Mel do Vale do Paraíba conquista indicação geográfica e fortalece identidade regional
Reconhecimento do INPI valoriza tradição centenária, impulsiona turismo e garante mais competitividade ao mel produzido no interior paulista
247 - O Vale do Paraíba acaba de conquistar um marco histórico para a sua produção agrícola: o mel da região recebeu a Indicação Geográfica (IG) na categoria Indicação de Procedência (IP), concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Com o reconhecimento, o produto passa a integrar o seleto grupo das 141 IGs brasileiras e se junta aos sete registros já existentes para o mel no país. A informação foi divulgada pelo Sebrae.
Para Hulda Giesbrecht, coordenadora de Tecnologias Portadoras de Futuro do Sebrae, o selo representa muito mais que um atestado de qualidade. “É o reconhecimento de um trabalho coletivo que atravessa gerações e coloca o Vale do Paraíba no mapa dos melhores méis do Brasil”, afirmou.
Ela ressalta também o impacto direto para os produtores e para a economia regional: “O produto ganha ainda mais valor e se torna uma vitrine para o turismo de experiência. Agora, quem visitar a região poderá saborear um mel com origem, identidade e muito carinho por trás de cada gota”.
Tradição centenária
O reconhecimento é resultado de décadas de dedicação, tradição e pesquisa. A prática da apicultura no Vale do Paraíba remonta ao início do século XX, introduzida pelos monges trapistas, e desde então consolidou-se em uma cadeia produtiva que une conhecimento científico e saber popular.
O setor ganhou força a partir de 2013, com o reconhecimento do Arranjo Produtivo Local (APL) do mel, que ampliou a produção e garantiu maior renda às famílias envolvidas. Em 2017, a região registrou 31 toneladas produzidas, com mais de 300 apicultores atuando nos 35 municípios que hoje fazem parte da IG.
A governança da marca é liderada pela Associação Socioeducativa de Pequenos Produtores Rurais de Redenção da Serra, responsável por defender os interesses locais e assegurar que a identidade do mel seja preservada.
Produção artesanal e sustentável
Grande parte dos apiários do Vale do Paraíba possui menos de 20 colmeias, o que mantém a produção artesanal e garante qualidade diferenciada. Além de movimentar a economia e fortalecer a renda familiar, a apicultura tem papel relevante na preservação ambiental, já que contribui para a biodiversidade da região.
O mel carrega histórias de trabalho familiar e práticas sustentáveis, unindo tradição e inovação. Essa combinação tornou o produto um símbolo de identidade regional e um atrativo para o turismo gastronômico e rural.
Brasil e a valorização do mel
Atualmente, o Brasil conta com sete Indicações Geográficas de mel e duas de própolis. O primeiro registro foi o Mel do Pantanal, em 2015, seguido por Ortigueira (PR) e Oeste do Paraná. Em 2021, o Mel do Planalto Sul Brasileiro conquistou a Denominação de Origem (DO), assim como o Mel do Norte de Minas, em 2022.
Neste ano, além do Mel do Vale do Paraíba (SP), também foi reconhecido o Mel de Aroeira dos Inhamuns (CE), valorizando a produção no semiárido nordestino e reforçando a diversidade da apicultura nacional.
