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Sebrae lança relatório que denuncia desigualdade no acesso a crédito para mulheres empreendedoras

Documento será apresentado nesta sexta (4), durante plenária da Aliança Empresarial de Mulheres do BRICS, no Rio de Janeiro

Sebrae lança relatório que denuncia desigualdade no acesso a crédito para mulheres empreendedoras (Foto: Freepik)

247 - O Sebrae lança nesta sexta-feira (4) o relatório “Mulheres empreendedoras em movimento: superando barreiras de crédito”, durante a plenária anual da Aliança Empresarial de Mulheres do BRICS (WBA, na sigla em inglês), que ocorre no Museu de Arte do Rio (MAR), na capital fluminense. A publicação foi produzida no âmbito da presidência brasileira da Aliança, coordenada em 2024 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A notícia foi divulgada originalmente pelo Sebrae.

O relatório analisa os desafios enfrentados por mulheres na hora de acessar crédito para seus negócios e aponta como essas barreiras limitam não apenas o crescimento de empreendimentos liderados por elas, mas também o desenvolvimento econômico mais amplo. Segundo o programa internacional Women’s Wealth, se mulheres tivessem as mesmas condições que os homens para empreender, o Produto Interno Bruto (PIB) global poderia crescer entre 3% e 6%, o que representa um acréscimo de até US$ 5 trilhões na economia mundial.

Apesar desse potencial, dados do Sebrae revelam uma realidade desigual: mulheres que comandam pequenos negócios no Brasil enfrentam taxas de juros médias de 29,3% ao ano — significativamente maiores que os 20,3% cobrados de empresas lideradas por homens. Além disso, o valor médio dos empréstimos concedidos a elas é R$ 13 mil inferior.

Essa disparidade é agravada por fatores sociais, como a sobrecarga com tarefas domésticas, que consome, em média, 21,4 horas semanais das brasileiras. As barreiras enfrentadas pelas empreendedoras incluem, ainda, exigência de garantias que muitas não possuem, burocracia excessiva e discriminação estrutural.

“No Brasil, por exemplo, as mulheres pagam taxas de juros mais altas e recebem valores de empréstimo menores que os homens. Essa realidade impede que muitas mulheres transformem suas ideias em negócios prósperos, limitando seu potencial de geração de renda e emprego”, afirmou Margarete Coelho, diretora de Administração e Finanças do Sebrae.

Para a chair global da WBA, Mônica Monteiro, dar visibilidade a esse cenário é essencial para provocar mudanças: “Este relatório reúne dados, análises e recomendações que apontam caminhos concretos para ampliar o acesso ao crédito e fortalecer o papel das mulheres na economia. Nosso objetivo é provocar ação — por parte de governos, empresas e da sociedade — para que mais mulheres tenham condições reais de transformar suas ideias em negócios sustentáveis e de impacto, apoiando o desenvolvimento inclusivo e sustentável nos países do bloco”.

O relatório também apresenta iniciativas em andamento que buscam reverter esse quadro, como a “Caravana Sebrae Delas” e o uso do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe) para oferecer garantia integral a empréstimos solicitados por negócios liderados por mulheres. Além disso, o Sebrae desenvolve programas de capacitação e mentoria voltados para esse público.

“Mulheres com negócios prósperos podem investir mais em suas famílias, em educação e saúde, gerando um ciclo virtuoso de desenvolvimento. Isso é particularmente relevante no contexto brasileiro, onde as desigualdades de gênero e raça ainda são marcantes”, reforçou Margarete Coelho.

A publicação recomenda ainda uma abordagem integrada, com sensibilidade de gênero, para promover o acesso ao crédito. Entre as soluções estão o incentivo à inovação aberta, parcerias com grandes empresas, uso de tecnologia para facilitar o acesso a serviços financeiros e cooperação entre setor público, privado e organizações da sociedade civil.

"A criação desse material representa um marco importante para a nossa participação no BRICS e para o fortalecimento da imagem do Sebrae como referência no apoio ao empreendedorismo feminino", avaliou Geórgia Nunes, gerente de Empreendedorismo Feminino, Diversidade e Inclusão do Sebrae. “Essa publicação contribuirá para o debate qualificado sobre inclusão financeira e servirá de base para políticas públicas e programas de apoio mais alinhados às reais necessidades das empreendedoras”, completou.

A plenária da WBA é um evento preparatório para o Fórum Empresarial do BRICS e a Cúpula de Chefes de Estado, que também ocorrem no Brasil. A Aliança tem como missão ampliar a inserção econômica de mulheres e promover a cooperação entre empresárias dos países-membros, com foco no desenvolvimento sustentável e na redução das desigualdades sociais e econômicas.