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Projeto capacita indígenas Haliti-Paresi para impulsionar turismo regenerativo no Mato Grosso

Iniciativa do Instituto Samaúma e Instituto Bancorbrás forma 48 pessoas e cria cinco roteiros sustentáveis na Terra Indígena Haliti-Paresi

Turismo regenerativo fortalece cultura e economia do povo Haliti-Paresi no Mato Grosso (Foto: Divulgação )

247 - Uma iniciativa que une sustentabilidade, geração de renda e valorização cultural vem transformando o turismo na Terra Indígena Haliti-Paresi, em Tangará da Serra (MT). De acordo com informações do Instituto Samaúma, a formação “Rumo ao Turismo Regenerativo” capacitou 48 pessoas de cinco aldeias para atuar em experiências de turismo de base comunitária, voltadas à regeneração do território e à autonomia econômica dos povos indígenas.

Realizada ao longo de dez semanas, a ação é resultado de uma parceria entre o Instituto Samaúma e o Instituto Bancorbrás (IB), com o apoio da Prefeitura de Tangará da Serra. O encerramento do projeto ocorreu no último dia 4 de outubro, marcando o início das atividades dos novos roteiros turísticos desenvolvidos pelos próprios indígenas.

“Buscamos complementar a formação que já havia sido feita junto ao povo Haliti-Paresi, atendendo a uma demanda dos próprios indígenas: de efetivamente começarem a receber visitantes”, explicou Daniel Cabrera, diretor executivo do Instituto Samaúma e da Vivalá - Turismo Sustentável no Brasil. “Atuamos fortemente na promoção e distribuição do etnoturismo, reformulando os roteiros para adequá-los à demanda de mercado e, ao mesmo tempo, intensificando o impacto regenerativo das atividades.”

Turismo como vetor de regeneração e renda

Em junho, a primeira expedição organizada após o início do projeto movimentou R$ 7.956,44 em produtos e serviços de base comunitária. A expectativa é de que, até o fim de 2025, esse valor ultrapasse R$ 20 mil, com novas viagens programadas para novembro e dezembro. A projeção indica que, a partir de 2026, o montante pode superar R$ 70 mil, consolidando o turismo regenerativo como uma das principais fontes de renda local.

O Instituto Bancorbrás, investidor da iniciativa, destaca que o projeto está alinhado ao seu propósito de fortalecer um ecossistema turístico mais responsável. “O projeto Rumo ao Turismo Regenerativo reforça o compromisso do Instituto Bancorbrás em investir em iniciativas que geram impacto positivo real para comunidades e para o meio ambiente”, afirmou a instituição. “Ao apoiar o desenvolvimento do etnoturismo junto ao povo Haliti-Paresi, fortalecemos a autonomia local e a preservação cultural, além de reafirmar a responsabilidade socioambiental do Grupo Bancorbrás.”

Roteiros valorizam cultura e preservação ambiental

Durante o processo de capacitação, os participantes desenvolveram cinco novos roteiros, com atividades detalhadas, alimentação, hospedagem, locomoção e precificação. Alguns pacotes têm curta duração — de um a dois dias — e são voltados especialmente a escolas. Neles, estudantes podem participar de oficinas de pintura corporal, práticas com arco e flecha, esportes tradicionais, aulas do idioma Aruak e vivências sobre a história da aldeia e a tecelagem indígena.

Outros roteiros, de cinco dias e quatro noites, foram pensados para turistas interessados em etnoturismo e experiências imersivas. Nessas expedições, os visitantes participam de trilhas, banhos de rio e noites de contação de histórias ao redor da fogueira, dormem em casas indígenas e degustam a culinária tradicional Haliti-Paresi.

Além das vivências culturais, a sustentabilidade foi prioridade em todas as etapas da formação. Foram elaboradas soluções de saneamento ecológico e captação de água, buscando evitar impactos ambientais. A iniciativa também contribui para o resgate da tradição e para o fortalecimento da identidade cultural do povo Paresí. O nível de satisfação dos participantes foi medido por meio do índice NPS (Net Promoter Score), que registrou nota média de 8,9.

Divulgação e profissionalização

A etapa final da capacitação incluiu a criação de materiais de divulgação, como folhetos, apresentações e cartazes, voltados tanto ao público final quanto a parceiros do setor turístico. Por meio da Área de Parceiros Vivalá, a primeira plataforma de afiliados de turismo sustentável do Brasil, agências e agentes de viagens podem acessar os roteiros em tempo real, consultar calendários, valores de comissão e obter fotos e vídeos profissionais.

Formação prática e acompanhamento contínuo

As atividades foram conduzidas sob a metodologia da Universidade Vivalá de Negócios, com mais de 10 mil horas de aplicação e mais de 700 empreendedores comunitários já formados. Todos os módulos foram 100% práticos e realizados on-line, com conteúdos disponibilizados semanalmente e encontros síncronos aos sábados. A equipe técnica manteve dois facilitadores disponíveis para suporte contínuo, e o acompanhamento das comunidades seguirá até fevereiro de 2026.

O projeto integra o movimento Menanehaliti, termo em Aruak que significa “continuidade sem fim” — um nome que simboliza a visão de futuro dos Haliti-Paresi para o turismo regenerativo. A proposta é garantir que o desenvolvimento das atividades turísticas ocorra de forma estruturada, com os povos indígenas no centro das decisões, protagonizando um modelo que une conservação ambiental, geração de renda e valorização cultural.