Lincoln Gakiya alerta para risco de narcoestado e defende coordenação federal contra o crime organizado
Promotor do Gaeco diz que 30 milhões vivem sob domínio de facções e que operações letais sem inteligência fracassam
247 – O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Gaeco, afirmou que o Brasil precisa de coordenação nacional para enfrentar organizações criminosas que já atuam com padrão mafioso. “Estudos demonstram que em torno de 30 milhões de brasileiros convivem em áreas absolutamente dominadas pelo crime organizado”, disse. Gakiya e o advogado Walfrido Warde assinam o livro O Brasil Livre das Máfias, lançado pela editora Contracorrente, no qual defendem uma Agência/Autoridade Nacional Antimáfia e uma legislação específica para o fenômeno.
Operações sem coordenação e alto número de mortes
Ao comentar a ação no Rio, ele classificou o resultado como sintoma de descoordenação: “Eu ainda não posso afirmar porque a operação não terminou, mas eu posso afirmar como promotor e como cidadão que uma operação que já causou 64 mortes não foi uma operação bem-sucedida.” Para Gakiya, sem diagnóstico e plano de ocupação permanente, “aqueles mesmos criminosos... simplesmente vão retornar porque o território já é deles”.
Infiltração do PCC na economia formal
Gakiya relatou casos recentes de infiltração do PCC no setor de transportes e combustíveis: “Na operação Fim de Linha... nós comprovamos que o PCC estava presente em prestação de serviço de transporte metropolitano urbano... duas empresas que foram capturadas pelo PCC transportavam 30 milhões de passageiros por mês.” Ele citou ainda a “operação Tácitos”, sobre corrupção de agentes, e a “operação Carbono Oculto”, que expôs “simbiose” com organizações de combustíveis e parte do sistema financeiro. Segundo ele, esse avanço gera “concorrência desleal”, pois empresas abastecidas por capital ilícito “vão poder competir com um preço menor do que o do seu concorrente”.
Agência nacional, lei antimáfia e tecnologia
“Se a gente não tiver uma coordenação nacional, nós não vamos conseguir sucesso nesse tipo de combate”, disse. Ele defende uma agência capaz de reunir polícias federais e estaduais, Receita Federal, Coaf e órgãos de controle, além de uma lei antimáfia que tipifique as condutas e imponha compliance no setor público e privado. Sobre o risco geopolítico, alertou: “O Brasil caminha a passos largos para se tornar um narcoestado se nada for feito.” A resposta, afirma, exige “retomada do território” sob coordenação nacional e uso intensivo de tecnologia disponível no mercado. Assista:


