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Liderança com propósito reduz rotatividade e aumenta engajamento nas empresas brasileiras

Pesquisa da FGV aponta que organizações que cultivam cultura de confiança diminuem em até 25% a saída de colaboradores e melhoram produtividade

Liderança com propósito reduz rotatividade e aumenta engajamento nas empresas brasileiras (Foto: Reprodução/Freepik )

247 - A alta rotatividade de profissionais continua sendo um dos maiores desafios enfrentados pelas empresas brasileiras. Segundo pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV), organizações que estruturam uma cultura sólida e baseada na confiança conseguem reduzir em até 25% a saída de colaboradores, gerando ganhos expressivos em produtividade e estabilidade organizacional.

Nesse cenário, a liderança com propósito se destaca como elemento central para a retenção de talentos. Alexandre Slivnik, especialista em excelência de serviços, vice-presidente da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD) e professor convidado do MBA de Gestão Empresarial da FIA/USP, reforça a importância de líderes alinhados a valores claros: “O colaborador deve enxergar sentido no trabalho e perceber que sua atuação está conectada a algo maior. Quando líderes agem com propósito, eles inspiram equipes, aumentam o engajamento e criam ambientes onde as pessoas querem permanecer”.

Slivnik observa que empresas que não valorizam o capital humano tendem a enfrentar maior rotatividade. “O cliente encantado é reflexo de uma equipe encantada. Líderes que atuam com propósito genuíno não só retêm talentos, como ampliam a capacidade de oferecer experiências memoráveis aos clientes”, afirma.

Estudos internacionais reforçam esse impacto. O relatório The Top 20 Business Transformations of the Last Decade, publicado pela Harvard Business Review, analisou empresas que passaram por processos de inovação e crescimento sustentado e identificou que a incorporação de um propósito maior à cultura organizacional foi determinante para guiar decisões estratégicas e dar clareza às equipes.

No Brasil, a pressão por resultados de curto prazo ainda leva muitas organizações a negligenciar esse aspecto. Entretanto, a perda de talentos representa um custo elevado: substituir um colaborador pode custar até o dobro de seu salário anual, considerando gastos com recrutamento, treinamento e a queda de produtividade durante o período de adaptação.

Para mitigar esse cenário, Slivnik recomenda que líderes atuem como exemplos vivos do propósito da empresa, reforçando valores como ética, empatia e engajamento. “O engajamento de uma equipe sempre seguirá a lei da gravidade: vem de cima para baixo. Quando o líder está conectado ao propósito, contagia a equipe. Caso contrário, a cultura se perde e a rotatividade aumenta”, explica.

Além disso, a implementação de programas de desenvolvimento de liderança se mostra estratégica. A pesquisa da FGV sobre confiança organizacional apontou que empresas que investem nesse tipo de capacitação registram aumento de 32% na produtividade e conseguem reduzir significativamente a saída de colaboradores.

Slivnik conclui que a liderança com propósito vai além de uma tendência: é uma resposta prática a um mercado marcado por incertezas e desafios de engajamento. “Quando colaboradores encontram significado no que fazem, eles se tornam embaixadores da empresa. Essa é a forma mais sólida de garantir retenção, engajamento e crescimento sustentável”, finaliza.