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Modelos enxutos sustentam crescimento do franchising no Brasil

Setor supera o PIB, alcança mais de R$ 240 bilhões em faturamento e aposta em modelos enxutos, digitais e com maior suporte ao franqueado

Modelos enxutos sustentam crescimento do franchising no Brasil (Foto: Freepik/Dmytro Sheremeta)

247 - Mesmo em um cenário marcado por oscilações econômicas e mudanças no comportamento do consumidor, o mercado de franquias continua apresentando desempenho positivo no Brasil. O setor encerrou 2024 com faturamento superior a R$ 240 bilhões, crescimento acima do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, além de avanço no número de redes e de unidades em operação.

Os dados fazem parte da Pesquisa de Desempenho do Setor divulgada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), que aponta como principais vetores desse resultado a adoção de modelos mais enxutos, o fortalecimento de operações digitais e a atuação de redes que oferecem suporte estruturado e contínuo aos franqueados.

Esse contexto reacende uma pergunta frequente entre empreendedores e investidores: ainda vale a pena apostar em uma franquia em 2026? Para especialistas, a resposta passa por uma análise criteriosa de três aspectos fundamentais: a solidez da marca, a capacidade de transferência de know-how e a escalabilidade do modelo de negócios. Redes que conseguem equilibrar padronização com acompanhamento próximo tendem a mitigar riscos e acelerar o retorno do investimento.

Segundo Kleber Amora, especialista em estratégia empresarial e CEO da Berry Consultoria, a busca por franquias cresce em momentos de maior incerteza econômica, quando investidores priorizam previsibilidade. “Em momentos de incerteza, o investidor procura por modelos já testados. A franquia oferece um caminho mais seguro porque transfere conhecimento, reduz erros operacionais e encurta a curva de aprendizado. O que define o sucesso não é apenas a marca, mas o quanto o franqueado recebe de suporte para operar com consistência”, afirma.

Levantamentos recentes da ABF também indicam uma mudança no perfil do franqueado brasileiro. Há crescimento no número de profissionais em transição de carreira, jovens empreendedores e investidores interessados em negócios digitais ou com baixo custo operacional. Nesse cenário, ganham destaque os modelos home based e de serviços, especialmente nas áreas de consultorias, educação corporativa, bem-estar e soluções empresariais, que se caracterizam pela escalabilidade e por exigirem menor investimento inicial.

Outro fator relevante é a maior longevidade das franquias em comparação às empresas independentes. De acordo com dados do Sebrae, mais de 50% dos negócios fora do sistema de franquias encerram as atividades nos primeiros cinco anos. Já as franquias apresentam índices de fechamento inferiores, reflexo de um ambiente mais padronizado, orientado por processos e sustentado por metodologias consolidadas.

Essa tendência também pode ser observada na expansão de redes nacionais. Nos últimos três anos, a Berry registrou crescimento consecutivo e alcançou a marca de 100 escritórios franqueados em todo o país. O avanço reforça o interesse do mercado por modelos de serviços, sobretudo aqueles que permitem operação em formato home based e oferecem retorno mais rápido sobre o investimento.

“O mercado tem procurado modelos mais enxutos, com implementação rápida e suporte próximo. Franquias de serviços permitem operação estruturada sem grandes custos fixos, o que se torna particularmente relevante quando o empreendedor busca equilíbrio financeiro no curto prazo”, reforça Amora.

Para 2026, a ABF projeta a continuidade desse movimento de expansão, com protagonismo dos segmentos de serviços, educação, saúde, bem-estar e consultorias empresariais. A demanda por soluções acessíveis, digitais e escaláveis deve sustentar o avanço do franchising no país, mesmo diante de um ambiente econômico desafiador.

Ainda assim, especialistas alertam que a decisão de investir em uma franquia exige análise aprofundada e alinhamento de expectativas. “A franquia pode ser um excelente caminho, mas não é automática. É essencial avaliar o histórico da rede, a transparência dos indicadores e a capacidade real de transferência de conhecimento. Quando existe alinhamento entre perfil do investidor e o modelo de operação, o potencial de crescimento é muito maior”, conclui o especialista.