Goiaba de Carlópolis chega à Europa e dinamiza exportação direta
Primeiro lote enviado pela COAC triplica valor obtido no Brasil e marca avanço da produção certificada rumo à consolidação no mercado europeu
247 - O primeiro lote de goiaba de Carlópolis enviado diretamente pela Cooperativa Agroindustrial de Carlópolis (COAC) chegou à Europa na quinta-feira (20), em operação que marcou um passo decisivo para a cadeia produtiva do Norte Pioneiro. Segundo a reportagem original divulgada pela COAC, foram 420 quilos embarcados por via aérea, vendidos por um valor três vezes superior ao praticado no mercado interno — um resultado que reforça o potencial econômico da fruta quando submetida aos padrões internacionais de qualidade.
O embarque, cujo país de destino não foi revelado por motivos contratuais, representa um marco porque ocorreu sem o uso de traders, modelo que reduz custos, amplia margem de lucro e fortalece a estratégia de internacionalização da cooperativa. Ainda assim, as operações via intermediários permanecem como alternativa estratégica para negociações futuras.
Reconhecida pela Indicação Geográfica (IG) e certificada pelo GlobalGAP (Good Agricultural Practices), a goiaba de Carlópolis atende requisitos de qualidade, rastreabilidade e sustentabilidade exigidos por compradores internacionais. Essa combinação de atributos permitiu que a fruta, mais uma vez, se destacasse no mercado europeu.
“Esta é a primeira de muitas exportações diretas que virão pela COAC, pois tenho a certeza que é a melhor goiaba do mundo”, afirmou Eduardo Brandão, diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas). Ele acompanha o desenvolvimento da produção desde 2017, quando a fruta foi apresentada na Fruit Attraction.
Brandão lembra que a boa reputação da goiaba de Carlópolis se consolidou rapidamente. “Desde o início, a qualidade da fruta e a organização da cooperativa já atraíram compradores. Inicialmente eles fizeram as vendas para o mercado externo por meio de traders, o que é o normal e deve continuar. Agora com a conquista da venda direta, a tendência é aumentar os lucros e, também, o número de produtores e da área de goiaba na região”, disse o diretor da Abrafrutas.
Para a presidente da COAC, Inês Yumiko Sasaki, o embarque direto representa uma conquista histórica. “Era um desejo antigo nosso, porque aumenta a margem de lucro e, também, diminui o tempo de translado da fruta. Isso significa que o consumidor final vai poder comprar uma goiaba mais fresca e doce, porque vamos poder enviar a fruta em um ponto que consideramos mais próximo do ideal para o consumo”, afirmou.
A negociação que resultou na primeira venda direta foi conduzida com apoio da Xportare, responsável pela aproximação com os compradores europeus. O diretor da empresa, Júnior Silveira, destacou a rapidez da operação. “No início de outubro estávamos com a COAC na Europa. Fizemos cerca de 20 contatos durante a edição da Fruit Attraction deste ano em Madri. O pessoal da COAC voltou para casa com o compromisso de atender às necessidades desses compradores e pouco mais de um mês depois, eles já cumpriram o combinado e entregaram o primeiro lote de frutas”, relatou.
Segundo Silveira, a COAC se destaca no Brasil por atender plenamente às exigências técnicas do mercado europeu. “Além da qualidade da fruta, a COAC atende às rígidas normas de segurança e aos requisitos fitossanitários e de documentação específicos exigidos pela União Europeia”, observou.
O consultor do Sebrae/PR, Odemir Capello, reforçou que o avanço da cooperativa é resultado de uma construção coletiva. “Trabalhamos em conjunto para desenvolver o território. Ter participado das feiras internacionais, contar com o apoio da Abrafrutas e da Xportare é parte de uma estratégia firmada ao longo dos anos”, afirmou.
A trajetória que levou ao reconhecimento internacional começou em 2015, quando foi identificado o potencial produtivo da região. Capello destaca a importância das parcerias locais. “A parceria com a prefeitura da cidade, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná foi fundamental para capacitar os pequenos produtores para atingir uma fruta de qualidade internacional”, disse.
Entre os diferenciais da produção estão a certificação GlobalGAP, que assegura boas práticas agrícolas, e a Indicação Geográfica, que valoriza a origem e a tradição de Carlópolis. Também contribui para o desempenho a adoção da chamada “poda escalonada”, técnica que permite colheita contínua ao longo do ano, ampliando a regularidade da oferta.
A goiaba de Carlópolis começou a ser vendida na Europa em 2020, exclusivamente por meio de traders. Desde então, mais de 340 toneladas foram exportadas. A mudança agora, segundo Silveira, não é o destino, mas a forma de negociação. “A diferença é que agora a cooperativa começou a fazer a venda direta para os compradores. Isso implica em uma vantagem financeira para os produtores e para a própria COAC, que passa a negociar e receber todo o lucro. Outra vantagem é que ao atender diretamente o comprador, eles podem adequar e atender ainda melhor às especificações de cada mercado”, explicou.
