HOME > Entrevistas

"O governo americano apoia integralmente esse genocídio na Faixa de Gaza", diz Carlos Latuff

Notícia de que Biden teria xingado Netanyahu após uma nova ofensiva israelense contra o enclave palestino é "mise en scène", afirma o cartunista

Carlos Latuff, Benjamin Netanyahu e Joe Biden (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | Reuters/Evelyn Hockstein)

247 - O cartunista Carlos Latuff afirmou que Israel contra com o apoio "integral" e "unânime" dos Estados Unidos à sua ofensiva genocída contra o povo palestino na Faixa de Gaza. A notícia de que o presidente dos EUA, Joe Biden, teria xingado o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, por conta dos novos ataques do país ao enclave palestino não passa de "mise en scène [encenação]", segundo Latuff. 

"Isso é jogar para a galera. Não significa absolutamente nada. Isso é simplesmente para criar um ‘hype’ para dizer ‘não, olha, os Estados Unidos têm uma posição mais moderada’. Mas não é verdade. Israel só consegue fazer o que está fazendo porque tem aprovação unânime do governo americano. O governo americano, o ‘deep state’ americano apoia integralmente esse genocídio na Faixa de Gaza", afirmou. 

"Se o Biden estivesse realmente preocupado com o radicalismo, com a violência do Netanyahu, ele pararia de mandar auxílio militar para Israel. Ele não colocaria as Forças Armadas dos Estados Unidos a serviço de Israel, não enviaria dinheiro, armas, não apoiaria tecnicamente, militarmente, politicamente, economicamente Israel nessa empreitada. Então essa notícia de que o Biden xingou o Netanyahu, isso pouco importa em termos práticos", disse.

Para Latuff, Israel tem liberdade absoluta no Oriente Médio porque representa os interesses dos Estados Unidos naquela região. "Quem dá esse aval para Israel cometer esse genocídio, esse Holocausto 2.0, é a Casa Branca. Não é só o governo Biden, é o governo dos Estados Unidos. Israel é a menina dos olhos dos Estados Unidos no Oriente Médio. É uma ponta de lança dos interesses dos Estados Unidos e do Ocidente ali no Oriente Médio. Por conta disso, Israel tem total liberdade para executar essas ações genocidas diante dos olhos atônitos do mundo, sem que ninguém faça nada para deter".