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Mídia utiliza Lira para tentar constranger Lula, diz Genoino

“É mais ou menos o que fizeram com o Eduardo Cunha”, afirma o ex-deputado e ex-presidente do PT

José Genoíno (à esq.) e Arthur Lira (Foto: ABR)

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247 - Ex-deputado federal e ex-presidente do PT, José Genoino criticou a postura belicosa do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), em relação ao governo Lula (PT) na retomada dos trabalhos legislativos. Ele pressiona o presidente a demitir o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), e acusa o governo de descumprir acordos. Nos bastidores, Lira ameaça dificultar a vida do Palácio do Planalto no Congresso.

“Ele quer atingir o Lula através da derrubada do Padilha. (...) É uma fala desrespeitosa, genérica e que interessa a ele projetar poder”, avaliou Genoino. Para ele, a sucessão no comando da Câmara e as eleições de 2026 estão por trás da postura de Lira. “É o último ano que ele preside a Câmara dos Deputados, e vai ter a sucessão dele em 2025. Todas as reivindicações negociadas com os partidos do Centrão foram atendidas, inclusive da Caixa Econômica. Foi até longe demais. Na medida em que tem uma disputa dentro do Centrão dentro da presidência da Câmara, e tem candidatos fortes, como o Marcos Pereira de um lado, o Elmar [Nascimento] de outro, ele teme não ser o mandachuva dessa disputa. E ele vai disputar a eleição para senador em 2026”. 

“Portanto, o todo poderoso Lira quer continuar alardeando seu poder para influenciar, mesmo sem ser o presidente da Câmara, os rumos da Câmara em 2025 e 2026, que é o ano-chave. E aí ele faz gestos simbólicos: não participou das reuniões sobre o 8 de janeiro, não participou da abertura do ano do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral; e ele procura se articular com esse polo à direita e extrema direita, mas ele não se vincula diretamente. Ele quer os votos da direita e da extrema direita para se cacifar junto ao governo”, acrescentou.

Para Genoino, Lira também está sendo utilizado pela imprensa corporativa para tentar criar constrangimentos ao presidente Lula. “Como ele virou uma espécie de instrumento para criar um constrangimento ao Lula, ele quer enfraquecer a autoridade política do presidente da República. Como o presidente é chefe de Estado e chefe de governo, e o Lula tem essa liderança popular, ele quer, com a presidência da Câmara, criar um constrangimento. E ele cria esse constrangimento porque a grande mídia, mesmo sabendo quem é ele, utiliza essa força para dificultar o Lula. É mais ou menos o que fizeram com o Eduardo Cunha: o Eduardo Cunha era impecável quando estava derrubando a Dilma. Depois que derrubou a Dilma, ele foi derrubado”.

Para o ex-deputado, a administração Lula deve buscar aumentar sua força junto à população e acirrar as disputas com o Centrão no Congresso para garantir sua governabilidade. “O governo não dá para abaixar a cabeça. O governo deveria intensificar o que o Lula está fazendo. O Lula tem que conversar com o povo. A nossa base, principalmente a esquerda, tem que enfrentar esse discurso hegemônico do Centrão no Congresso Nacional, tem que polarizar. Nós temos que entender que a governabilidade é polarização e enfrentamento. A gente só negocia bem quando polariza e quando enfrenta. E eu acho que os nossos partidos de esquerda têm que dar importância à mobilização popular. Sem o povo nós teremos uma governabilidade raquítica, de pouca potência e não vamos arrancar conquistas importantes para melhorar a vida do povo”.

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