Queda no número de leitores no Brasil desafia mercado editorial
Levantamento revela que 6,7 milhões de leitores deixaram de consumir livros desde 2020, impulsionando iniciativas para revitalizar o setor
247 - O hábito da leitura tem perdido espaço no Brasil, revelando um desafio crescente para o mercado editorial. De acordo com a edição 2024 da Pesquisa Retratos da Leitura, divulgada recentemente, o país perdeu 6,7 milhões de leitores desde 2020. O levantamento mostra que 53% dos entrevistados não leram sequer parte de um livro nos três meses anteriores à pesquisa, seja ele impresso ou digital, incluindo didáticos e religiosos. As informações são da Agência Sebrae de Notícias.
Para especialistas, o cenário reflete não apenas a concorrência com novas formas de entretenimento, mas também a necessidade de estratégias inovadoras para incentivar a leitura e fortalecer o setor editorial. “As mudanças precisam aparecer”, alerta Nathalia Azevedo, analista de projetos de Economia Criativa do Sebrae/RJ. A crise no setor já se arrasta há anos, com as editoras registrando uma queda real de 43% no faturamento desde 2006.
Buscando alternativas para reverter esse quadro, o Sebrae/RJ criou o projeto Mercado Editorial e Literatura Criativa, que desde 2023 já apoiou mais de 150 pequenas editoras no estado. A iniciativa visa facilitar o acesso ao mercado e ampliar o faturamento de editoras independentes, promovendo ações estratégicas para conectar escritores, editores e leitores.
Uma das beneficiadas pelo projeto foi Maria Ines Machado, cofundadora da Perguntar Editora, especializada em publicações infantis e juvenis. Para ela, a valorização da bibliodiversidade e a segmentação de mercado são caminhos para o fortalecimento das editoras independentes. “Hoje se fala muito em bibliodiversidade; diferentes projetos editoriais são buscados. Pode ser feita a opção por publicações nichadas – o que é perfil de muitas pequenas editoras. É estabelecer identidade editorial, achar o seu lugar de expressão, o seu público, as formas de atingir o leitor pautado”, afirma.
Além do suporte estratégico, o Sebrae/RJ também oferece espaço para que pequenos editores participem de eventos do setor, como a Primavera do Livro e a Feira Literária de Paraty. Segundo Maria Ines, essa conexão com outros profissionais é essencial para o crescimento das editoras independentes. “Conhecer e dialogar com outros pequenos editores traz insights, amadurece nossas ideias, oportuniza atitudes de companheirismo. Os profissionais do Sebrae, com quem dialogamos nesses processos, são todos de uma presteza enorme. O Sebrae é um parceiro incrível para todos nós, pequenos editores”, destaca.
Diante dos desafios impostos pelo novo comportamento dos leitores, a reinvenção do setor se torna urgente. Nathalia Azevedo lista algumas estratégias essenciais para editores que desejam se destacar no mercado: diversificação dos conteúdos, acessibilidade, fortalecimento da relação com o consumidor final, investimento no formato digital e participação em eventos do setor.
