Serra do Mel recebe IG e amplia reconhecimento da castanha de caju
Indicação de Procedência fortalece produtores, amplia exportações e reforça o papel do Sebrae na cadeia da castanha potiguar
247 - A castanha de caju produzida em Serra do Mel, no Rio Grande do Norte, passou a integrar oficialmente o mapa das Indicações Geográficas (IGs) do Brasil ao receber, na modalidade Indicação de Procedência (IP), o primeiro registro voltado ao setor. As informações são do Sebrae-RN, que atua diretamente na reestruturação da cadeia produtiva e no suporte técnico aos produtores locais.
Criado nos anos 1970 como um projeto de colonização agrícola, o município desenvolveu condições ideais para a cajucultura, combinando solo propício, clima favorável e forte presença da agricultura familiar. Hoje, Serra do Mel desponta como o maior produtor de castanha do estado, com aproximadamente 13 mil hectares cultivados, forte presença de agroindústrias de pequeno porte e um volume expressivo de exportações — mais de 80% do produto beneficiado segue para o mercado externo. A atividade também impulsiona o turismo regional, especialmente por meio da tradicional Festa do Caju, que consolidou a cidade como a “Capital da Castanha”.
A atuação do Sebrae na região tem sido determinante para essa consolidação. A instituição oferta capacitações, consultorias e incentiva o cooperativismo, fortalecendo as etapas de produção, beneficiamento e comercialização. Para o Sebrae-RN, o reconhecimento da IG representa um marco estratégico. “O reconhecimento da Indicação de Procedência é fruto de um esforço conjunto e representa um importante estímulo ao fortalecimento da cadeia produtiva local e regional, além de se consolidar como uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento local”, afirma Hulda Giesbrecht, coordenadora de Tecnologias Portadoras de Futuro da Unidade de Inovação do Sebrae.
Uma das apostas recentes dos produtores foi a reativação, no primeiro semestre deste ano, da Cooperativa de Beneficiamento Artesanal de Castanha de Caju do Rio Grande do Norte (Coopercaju). A iniciativa busca reorganizar a cadeia produtiva e reposicionar Serra do Mel entre os principais polos de cajucultura do país. “Estamos muito otimistas. Já estamos buscando mercado para garantir o escoamento da produção”, destaca o presidente da cooperativa, Alexsandro Dantas. Ele ressalta ainda a importância do apoio institucional: “O Sebrae tem sido fundamental nesse processo, nos orientando e dando total apoio”.
Em todo o Brasil, o Sebrae desempenha papel central na consolidação das Indicações Geográficas, oferecendo capacitação, organizando a governança e estruturando cadeias produtivas. Segundo a instituição, o selo pode elevar de forma significativa o valor de mercado dos produtos, chegando em alguns casos a uma valorização de até 300%. Um dos exemplos mais emblemáticos é o socol de Venda Nova do Imigrante (ES), reconhecido como Indicação de Procedência e hoje referência nacional.
O que são as Indicações Geográficas
O Brasil conta atualmente com 157 Indicações Geográficas reconhecidas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), sendo 117 Indicações de Procedência (116 nacionais e 1 estrangeira) e 41 Denominações de Origem — 31 nacionais e 10 estrangeiras.
A Indicação de Procedência se refere a localidades cujo nome se associou a um polo de produção ou fabricação de determinado produto. Já a Denominação de Origem exige uma relação intrínseca entre o produto e seu território, incluindo fatores naturais e humanos que resultam em características únicas.
O novo registro para Serra do Mel reforça a importância econômica, cultural e histórica da cajucultura potiguar — e indica um futuro ainda mais promissor para a castanha que já se tornou símbolo da região.
