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Entrevistas

Caio Cezar: culinária com maconha é saudável

Apresentador do Cozinha 4e20 afirmou que se tem uma visão muito restrita do que é a planta, mas ponderou que não se deve romantizar o uso; assista na íntegra

Caio Cezar (Foto: Wikimedia Commons)
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Por Camila Alvarenga, do Opera Mundi - No programa SUB40 desta quinta-feira (14/04), o fundador de Opera Mundi, Breno Altman, entrevistou o cozinheiro Caio Cezar, criador e apresentador do Cozinha 4e20, canal sobre culinária canábica e ativismo. 

“A gente tem uma ideia muito restrita sobre o que é maconha. Uma delas é sobre o que se fuma. A gente fuma o fruto, não a flor, como as pessoas pensam. E, do ponto de vista nutricional e terapêutico, é uma coisa maravilhosa. Se você comer só um fruto ou comê-lo cru, muito provavelmente não vai sentir aquele barato. Isso porque o THC, que é o psicoativo, só se ativa quando é aquecido e, na comida, quando é dissolvido na gordura ou álcool. Sabendo disso, o céu é o limite para o que você pode fazer e o que pode consumir”, discorreu Cezar.

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Segundo ele, para além de seu efeito medicinal, a maconha também pode ser saudável enquanto comida, “tudo depende do que você está comendo”. Ele lembrou que uma pizza não deixa de ser uma pizza e que uma salada segue sendo uma salada, mesmo que em ambas seja utilizada a erva que, não ativa, “é 100% saudável e super recomendável por suas propriedades anti-inflamatórias”, reforçou. 

O importante, destacou Cezar, é o uso consciente. Até porque, a maioria dos pratos com maconha, ou pelo menos aqueles ensinados pela Cozinha 4e20, “dá barato”.

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“O que acontece é que, ao fumar, o THC, o princípio ativo, entra direto no pulmão, salta para a corrente sanguínea, chega no cérebro e bate. Você sente depois de 15 minutos, atinge o ápice em 30, aí estabiliza e vai baixando. Quando você come, o caminho é outro. A substância passa pelo estômago, que manda pro fígado e lá o THC é sintetizado como um canabidiol, ainda mais forte, com efeitos mais intensos e que duram mais tempo, apesar de demorar mais para bater”, explicou.

Cozinheiro canábico há alguns anos, “maconheiro desde os 16” e ativista do movimento de legalização do consumo, ele alertou para o fato de que mesmo que a erva tenha efeitos positivos, “não podemos nunca romantizar o uso”.

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“A maconha é super legal, mas tem seus riscos, seus dramas e a culinária canábica, por ser tão intensa, traz o risco de uma ‘bad trip’ tremenda. Se a pessoa nunca comeu, a pancada costuma ser maior. Então, assim, maconha não dá overdose porque não afeta nenhum órgão vital, mas existem casos de pessoas que entram em depressão e tomam atitudes extremas. Não é culpa da maconha isso, é da falta de educação e regulamentação que se tem porque não é legalizado”, argumentou.

Nesse sentido, Cezar também chamou a atenção para a qualidade da maconha que se utiliza, seja para cozinhar ou para fumar. O chamado “prensado”, que é a erva manipulada com o uso de agrotóxicos, sem regras de higiene, de forma a prensá-la e vendê-la mais barata, pode ser muito prejudicial à saúde.

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“Aqui a gente fala em redução de danos. A gente não recomenda ninguém cozinhar com o prensado, mas a gente sabe que as pessoas vão usar o que elas encontrarem e pronto. Por isso é importante estar informado. O prensado, por ser manipulado da forma como é, além da falta de higiene e dos químicos todos, gera umidade, que pode gerar mofo e amônia, então a gente recomenda as pessoas a lavarem bem”, enfatizou.

Ativismo, reações e represálias

Nesse sentido, Cezar ressaltou que o seu canal, criado em 2019, além de oferecer receitas, “é explicitamente de ativismo e normalização”, já que grande parte dos efeitos negativos da maconha poderiam ser neutralizados com informação, “e que grandes tabus morais só são quebrados quando a gente normaliza falar sobre eles”.

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Mesmo assim, a iniciativa é arriscada. Em teoria, o cozinheiro não está protegido por lei para produzir o seu conteúdo, por mais que nunca tenha sofrido nenhuma perseguição da justiça. Além disso, tem de lidar com o estigma que ainda cerca o tema. Se, por um lado, as plataformas realizam micro censuras e sensibilizam seu conteúdo de modo a que ele apareça para menos pessoas. Por outro, existem os “haters”, que denunciam seu canal, o xingam, “marcam a Polícia Federal até nos comentários”.

“Mas a recepção positiva é muito maior. Recebo relatos de pessoas que falaram sobre como o consumo as ajudou a lidar com convulsões involuntárias, com ansiedade. Outro dia uma moça me escreveu para falar que por causa do azeite de cannabis ela conseguiu ter a primeira relação sexual dela em 30 anos porque tinha endometriose e até então sentia muita dor. E o azeite aliviou isso. Eu chorei lendo esse relato, como choro com outros, é lindo demais”, celebrou.

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