O líder que inspira é aquele que cria um ambiente seguro para o erro, incentiva o aprendizado contínuo e reconhece o esforço com consistência”, reforça.

Autonomia como aliada da produtividade

No centro dessa transformação, Carla Martins acredita que o equilíbrio entre autonomia e direcionamento não apenas preserva o controle organizacional, como o fortalece. “A empresa do futuro não será aquela que controla tudo, mas a que confia nas pessoas certas, em processos bem definidos e em uma cultura sólida. Quando isso acontece, os resultados vêm como consequência.”

Com base nessa visão, a autonomia se torna mais do que uma estratégia operacional: transforma-se em um pilar da cultura organizacional capaz de gerar alto desempenho com propósito, bem-estar e engajamento sustentável.