Informalidade ainda domina o empreendedorismo no Brasil, aponta pesquisa do Sebrae
Estudo mostra que maioria dos empreendedores sem CNPJ são negros, homens e de baixa escolaridade, mas há avanço entre mulheres e jovens
247 - Cerca de 20 milhões de brasileiros dependem do empreendedorismo informal para garantir sua renda. De acordo com levantamento divulgado pelo Sebrae, esse grupo representa 66% do total de empreendedores do país, que somam atualmente 30,4 milhões de pessoas. Os dados são da pesquisa Empreendedorismo Informal sob a ótica da PNAD Contínua, baseada em informações do IBGE e que abrange o período do 4º trimestre de 2015 ao 4º trimestre de 2024.
Segundo os dados, houve uma redução de 5,5% no número de empreendedores informais nesse intervalo de quase uma década. Ao mesmo tempo, os negócios formalizados registraram crescimento: foram 2,8 milhões de novos empreendedores com CNPJ no período analisado.
Apesar da redução percentual, o número absoluto de trabalhadores informais continua alto e com um perfil bem definido. A maioria são homens (66,4%), embora a participação feminina tenha avançado 3 pontos percentuais nos últimos anos. “A informalidade é um assunto que está relacionado a pessoas que estão empreendendo, que estão trabalhando, que estão fazendo a economia girar de uma comunidade, de um bairro, de uma cidade. São pessoas que lutam, que acordam cedo todos os dias, que só querem garantir o próprio sustento”, destacou Décio Lima, presidente do Sebrae.
Lima também enfatizou a importância do reconhecimento e apoio a esses trabalhadores: “Formais e informais impulsionam a economia. Por isso, é importante destacar que a informalidade não pode ser tratada com preconceito. O papel do Estado é essencial para fomentar e proteger. Para se ter uma ideia, uma vez formalizado, o empreendedor consegue aumentar seu faturamento em até 25%”.
No recorte racial, o estudo revela que os negros (pretos e pardos) são maioria entre os informais, representando 60,1% desse grupo, enquanto os brancos somam 38,8%. O cenário se inverte quando se trata do empreendedorismo formal, onde os negros representam apenas 38,3%, ainda que com aumento de 7 pontos percentuais desde 2015.
Em relação à idade, o grupo entre 30 e 49 anos concentra a maior parte dos informais (46%). Mas um dado chama atenção: o aumento da participação dos jovens até 24 anos, que agora representam 8,3% dos empreendedores informais – praticamente o dobro do índice entre os formais (4,3%).
A escolaridade também é um fator que distingue os perfis. Enquanto 44,5% dos empreendedores formais possuem Ensino Superior Incompleto ou mais, apenas 16,2% dos informais têm esse nível de escolaridade. No entanto, a pesquisa revela uma tendência positiva de elevação educacional: houve crescimento de 7 pontos percentuais entre os informais com ensino superior incompleto ou mais e de 10 pontos percentuais na faixa com ensino médio completo.
A pesquisa do Sebrae reforça que, embora a informalidade ainda represente uma parcela significativa do empreendedorismo no Brasil, há sinais de avanços em termos de inclusão, educação e formalização. Os desafios permanecem, mas o retrato revela também uma população empreendedora em transformação.
