"Saúde vive ano histórico no SUS com vacinas, hospitais e mais acesso a especialistas", afirma Arruda Bastos
Médico da Associação de Médicas e Médicos pela Democracia faz balanço de 2026 e destaca avanços como vacina da dengue, HPV e certificação contra o HIV
247 - O médico sanitarista Arruda Bastos, da Associação de Médicas e Médicos pela Democracia (ABMMD), afirmou que 2025 entra para a história como um dos melhores anos do Sistema Único de Saúde (SUS), mesmo diante das dificuldades de financiamento e de acesso. A avaliação foi feita durante entrevista ao programa Giro das Onze, da TV 247.
Arruda fez questão de situar o momento como simbólico e positivo para a saúde pública. “Posso considerar 2025 como um dos melhores anos para o Sistema Único de Saúde, apesar de todas as dificuldades”, afirmou.
Entre os principais marcos citados pelo médico, está o reconhecimento internacional recebido pelo Brasil pela eliminação da transmissão vertical do HIV, ou seja, da mãe para o bebê.
“O presidente Lula recebeu esse certificado, certificado de eliminação de transmissão vertical do HIV”, explicou Arruda. “Um país continental como é o Brasil é único no mundo, um país com o tamanho do Brasil, que tem um sistema público de saúde, conseguir esse certificado”, frisou.
Ele destacou que o resultado só foi possível graças ao fortalecimento do pré-natal, do diagnóstico precoce e dos tratamentos oferecidos pelo SUS.
“Isso foi fruto de um trabalho enorme para você reduzir a transmissão do HIV e, consequentemente, a Aids: o diagnóstico precoce, os exames no pré-natal, os exames antes do parto, os tratamentos durante a gestação e o tratamento para a criança que vai nascer.”
Outro avanço comemorado foi a chegada da vacina brasileira contra a dengue.
“Agora nós temos uma vacina brasileira em parceria do Instituto Butantã com a farmacêutica chinesa”, disse. Ele lembrou que municípios como Maranguape, no Ceará, já estão entre os primeiros a receber o imunizante.
Arruda também enfatizou a importância da ampliação da vacinação contra o HPV, única vacina que previne diretamente o câncer.
“A vacina do HPV é a única vacina existente no mundo que combate o câncer: o câncer de colo uterino e o câncer de pênis”, afirmou.
Ele elogiou a prorrogação da campanha para jovens de 15 a 19 anos que ainda não haviam se vacinado.
Durante o programa, foi exibida uma reportagem da EBC confirmando que a estratégia de resgate vacinal foi estendida até o primeiro semestre de 2026, com a meta de alcançar cerca de sete milhões de jovens.
Arruda também destacou o impacto do programa Agora Tem Especialidades, que ampliou o acesso da população a consultas, exames e cirurgias. “Está chegando aos hospitais universitários, aos hospitais privados, aos hospitais filantrópicos, como as Santas Casas, reduzindo de forma substancial as filas de cirurgias, de exames e de tratamentos eletivos.”
Outro marco foi a inauguração do primeiro hospital público de cuidados paliativos do SUS, em Montserrat, na Bahia.
“Nós sabemos a grande quantidade de pessoas idosas, pessoas portadoras de doenças crônicas, de câncer, em estágio terminal, que não tinham onde ser tratadas no Brasil”, lembrou.
Também entrou na lista de conquistas a nova vacina contra a bronquiolite, agora disponível para gestantes. “É uma vacina extremamente cara, e agora chega pelo SUS para proteger a mãe e principalmente a criança que vai nascer.”
SUS mais forte e mais medicamentos gratuitos
O médico ressaltou ainda a ampliação do acesso a medicamentos de alto custo. “Nós temos medicamentos caríssimos que hoje são disponibilizados gratuitamente pelo SUS”, afirmou.
Segundo ele, o fortalecimento do sistema passa pela integração entre ministérios, como Saúde e Educação, para aproveitar melhor a estrutura dos hospitais universitários, que muitas vezes operam abaixo da capacidade.
“Nós só vamos conseguir reduzir essas filas quando tivermos leitos e hospitais suficientes para atender a tempo e a hora”, explicou.
Arruda Bastos também fez um balanço político da atuação da Associação de Médicas e Médicos pela Democracia, especialmente após a pandemia de Covid-19.
“Nós continuamos cobrando a responsabilidade daqueles que foram responsáveis diretamente por mais de setecentas mil mortes no Brasil no período da pandemia”, disse, citando Jair Bolsonaro e ex-ministros da Saúde.
Ele destacou que a entidade conquistou uma cadeira no Conselho Nacional de Saúde, ampliando sua atuação institucional. “Nós estamos atualmente institucionalmente presentes no Conselho Nacional de Saúde e participamos de diversas comissões intersetoriais.”
Sobre o Conselho Federal de Medicina, Arruda foi direto: “O Conselho Federal de Medicina continua com suas ações públicas voltadas tanto para o negacionismo como para uma política reacionária.”
Bolsonaro e a cirurgia de hérnia
Durante o programa, Arruda, que também é cirurgião geral, comentou a cirurgia de hérnia inguinal de Jair Bolsonaro, preso por tentativa de golpe de Estado.
“Hérnia inguinal é o dia a dia do cirurgião geral. É uma cirurgia eletiva, simples, que normalmente não tem complicação”, afirmou.
Segundo ele, a recuperação costuma ser rápida:
“Amanhã ele já deve estar andando um pouquinho. A recomendação é não pegar peso e evitar esforço por alguns dias.”
Informação, vacina e democracia
Arruda reforçou que os avanços do SUS só foram possíveis com a retomada da ciência, da vacinação e das políticas públicas.
“O presidente Lula tomando a vacina e o vice-presidente Geraldo Alckmin aplicando vacina foram gestos muito importantes”, lembrou.
Para o médico, o ano de 2025 deixa um legado claro: “Esse ano vai ficar marcado como um ano que deu um grande salto ao nosso sistema de saúde.”



