Empresas transformam amor pelos animais em negócios de sucesso na alimentação natural
Empresas surgidas a partir de experiências pessoais e profissionais mostram como o cuidado com a nutrição de pets pode gerar saúde e inovação
247 - Tudo começou dentro de um zoológico, em meio a animais silvestres e pesquisas sobre nutrição. Foi nesse ambiente que a médica-veterinária Maria Paula Beltran percebeu que estava diante de algo maior do que um simples projeto científico. Se uma dieta bem planejada podia transformar a vida de leões, aves e primatas, por que não poderia também mudar o dia a dia de cães e gatos que vivem em nossas casas?
De acordo com informações do Sebrae, essa inquietação foi o ponto de partida para a criação da Marmipets, empresa que hoje é referência nacional em alimentação natural para pets. “Durante um trabalho no zoológico, desenvolvemos estudos de alimentação que trouxeram melhorias significativas na vida dos animais. Isso me fez refletir sobre os impactos que uma dieta inadequada pode ter na saúde e na longevidade dos pets domésticos”, relembra Maria Paula.
A partir dessa percepção, surgiram os primeiros testes de receitas balanceadas. O retorno positivo veio rápido: apareceram os primeiros clientes e, em pouco tempo, a empresa abriu sua própria fábrica, registrada no Ministério da Agricultura. Hoje, a Marmipets está em plena operação, com projetos de expansão, e se beneficia do crescimento acelerado do setor pet, que segue batendo recordes no Brasil.
O Sebrae teve papel decisivo nesse processo. A Marmipets participou de programas como o Realiza Mais, que ajudou a organizar o setor financeiro, e o ALI (Agentes Locais de Inovação), voltado ao aperfeiçoamento dos processos internos. A participação no Sebrae Delas também fortaleceu o protagonismo da veterinária como empreendedora e rendeu reconhecimento nacional. “Fui vencedora do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios em 1º lugar em São Paulo e 2º lugar nacional na categoria Ciência e Tecnologia. Foi um marco na nossa trajetória”, celebra Maria Paula.
Quando o amor por um pet vira negócio
A história de Caroline Calil, fundadora da Colher de Patas, também inspira. A ideia nasceu em 2020, na cozinha de sua casa, depois que Helena, uma buldogue francês, chegou filhote e enfrentou graves problemas de alergia. “Começamos a produzir a própria comida dela, postávamos nas redes sociais e as pessoas começaram a pedir encomendas. Foi aí que reformamos o prédio onde hoje funciona nossa fábrica. O nome também nasceu na cozinha”, conta a empreendedora.
O negócio cresceu rápido. Além da fábrica, a Colher de Patas inaugurou sua primeira loja física em São José dos Campos (SP) e segue expandindo. “Hoje em dia os pets são filhos. As pessoas querem cuidar, dar mais saúde e garantir longevidade”, reforça Caroline.
Assim como a Marmipets, a Colher de Patas também encontrou no Sebrae um parceiro estratégico. “Já fizemos alguns projetos, e hoje participamos de um novo ciclo do ALI Produtividade. Acreditamos que aprender e estudar deve fazer parte da nossa rotina”, afirma.
O desafio de educar os tutores
Apesar da expansão, o setor ainda enfrenta barreiras culturais. “Muitos ainda acreditam que a ração é a única forma adequada de alimentar um cão, ou que a comida caseira faz mal. Desconstruir essa ideia exige tempo e persistência”, explica Maria Paula. Segundo ela, a propaganda boca a boca é uma das ferramentas mais poderosas de convencimento: “Os relatos de tutores que viram seus pets recuperarem qualidade de vida são ferramentas poderosas de convencimento. Hoje, as indicações representam nossa maior porta de entrada.”
Outro pilar das duas empresas é a parceria com veterinários, que recomendam os produtos aos pacientes e validam cientificamente a proposta. Além disso, as redes sociais têm cumprido papel estratégico ao espalhar histórias reais de transformação.