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Entrevistas

Iza Lourença: Brasil precisa de esquerda radical para combater radicalismo de direita

Vereadora em Belo Horizonte e candidata a deputada federal pelo PSOL defende que lugar do partido não é dentro de eventual governo Lula; veja vídeo na íntegra

Iza Lourença (Foto: Karoline Barreto/CMBH)
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Por Pedro Alexandre Sanches, do Opera Mundi - A esquerda radical precisa ser uma alternativa viável à radicalidade de direita que dominou o Brasil nos últimos anos, na forma do bolsonarismo, na opinião da comunicadora social, ex-metroviária e ativista sindical Iza Lourença, eleita vereadora em Belo Horizonte pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), em 2020, e hoje candidata a deputada federal por Minas Gerais pelo mesmo partido. Em entrevista ao jornalista Breno Altman, no programa 20 MINUTOS desta terça-feira (27/09), ela defendeu que o PSOL não deve integrar um eventual terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, como modo de preservar a liberdade de reivindicação de pautas ditas radicais.

“Entendo a estratégia das pessoas que vão pelo caminho que o PT escolheu, mas entendo e acredito no caminho que o PSOL escolheu. Sou do grupo que fez parte da luta para o PSOL apoiar Lula no primeiro turno, porque para mim é um dever histórico de combate ao neofascismo, mas acho que nosso caminho não é dentro do governo”, expõe. Para ela, o PSOL tem mais a contribuir para o Brasil atuando na frente parlamentar, na defesa responsável dos direitos dos trabalhadores e da maioria da população.

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“A crise que tem jogado nosso povo numa situação de muita miséria trouxe como alternativa para muitas pessoas a radicalidade da direita”, analisa, do ponto de vista de quem sabe que a democracia brasileira deve ser defendida apesar de ser limitada para jovens negros de periferia, como ela. “Os bolsonaristas radicalizaram para esse lado, e eu me identifico com o oposto da extrema direita e do neofascismo. Sou a jovem socialista, a esquerda radical. A gente também precisa apresentar essa alternativa.”

Lourença ironiza o que se costuma pensar como propostas esquerdistas radicais no Brasil atual: “O que é radical hoje? Precisamos discutir a reforma estrutural no transporte, um sistema único de mobilidade. Não dá para as cidades ficarem reféns das grandes empresas de ônibus, das máfias. A pessoa pode achar isso muito radical, mas é a única forma de trazer um pouco de dignidade para o nosso povo”.

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A hoje vereadora, que tinha 9 anos de idade quando Lula chegou à presidência da República, diz se lembrar da euforia da mãe entusiasmada pelo vitória petista. “Minha mãe seguiu muito petista e eu, um pouco mais crítica, discordando de algumas pautas, em especial no enfrentamento ao genocídio do povo negro”, conta Lourença, que foi a primeira de sua família a ingressar na universidade pública. 

Quando fazia campanha por escolas do bairro periférico onde vive em Belo Horizonte, Barreiro, para que os jovens de menos de 16 anos tirassem título de eleitor, ela percebeu que os estudantes bolsonaristas estavam muito mais à vontade que os lulistas. “A galera Lula hoje está muito mais empoderada. Lá atrás a gente não pensava que poderia eleger Lula no primeiro turno. Vai ser histórico”, antecipa. Em sua visão, a geração de jovens que cresceu nos governos do PT viu os retrocessos dos últimos anos, mas o mesmo aconteceu com os que já nasceram no Brasil petista: “As pessoas ultrajovens, que se entenderam como gente vendo as tias e primas na universidade, também têm sentido que sua condição está pior que a do irmão mais velho, que não têm perspectiva de Prouni, Fies ou emprego com direitos trabalhistas”. 

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O enfrentamento genocídio negro é outro suposto “radicalismo” que a candidata vê como prioritário. "Nenhuma guerra mata mais, é um jovem morto a cada 17 minutos. Isso é muito sério. Espero ter condições de pautar isso. Não vai cair do céu, do poder executivo, mas com um governo Lula a gente vai ter condição de pautar”. 

A luta parlamentar pode render vitórias mesmo em situação de desvantagem numérica, defende Lourença, citando a bancada de esquerda em Belo Horizonte, com dois representantes do PSOL e dois do PT, entre 41 vereadores. O pequeno núcleo conseguiu mobilizar a população e impor a aprovação do Auxílio BH, que havia sido arquivado sem discussão pela Câmara de Vereadores: “A gente tem que levar essa experiência para Brasília. Só acredito na saída da mobilização popular, foi assim que se aprovou o direito ao aborto na Argentina”. 

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Altman citou outra reforma que até setores de esquerda tachariam de “radical”, em Cuba, que acaba de aprovar em referendo um novo Código de Famílias, avançado a ponto de legalizar o casamento entre casais homoafetivos (e em quaisquer arranjos familiares), a adoção e a barriga de aluguel para famílias não tradicionais. Ela saúda as transformações em Cuba: “É uma forma de a gente combater todos os ataques que o povo cubano sofre, com a falsa ideia que vem dos Estados Unidos de que não existe liberdade em Cuba, como se nos Estados Unidos as pessoas fossem livres e não fossem oprimidas por um sistema que sequer tem direito à saúde”.

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