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Pesquisa revela abismo de confiança entre líderes e equipes no ambiente corporativo

Estudo da Sólides com a Offerwise mostra que líderes acreditam ter credibilidade, mas grande parte dos colaboradores não compartilha dessa visão

Pesquisa revela abismo de confiança entre líderes e equipes no ambiente corporativo (Foto: Freepik)

247 - A confiança entre líderes e liderados ainda é um desafio no ambiente corporativo brasileiro. É o que aponta o estudo inédito “Panorama Gestão de Pessoas – Liderança”, realizado pela Sólides em parceria com a Offerwise, que ouviu gestores e colaboradores de empresas de diferentes portes e setores em todo o país. Enquanto 76% dos líderes afirmam acreditar na confiança de suas equipes, apenas 57% dos colaboradores confirmam esse sentimento. O levantamento revela uma discrepância de percepções que pode comprometer engajamento e resultados.

Outro ponto de divergência está na comunicação. De acordo com a pesquisa, 63% dos gestores se consideram sempre abertos ao diálogo com suas equipes, mas 59% dos colaboradores não sentem que suas opiniões são efetivamente ouvidas. Para Távira Magalhães, diretora de RH (CHRO) da Sólides, os números reforçam a necessidade de alinhar expectativas. “As empresas precisam compreender que a qualidade da relação entre líderes e equipes impacta diretamente no engajamento e nos resultados. Existe um espaço claro para evolução e para alinhar percepções, fortalecendo a confiança mútua”, afirma.

O levantamento também mostra como a habilidade de mediação de conflitos é percebida de maneira distinta. Entre os líderes, 64% acreditam estar preparados para lidar com tensões no time, mas apenas 40% dos colaboradores avaliam essa competência como excelente. Para Magalhães, investir em desenvolvimento de liderança que contemple tanto habilidades técnicas quanto inteligência emocional é essencial para superar esse descompasso.

As expectativas de carreira também ganharam destaque. Quase metade dos colaboradores (49%) demonstrou interesse em ocupar cargos de liderança no futuro, com maior entusiasmo entre os jovens de 18 a 24 anos (61%). Já entre profissionais de 35 a 44 anos, 42% ainda não têm clareza se desejam assumir essa função. “A pesquisa mostra que as novas gerações estão motivadas a liderar, mas também traz reflexões importantes sobre os desafios e pressões que essa função carrega”, observa a diretora da Sólides.

Do lado dos gestores, os principais obstáculos apontados foram manter a motivação contínua das equipes (21%), lidar com conflitos internos (12%) e desenvolver e reter talentos (11%). Já os colaboradores destacam que seus líderes precisam melhorar sobretudo no cuidado com saúde mental e bem-estar (18%) e no desenvolvimento de pessoas (13%).

O tema da saúde mental, aliás, continua sendo um ponto delicado. Embora 92% dos gestores digam estar confortáveis em tratar do assunto, apenas 61% dos colaboradores compartilham dessa percepção. Para um terço deles, o tema ainda é tabu. “Esse dado é um alerta. Precisamos criar ambientes onde esse diálogo aconteça de forma genuína e sem estigmas”, reforça Magalhães. Em contrapartida, há sinais positivos quanto ao equilíbrio entre vida pessoal e trabalho: 62% dos líderes e 57% dos colaboradores sentem que esse limite é respeitado.

O estudo também traçou o perfil médio dos participantes. Os líderes têm salário médio de R$ 8.361,82, ocupando cargos que variam de supervisores a diretores e C-Levels. Já os colaboradores recebem em média R$ 2.913,14, com predominância em funções de assistente, analista e especialista.

Metodologia
A pesquisa “Panorama Gestão de Pessoas – Liderança” foi realizada entre 16 de junho e 4 de julho de 2025 por meio de questionário online, com 657 respondentes do painel Offerwise. A amostra incluiu líderes (53%) e colaboradores (47%), homens (38%) e mulheres (62%), maiores de 18 anos, de diferentes classes sociais e áreas de atuação em empresas espalhadas por todo o Brasil.