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Irmãs democratizam mercado hipoalergênico no Brasil

Estima-se que atualmente 30% da população mundial tenha algum tipo de alergia, e projeções indicam que, em 20 anos, esse número pode chegar a 50%

Irmãs e empreendedoras Sarah e Julinha Lazaretti (Foto: Divulgação )

Beatriz Bevilaqua, 247 - O número de pessoas afetadas por alergias e doenças respiratórias tem crescido de forma alarmante nas últimas décadas, enquanto as mudanças climáticas intensificam ainda mais os sintomas. Diante desse cenário e motivadas por questões pessoais, as irmãs Sarah e Julinha Lazaretti uniram forças para criar produtos livres de substâncias nocivas, especialmente voltados para quem sofre com essas condições. A iniciativa ganhou ainda mais força quando Marina Lazaretti, filha de Sarah, enfrentava intensas crises de alergia.

A busca por produtos hipoalergênicos no mercado nacional revelou uma carência significativa, motivando as irmãs a fundarem a Alergoshop em 1993, pioneira no fornecimento desses produtos no Brasil. A franquia melhorou não apenas a vida de Marina, que hoje é uma adulta sem sintomas, mas também transformou o cenário nacional. Sarah, enfermeira obstétrica, e Julinha, bióloga especializada em alergia e imunologia, combinaram a experiência prática na saúde com o conhecimento científico, criando um mercado que até então não existia no Brasil.

Julinha viajou para os Estados Unidos com a missão de trazer produtos hipoalergênicos, como capas, acaricidas e outros itens especializados. No início, a importação era uma alternativa, mas os altos custos tornaram-na inviável. "Os preços eram muito caros, então começamos a produzir esses itens aqui no Brasil", explica Sarah.

"Os médicos não conheciam os produtos. Nós íamos aos congressos para apresentá-los, e eles ficavam desconfiados", relembra Julinha. "A maior dificuldade sempre foi a burocracia para montar uma empresa no Brasil, e até hoje continua sendo. Naquela época, nossa maior dificuldade era ter uma linha telefônica! Enfrentávamos problemas até com a vigilância sanitária, pois o Ministério da Saúde nem sabia o que era um produto hipoalergênico. Os desafios eram enormes, principalmente com os fornecedores e quando finalmente encontrávamos um, ele deixava de existir”.

"Éramos inexperientes e estávamos criando um mercado novo no Brasil, algo que não existia, e as pessoas não entendiam bem o que estávamos propondo. A área de alergias também não era tão desenvolvida como é hoje; nós crescemos junto com essa especialidade”, explica Sarah.

No início, quando fundaram a empresa, as irmãs contaram com parcerias de clínicas para testar os produtos. Hoje, no entanto, já existem laboratórios credenciados pela Anvisa que realizam esses testes conforme as necessidades de cada produto. No entanto, alguns experimentos não são realizados por esses laboratórios, o que leva buscar alternativas, como universidades. Atualmente, elas estão em contato com um laboratório da Universidade de Medicina para realizar alguns testes mais detalhados. “Embora esses testes demandem mais tempo, são essenciais para garantir a qualidade e a confiabilidade dos nossos produtos”, enfatizou Julinha.

Estima-se que atualmente 30% da população mundial tenha algum tipo de alergia, e projeções indicam que, em 20 anos, esse número pode chegar a 50%. As alergias de pele, como a dermatite de contato, que ocorre devido ao contato com produtos, têm registrado um aumento significativo. Além disso, a dermatite atópica, que afeta cerca de 20% das crianças, também segue em alta. O clima seco tem contribuído para o agravamento dessas condições, assim como o contato constante com substâncias alergênicas. A tendência é que o número de casos continue a crescer, não apenas devido às mudanças climáticas, mas também aos novos hábitos e costumes da sociedade.

Atualmente, a Alergoshop oferece um catálogo com mais de 240 produtos, todos livres de 95 substâncias prejudiciais ao nosso corpo. Comprometida com a ética e o meio ambiente, a empresa é 100% cruelty free e possui o selo oficial da Eureciclo. Assista à entrevista completa: