"Burguesia agrária era decadente com a industrialização e ganha força com a desindustrialização", diz Breno Altman

Jornalista descreve antagonismos insolúveis entre os interesses do agronegócio e os de governos progressistas, como o do presidente Lula; assista

(Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | ABR)


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247- O jornalista Breno Altman avalia que a tendência na relação entre a burguesia agrária brasileira e governos progressistas, como o do presidente Lula (PT), é de sempre ser pautada por tensões, dado que, em sua visão, os interesses de ambas as partes são essencialmente antagônicos.

O jornalista introduziu sua fala opinando que o agro brasileiro vinha perdendo espaço com a industrialização brasileira da década de 1950, sendo a pauta da reindustrialização geralmente defendida por governos desenvolvimentistas: “nós temos que tentar compreender o movimento dessa burguesia agrária. Ela era uma burguesia decadente nos anos 70, 80 e até os anos 90. Era um setor minoritário na acumulação de capital do país, e um setor que vinha perdendo muito espaço desde a aceleração do processo de industrialização nos anos 50. Quando, num mundo que se reorganiza, essa burguesia agrária realiza aquilo que foi chamado de Revolução Verde e reorienta a produção de proteína animal e grãos, ela vai ganhando espaço econômico e vai disputando cada vez mais espaço político em consonância com seu poder econômico”.

Altman acrescentou que, com a ascensão do agro nas últimas décadas, isso veio acompanhado de um desejo por poder político para perpetuar a relevância deste mercado: “embora a agropecuária represente uma fração pequena da economia brasileira, uma coisa como 6,2% de acordo com o IBGE, ela é um setor dinâmico. O reflexo da agropecuária sobre a economia brasileira hoje gira em torno de um quarto da economia - que maliciosamente chamam de PIB do agronegócio, que é o efeito da agropecuária sobre serviços e indústria - e eles lutam por um poder político correspondente ao seu peso na economia, eles não querem ser um setor subalterno e não querem limites”.

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“Lembremos sempre que a produtividade agrária do país se movimenta fundamentalmente pela expansão de terras, e isso faz com que essa burguesia agrária tenha uma política de choque com qualquer governo que respeite terras indígenas, meio ambiente, movimentos do campo, ela tem fome por terra para expandir sua produção e lucratividade, então a tendência é esse setor ser antagônico ao governo Lula”, concluiu. Assista ao trecho no vídeo abaixo:

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