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Microecossistemas desafiam empresas tradicionais e atraem 27% mais capital de risco no mundo

Redes colaborativas que unem startups, especialistas e comunidades ganham espaço e reforçam descentralização e agilidade no mercado global

Microecossistemas desafiam empresas tradicionais e atraem 27% mais capital de risco no mundo (Foto: Anna Bizon/Freepik )

247 - O modelo de negócios baseado em grandes estruturas hierárquicas está perdendo espaço para redes ágeis e descentralizadas. É o que aponta um relatório da CB Insights, de 2024, que registrou crescimento de 27% no volume global de venture capital destinado a modelos colaborativos, como os microecossistemas. A tendência, já consolidada em polos de inovação como Vale do Silício, China e Europa, também começa a ganhar tração no Brasil.

A informação foi destacada pelo portal CB Insights, e repercutida por Filipe Bento, fundador e CEO do Atomic Group, que defende que a lógica empresarial está mudando de forma acelerada. “O microecossistema cresce com ou sem o fundador, porque se apoia na inteligência coletiva e no propósito compartilhado, não em hierarquias rígidas”, afirma o executivo.

Na visão de Bento, a descentralização é a chave para enfrentar consumidores cada vez mais exigentes e dinâmicos. “O mercado global vive uma era de descentralização e inteligência artificial, em que as empresas precisam escalar com rapidez e flexibilidade para atender consumidores mais exigentes e dinâmicos”, completa.

Os microecossistemas funcionam como redes vivas, formadas por startups, especialistas, canais, plataformas e comunidades, conectados por um propósito comum e pela troca constante de valor, aprendizado e resultados. Ao contrário dos ecossistemas tradicionais, que ainda dependem de uma estrutura central, esse novo formato elimina a centralização e privilegia a colaboração horizontal.

Entre as vantagens apontadas estão a possibilidade de escalar sem inflar custos fixos, a inovação contínua – já que todos os membros contribuem com soluções e insights – a resiliência, ao compartilhar riscos em rede, e a velocidade, com decisões fluindo sem a burocracia típica das empresas tradicionais.

O papel do fundador nesses ambientes também se transforma: em vez de liderar pelo microgerenciamento, atua como orquestrador, conectando pontos estratégicos e sustentando a visão do grupo. “O empreendedor não quer mais ser dono de estrutura. Quer ser dono de resultados”, resume Bento.

No Brasil, o movimento ganha força. Dados da Endeavor e da ABStartups indicam que o mercado de startups, hubs de inovação e corporate venture movimentou R$ 98 bilhões em 2024. Só no primeiro trimestre daquele ano, as startups brasileiras receberam US$ 1,24 bilhão em aportes, segundo o Distrito. “Isso mostra que cada vez mais empresas migram de aquisições tradicionais para modelos de parcerias e cocriação, característicos dos microecossistemas, pela flexibilidade e velocidade que oferecem”, reforça Bento.

Globalmente, os setores de inteligência artificial, saúde, varejo e fintechs lideram a adoção dos microecossistemas. A análise da CB Insights reforça que eles já são peça central da nova economia de inovação, apontando para uma mudança estrutural no modo como negócios se organizam e prosperam.