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Robô brasileiro combate cegueira global em regiões remotas

Portátil e movido à bateria, a startup Adam Robô já realizou mais de dois milhões de testes de visão no Brasil e em outras regiões do mundo

Juliano Santos, criador do Adam Robô (Foto: Divulgação )

Beatriz Bevilaqua, 247 - A cada cinco segundos, uma pessoa fica cega no mundo, e a cada minuto, uma criança perde a visão, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mais de 80% dos casos poderiam ser evitados com diagnóstico precoce e tratamento adequado.

No episódio desta semana do programa “Empreender Brasil”, na TV 247, o entrevistado é Juliano Santos, criador do Adam Robô, um dispositivo inovador que utiliza inteligência artificial para prevenir a cegueira de forma acessível e simples. O equipamento promete revolucionar o acesso à saúde ocular, especialmente em regiões remotas e carentes de atendimento oftalmológico.

“A cegueira é um dos maiores desafios que alguém pode enfrentar. Queríamos oferecer um teste de visão preventivo e eficaz para combater esse problema global”, afirma Juliano Santos.

O pequeno robô já realizou mais de dois milhões de testes de visão no Brasil e em outras regiões do mundo. Portátil e movido a bateria, ele pode ser levado a comunidades remotas sem necessidade de conexão com a internet, permitindo que pessoas sem acesso a oftalmologistas tenham suas condições visuais avaliadas. 

Seu modelo Adam A1 atende público de 13 a 100 anos, oferecendo um teste rápido e de fácil manuseio, pesando apenas 1,9 kg. A iniciativa já chegou na República Democrática do Congo e Costa do Marfim, na África. Na América Latina, o projeto também alcançou Paraguai, Argentina e Uruguai, enquanto, no Brasil, atende diversas regiões, incluindo Rondônia e Paraná.

Em Rondônia, um cliente localizado próximo à Floresta Amazônica solicitou um robô impermeável para proteger os equipamentos utilizados em ações realizadas em barcos, que podem virar e danificar os aparelhos. No Paraná, o trabalho também se estende às comunidades indígenas na região metropolitana de Curitiba.

A startup conta com apoio do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e parcerias com óticas e clínicas de saúde popular. Um dos principais focos é atender também crianças nas escolas, pois cerca de 30% da evasão escolar no Brasil está relacionada a problemas de visão. “Se uma criança tem dificuldade para enxergar, ela pode perder o interesse nos estudos, ter baixo rendimento e acabar abandonando a escola”, alerta Juliano.

O desenvolvimento do robô já ultrapassou R$ 5 milhões em investimentos, valor que será atualizado em 2025.  Esse ano a empresa apresentará oito novas versões do equipamento e abrirá a pré-venda. Grande parte dos recursos continua sendo destinado à pesquisa e desenvolvimento, contando com uma equipe de cerca de 30 profissionais, atuando presencialmente e em modelo híbrido.

Atualmente, o Adam Robô pode ser adquirido de três formas: compra direta, locação ou prestação de serviço. O modelo A1, principal versão do equipamento, custa R$ 38 mil para compra e pode ser alugado por R$ 470 mensais. A locação é uma opção acessível para empresas como óticas, que utilizam o robô para atrair clientes e oferecer exames com atualizações e assistência técnica inclusas.

Já a prestação de serviço é voltada para governos e prefeituras. A empresa pode ser contratada para realizar grandes volumes de testes de visão. “Nesse modelo, a equipe monta operações locais, treinando profissionais da região e garantindo alto nível de qualidade nos resultados. Além de fornecer diagnósticos detalhados, a empresa também assessora prefeituras na formulação de políticas públicas para saúde visual”, explicou.  

A Adam Robô  realizou na última semana uma ação em Morretes, no Paraná, em parceria com o governo do Estado. Durante a ação, realizaram testes de visão na população, pois a cidade não conta com oftalmologista. “Encontramos pessoas de 60, 65 anos que nunca haviam passado por um exame oftalmológico. Isso é mais comum do que se imagina e mostra como os problemas de visão estão crescendo e precisam ser tratados”, disse.

No Brasil, há cerca de 15 mil oftalmologistas, profissionais que levam de 9 a 13 anos para se formar e são especializados em cirurgias, exames e tratamentos. No entanto, esses profissionais precisam atender uma população de 210 milhões de pessoas, enfrentando um aumento nos problemas de visão causados por fatores externos como o uso excessivo de telas e poluição atmosférica.

A startup busca colaboração do setor público para democratizar ainda mais o acesso ao dispositivo. “Nosso país já teve o programa ‘Olhar Brasil’ na gestão do presidente Lula, que atendeu milhões de pessoas. Hoje, com tecnologia avançada, poderíamos fazer ainda mais em menos tempo e com menos recursos”, sugere Juliano.

Assista a entrevista na íntegra: