"Estamos vivendo um período de incerteza total", diz Mantega sobre Trump

247 - O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega criticou duramente a condução econômica do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e alertou para os impactos de suas políticas protecionistas na economia global. Em entrevista ao programa Boa Noite 247, Mantega afirmou que Trump tem promovido uma "grande confusão" nos mercados internacionais, afetando tanto os Estados Unidos quanto outros países, incluindo o Brasil.

Trump e o caos econômico global

Mantega destacou que a postura de Trump na economia internacional é inédita e desestabilizadora. "Nunca se viu um personagem como Trump na economia internacional, principalmente à frente dos Estados Unidos", afirmou. Ele apontou que as ações do presidente americano, incluindo o aumento de tarifas e sanções comerciais, têm gerado instabilidade nos mercados e prejudicado até mesmo empresas e consumidores americanos.

O ex-ministro explicou que a guerra comercial iniciada por Trump está tendo efeitos negativos dentro e fora dos Estados Unidos. "Se ele continuar subindo tarifas, vai prejudicar importadores e exportadores dentro dos EUA. Ele está criando uma grande confusão, e essa confusão afeta diretamente a economia americana", afirmou.

Mantega destacou que a recente decisão de Trump de aumentar a tarifa sobre o aço brasileiro faz parte de uma estratégia protecionista que pode se expandir para outros setores. "Isso já acontece desde seu primeiro mandato, mas a questão é se ele vai ampliar para outros setores", ponderou.

O impacto no câmbio e no Brasil

O ex-ministro também comentou o impacto das políticas de Trump na valorização do dólar, que tem pressionado a economia de diversos países, incluindo o Brasil. "Nos últimos dias, com as loucuras do presidente Trump, o dólar se valorizou no mundo todo, e aqui também", afirmou.

Para Mantega, a desordem econômica causada pelo presidente americano gera reflexos diretos na inflação e no crescimento do Brasil. "Se o dólar sobe, encarece produtos e insumos importados, afetando a economia brasileira. O governo precisa estar atento a isso e agir para evitar que a valorização do dólar cause ainda mais danos", alertou.

Ele também ressaltou que, caso Trump mantenha a postura protecionista, o Brasil pode acabar se beneficiando indiretamente. "Se Trump dificultar a exportação de produtos agrícolas dos EUA para a China, o Brasil pode ocupar esses mercados. Mas isso ainda é uma especulação", ponderou.

Risco de recessão nos Estados Unidos

Mantega alertou para os riscos de uma recessão na economia americana caso as políticas protecionistas de Trump se tornem mais rígidas. "Se ele colocar em prática tudo o que anunciou, isso pode levar a uma redução do crescimento da economia americana e a um aumento da inflação interna. Isso geraria uma reação negativa das empresas e do mercado financeiro", explicou.

Ele mencionou a queda recente da bolsa americana como um sinal de que o mercado já está reagindo negativamente às políticas de Trump. "As grandes empresas de tecnologia também estão perdendo dinheiro, e isso pode pressionar Trump a mudar de postura", afirmou.

Eleições legislativas e futuro de Trump

Mantega também analisou o impacto das eleições legislativas de 2026 nos EUA para o futuro político de Trump. "Se os republicanos perderem apoio no Congresso, ele ficará ainda mais enfraquecido. O que estamos vendo é um cenário de incerteza total, o que sempre joga contra a atividade econômica", avaliou.

O ex-ministro destacou que a instabilidade gerada por Trump tem provocado reações dentro dos próprios Estados Unidos, com setores empresariais se manifestando contra algumas de suas políticas. "As empresas americanas começam a sentir os efeitos dessa confusão. A bolsa americana já perdeu trilhões de dólares nos últimos meses, o que mostra a preocupação dos investidores com essa política errática", disse.

Por fim, Mantega reforçou que a postura de Trump continuará sendo um fator de risco para a economia global. "A instabilidade que ele causa afeta diretamente o comércio internacional. O Brasil precisa estar atento a essas movimentações para minimizar os impactos e, se possível, aproveitar oportunidades que possam surgir", concluiu. Assista: