"Estamos no meio de uma viagem psicodélica na Argentina", diz Mário Vitor Santos
Jornalista, que está na Argentina, descreveu o estado de alienação em que parte da população do país entrou após a vitória de Javier Milei na eleição presidencial: "é muito sério"

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247 - Em participação no programa Boa Noite 247, diretamente de Buenos Aires, na Argentina, o jornalista Mario Vitor Santos afirmou que a situação no país, após a eleição do ultraliberal Javier Milei neste domingo (19), se assemelha à de uma "viagem psicodélica", onde parte da população não está se importando com as reais consequências do resultado da votação e prefere se apegar a conquistas inexistentes como o "fim do populismo" no país.
"A gente está no meio de uma espécie de viagem psicodélica na Argentina. Então as pessoas não estão querendo dar muita atenção para além da sua 'trip' que embarcaram, especialmente as pessoas que votaram no Milei [...] O negócio é o seguinte: as pessoas não querem saber muito de problema. Quem votou no Milei está celebrando, dizendo que finalmente se livraram do kirchnerismo, e não querem saber de mais nada. O que importa é que se livraram do peronismo, do populismo, não querem nem pesar direito as consequências de suas escolhas, é muito sério", disse o jornalista.
Mario Vitor alertou para as prováveis consequências devastadoras à economia argentina caso Milei concretize suas intenções de cortar relações com parceiros cruciais do país, como Brasil e China, e de privatizar empresas estratégicas como a petrolífera YPF: "eles ignoram, fazem questão de fechar os olhos às consequências, por exemplo, dos empregos argentinos - que eles vão perder - da colocação de produtos estrangeiros no mercado interno argentino... vai liberar geral, o pouco de industrialização que existe na Argentina vai ainda sofrer uma consequencia arrasadora, destruidora. Daqui a pouco até vassoura vai ser importada.
"Milei promete levar a ferro e fogo todas as promessas da campanha dele: vai fechar o Banco Central, vai dolarizar a economia, vai privatizar de forma selvagem a YPF, a Enarsa [Energía Argentina Sociedad Anónima], todas as empresas... vai desregular os aluguéis, liberar os aluguéis, inclusive em moeda estrangeira... enfim, vai acabar com subsídios para ônibus, trens, e acabar com os descontos de água e energia elétrica", lamentou.
O jornalista também mencionou a possibilidade de uma grave crise que pode levar ao descontrole social no país, relembrando o ocorrido no início deste século: "estamos diante de uma possibilidade de uma repetição de 2001 na Argentina, caso esses efeitos se acumulem. [A possibilidade] que as pessoas sintam na pele uma espécie de desamparo em relação ao que estavam acostumados, especialmente os pobres na periferia de Buenos Aires. Isso pode gerar um descontrole social. Vamos ver como isso é conduzido, porque não parece que o Javier Milei, até agora, tenha conseguido frear seu discurso e assumido uma postura mais conciliadora e presidencial. Ele parece ainda em campanha".
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