"É preciso punir criminosos que tentam desestabilizar o Brasil", defende Leonel Radde
Para o deputado estadual, extrema-direita, fake news e a importância do combate à polarização para fortalecer a soberania nacional
247 - O deputado estadual Leonel Radde (PT-RS), em entrevista ao programa Brasil Agora, da TV 247, comentou o delicado momento político vivido pelo Brasil, marcado por tensões internas e ameaças externas que envolvem diretamente os interesses dos Estados Unidos.
Radde alerta que "a gente está numa situação complexa e que exige um certo nível de preocupação" diante de iniciativas recentes do governo Donald Trump. Segundo ele, existe um risco real da utilização do argumento do combate ao narcotráfico e ao terrorismo para justificar uma intervenção militar armada em solo brasileiro.
"Ele já tinha exigido que o Comando Vermelho, que o PCC fossem considerados grupos terroristas, mas nitidamente ele vai utilizar esse argumento mais cedo ou mais tarde para uma incidência militar armada dentro do Brasil", explica.
O deputado faz uma analogia direta com intervenções norte-americanas no Iraque e no Afeganistão, apontando um padrão que envolve discursos para moldar a opinião pública e interesses econômicos por trás da suposta missão de "levar democracia". "No Afeganistão, o objetivo era ter acesso a gasodutos; no Iraque, a questão do petróleo", afirma, destacando que esses países foram deixados em situação de instabilidade permanente após as intervenções.
Leonel Radde também chama a atenção para a importância dos recursos naturais brasileiros nesse contexto geopolítico: "Nós temos minérios como terras raras, nióbio, grafeno, em que o Brasil é líder mundial ou está entre os primeiros, muito relevantes para a tecnologia, para o vale do silício nos Estados Unidos".
Ele ressalta que o Brasil, por meio das articulações com o BRICS, vem desafiando a hegemonia do dólar, o que aumenta o interesse externo sobre o país.
Patriotas de araque
O deputado condena duramente a colaboração de setores internos que apoiam essa lógica externa. "Temos supostos 'patriotas de araque' que compram esse discurso contra o próprio país", critica, afirmando que não há exemplo em que intervenções militares dos EUA tenham resultado em melhora real para o país afetado.
Sobre a escalada de tensões no Brasil, Leonel destaca o papel nocivo das fake news e da desinformação propagadas pelas redes sociais e pela mídia alinhada à extrema-direita.
"Temos que ter uma regulamentação das redes sociais de forma democrática para que essas informações de fake news não possam mais desestabilizar o processo eleitoral", defende. Para ele, o país enfrenta "um ponto de virada, que pode dar muito certo ou muito errado".
A entrevista também abordou a narrativa construída pela extrema-direita, que mistura conceitos distorcidos de democracia e direitos humanos para justificar ataques sistemáticos às instituições e a perpetuação do poder mesmo diante de derrotas eleitorais. "Eles querem dominar e ter o controle central do país, ganhando ou não a eleição. Se o sistema democrático não favorecer, a gente derruba esse sistema", explica.
Motim do Congresso
Ao comentar episódios recentes de motins e ataques às instituições no Brasil, o deputado os classifica como "barbaridades" que refletem a crise política e social. Ele também critica a elite econômica e setores das Forças Armadas brasileiros que, segundo ele, estariam "vendidos para os Estados Unidos", permitindo a entrega de riquezas nacionais, como exemplificado pela venda de campos de petróleo por valores irrisórios.
Por fim, Radde faz um apelo para o fortalecimento da democracia e da soberania brasileira, convidando a população a se engajar e acompanhar seu trabalho nas redes sociais para ampliar a resistência. "É muito importante que a gente fortaleça essa nossa rede de comunicação... para termos informações que nos municiem frente aos desafios vindouros", conclui.



