Escritor brasileiro resgata protagonismo negro e afrofuturismo
Ale Santos mostra como criatividade, resistência e ancestralidade podem impulsionar o empreendedorismo periférico no Brasil
Beatriz Bevilaqua, 247 - No mais recente episódio do programa “Empreender Brasil”, na TV 247, entrevistamos Ale Santos, escritor reconhecido por seu trabalho em afrofuturismo, ficção científica e fantasia afro-brasileira. Finalista duas vezes do Prêmio Jabuti e do CCXP Awards, Ale é citado pela Science Fiction Research Association (SFRA) como o autor afrofuturista mais popular da nova geração no Brasil.
A literatura de Ale se apresenta como uma ferramenta de reflexão social e política, oferecendo uma visão poderosa da diáspora africana e sua contribuição para sociedades mais diversas e inclusivas. Entre suas obras destacam-se “Rastros de Resistência”, finalista do Jabuti em 2020, e “O Último Ancestral”, afrofuturista, publicado pela HarperCollins Brasil.
O escritor refletiu sobre o papel do afrofuturismo no contexto brasileiro: “É uma estética que surge na ficção especulativa, que imagina a tecnologia a partir da perspectiva negra. Aqui no Brasil, criamos narrativas afrofuturistas que dialogam com o samba, o hip-hop, o maracatu e outras manifestações culturais. É sobre mostrar que a periferia não só consome cultura, mas também a produz e a transforma em futuro”, enfatizou.
Ale destacou ainda a conexão entre sua obra e o empreendedorismo: “Empreender não é só criar grandes empresas, é também sobreviver, inovar e gerar valor a partir de nossas próprias ideias e habilidades. Minha experiência com literatura, jogos e consultoria me permite investir em propriedade intelectual, profissionalizar trabalhos criativos e gerar impacto na economia criativa”.
São muitos os desafios enfrentados por escritores e empreendedores periféricos como a escassez de políticas de incentivo à leitura, a dificuldade de distribuição de livros, a necessidade de desenvolver habilidades de marketing e vendas e a dependência de eventos culturais. Segundo o entrevistado, projetos como os clubes de leitura e eventos literários são essenciais para conectar autores e leitores e fortalecer o mercado literário nacional.
Sobre o futuro do empreendedorismo periférico, Ale é otimista: “O futuro está na cultura, na culinária, na moda e nas manifestações locais. São essas expressões que vão impulsionar negócios, gerar reconhecimento e criar oportunidades. Empreender é reinventar-se constantemente e usar a criatividade como motor para crescimento e resistência”.
Com uma carreira marcada por reconhecimento internacional e engajamento social, Ale Santos se destaca não apenas como autor afrofuturista, mas também como um agente de transformação, mostrando que a literatura e a tecnologia podem caminhar juntas para construir futuros mais inclusivos. Assista na íntegra aqui:
