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Instrutor transforma o mergulho em caminho de autocuidado e reconexão

O empreendedor Ivan Lúcio Cardoso transforma o mergulho recreativo em caminho de autocuidado e reconexão com a natureza

Empreendedor Ivan Lúcio Cardoso (Foto: Divulgação )

Beatriz Bevilaqua, 247 - Em um mundo cada vez mais acelerado e hiperconectado, há empreendedores que escolhem trilhar o caminho oposto: o da natureza, do silêncio e da reconexão consigo mesmos. É o caso de Ivan Lúcio Cardoso, instrutor de mergulho recreativo e criador do projeto Ivan no Azul, que transforma cada saída ao mar em uma experiência de autoconhecimento para si e para quem o acompanha.

Ex-instrutor de voo, mineiro de Uberaba e com longa trajetória profissional em áreas distintas, Ivan encontrou no oceano o que procurava há anos. “Reaprendi a respirar”, diz ele sobre o mergulho. “Lá embaixo tudo acontece em slow motion. É como uma meditação. Não existe celular, não existe pressa.”

Depois de trabalhar em escritórios, na aviação e até no setor da estética,  onde começou a empreender ainda antes da pandemia, ele descobriu que seu verdadeiro projeto de vida estava na água. Hoje, atua entre Florianópolis, Fernando de Noronha e outras regiões do país conforme a temporada, levando crianças, jovens, adultos e idosos para vivenciar a sensação única de flutuar no mundo subaquático. “Já levei desde crianças de oito anos até senhoras com mais de 80. O mergulho é inclusivo. Não exige força física, exige presença.”

Essa presença, no entanto, tem sido cada vez mais difícil de encontrar. O Brasil vive um aumento expressivo de casos de ansiedade, solidão e esgotamento emocional, sobretudo entre jovens. Para Ivan, o mar pode ser justamente uma resposta a isso. “As pessoas estão saturadas do digital. Lá embaixo, você volta ao básico: respirar, olhar, sentir. É uma pausa real no ritmo frenético que alimentamos aqui em cima.”

A conexão das crianças com o oceano, diz ele, é um capítulo à parte. “Quando entro com elas na água, vejo nos olhos um encantamento que não aparece na tela de nenhum tablet. É uma energia pura, uma curiosidade que forma adultos mais conscientes.” O impacto ambiental também está sempre presente nas discussões, afinal o branqueamento dos corais e a redução da vida marinha são sinais diretos da crise climática.

Do ponto de vista do empreendedorismo, o caminho não foi simples. Ivan conta que cometeu erros por pressa e excesso de expectativa, algo comum a quem começa a empreender no Brasil. “Tudo tem um tempo. Não dá pra atropelar processos. No mergulho e na vida, precisamos encontrar ritmo.” Os acertos, segundo ele, vieram justamente da persistência e da capacidade de adaptar experiências anteriores.

“Empreender não é só sobre vender. É sobre criar algo que faça sentido pra você e pra quem está ao seu lado”, afirma. E esse sentido, para Ivan, nasce de um convite simples: desacelerar, ainda que por alguns minutos, ainda que a alguns metros de profundidade.

Em tempos de hiperestimulação, solidão crescente e pressões constantes, o empreendedor do mar oferece um caminho que parece, ao mesmo tempo, antigo e revolucionário: escutar o próprio corpo, respirar e se reconectar com o que é vivo, líquido e vasto. Para quem quiser acompanhar seu trabalho, Ivan está no Instagram como @ivan.noazul.

Assista a entrevista na íntegra: