Benedita da Silva critica impunidade e defende política nacional de inteligência: “Segurança não é guerra”
Deputada afirma que Estado falha na proteção das mulheres e das periferias, condena operações letais e reforça necessidade de políticas integradas
247 - A deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) participou do programa Brasil Agora, da TV 247, em que abordou temas como violência contra a mulher, operações policiais, segurança pública e a nova PEC da Segurança.
Ao ser questionada sobre a operação que deixou 121 mortos na Vila da Penha em outubro, Benedita recordou sua experiência como governadora do Rio de Janeiro, quando prendeu o assassino do jornalista Tim Lopes sem disparar um único tiro. Para ela, o ocorrido na Penha demonstra falha grave das forças de segurança: “A falha é do Estado, que não dá segurança nem para os seus servidores, no caso, os policiais que também foram mortos”.
A deputada defendeu que a polícia precisa de preparo, inteligência e estratégia, e criticou o envio de militares despreparados: “Até pessoas despreparadas, ainda com um mês, dois meses de serviço, foram lá. Isso é uma perversidade e uma desproteção ao profissional”.
Benedita também reforçou que a população das favelas é vítima de todos os lados: da violência policial e da violência de grupos armados. “A comunidade acaba sendo o recheio de um grande sanduíche”, afirmou. Para ela, há uma distorção completa no modelo de operação do Estado: “Ninguém fala ‘a polícia chegou, vai matar’. Não. A polícia chegou, vai prender. Mas o que acontece é que, ultimamente, é diferente”.
Discurso da extrema-direita de “narcoterrorismo”
Confrontada com o discurso da extrema-direita, que acusa a esquerda de ser leniente com criminosos, Benedita rebateu: “A direita vende essa ideia do narcoterrorismo. Ela transforma os bairros na sua zona de guerra e ela não reduz o crime organizado”.
Para a deputada, a saída não está na escalada da violência, mas na inteligência policial, investigação e prevenção. “Não adianta a gente querer ver modelos aqui e acolá, porque cada sociedade tem uma cultura diferente”, disse.
Benedita também falou sobre a PEC da Segurança, enviada pelo governo federal, que busca organizar a cooperação entre União, estados e municípios. A oposição tenta barrar o projeto na Câmara. A deputada convocou a população a pressionar seus representantes: “Pressione o seu parlamentar”.
Ela afirmou que governos estaduais opositores querem impor pautas que extrapolam competências constitucionais, e que a PEC é essencial para estruturar uma política nacional robusta de prevenção e inteligência. “Não é possível ter um congresso que seja contra o povo. A gente tem que ter um congresso a favor do povo”, declarou.
A deputada lembrou ainda o papel estratégico da Polícia Federal nas grandes operações, ressaltando que seus resultados são fruto de anos de investigação: “Às vezes a gente pensa que é um negócio que está acontecendo agora, não. A Polícia Federal já está há dois anos fazendo o trabalho”.
Benedita endossou o discurso do presidente Lula, feito em um evento da Petrobras em Pernambuco, sobre o aumento da violência contra as mulheres. O presidente mencionou casos brutais de feminicídio e agressões.. Questionada sobre esse cenário, a deputada reforçou a gravidade da situação e a necessidade de punição imediata.
Para ela, a impunidade alimenta a repetição de crimes: “Se o agressor fica solto, a mulher vai continuar sendo perseguida, vai continuar com medo”. Benedita reforçou que muitos juízes e advogados ainda permitem brechas que favorecem agressores.
A deputada foi enfática ao defender que o sistema de justiça precisa agir de forma mais rigorosa. “Nós não temos pena de morte, mas já morre muita gente sem ter a pena de morte”, afirmou, destacando que a resposta democrática deve ser a prisão, acompanhada de julgamento e condenação.



