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"Tem jeito, cheiro e gosto de crime", diz Alvaro Kaiowá sobre Wassef recuperar joias de Bolsonaro

Professor de direito afirma que sobram elementos para prender Bolsonaro e o grupo envolvido no escândalo das joias sauditas. Assista na TV 247

Frederick Wassef e Alavaro Kaiowá (Foto: Divulgação)

247 - Mais uma reviravolta atingiu a cena política brasileira, com o advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, no centro de um escândalo envolvendo a recompra de um relógio de luxo cravejado de platina e diamantes, presenteado pelo governo da Arábia Saudita e que foi ilegalmente vendido nos Estados Unidos. Em entrevista à TV 247, o professor de direito Alvaro Kaiowá lançou luz sobre o episódio que pode levar à prisão do ex-capitão, apontando as conexões obscuras que permearam a política nacional nos últimos anos. 

O presente em questão é um Rolex avaliado em US$ 49 mil, originalmente dado a Bolsonaro durante uma visita oficial à Arábia Saudita. No entanto, o relógio foi vendido nos Estados Unidos pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência. As circunstâncias da venda levantaram suspeitas sobre sua legalidade, uma vez que envolveu um presente oficial que poderia ter implicações legais. A Polícia Federal fez uma operação para investigar, realizando buscas contra o general da reserva Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid; Wassef e o tenente Osmar Crivelatti, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

O escândalo tomou proporções ainda maiores quando o advogado de Bolsonaro admitiu ter recomprado o relógio em questão. Ele afirmou ter adquirido o Rolex com seu próprio dinheiro, em espécie, nos Estados Unidos, alegando que estava de férias no momento em que soube da existência do relógio e decidiu trazê-lo de volta ao Brasil.

“Quem busca as joias? O sujeito que mudou de aplicativo no celular… Antes era AirBNB, porque recepcionava foragidos como o [ex-sargento da Polícia Militar Fabrício] Queiroz para depois começar a usar o Enjoei, comprando joias fora do país. Ele disse primeiro que não era advogado de Jair Bolsonaro e agora ele fala que nunca disse que não foi advogado. Também diz que jamais foi buscar uma joia, mas tem o recibo no nome dele. Não se trata de um absurdo, e sim de um absurdo com recibo”, ironizou Kaiowá.

O professor afirmou que, com base na teoria do domínio do fato e nas evidências disponíveis até o momento, Jair Bolsonaro já deveria estar preso. Essa teoria legal sugere que uma pessoa em posição de autoridade pode ser responsabilizada por ações ilegais realizadas por subordinados, mesmo que não esteja diretamente envolvida nas ações em si.

“Pela teoria do domínio do fato e pelo que temos de convicções e elementos, o ex-presidente já deveria estar preso, mas existem muitos documentos que ainda estão por vir. É de se esperar que os órgãos de classe tomem medidas contra um advogado que se preste a praticar um ato ilícito, de recuperar uma joia fora do Brasil. Que se apure toda essa questão do transporte da joia por um avião da FAB, quem foi buscar, quem não foi, e entender qual o Cid da doença desta pessoa para qualificar não no campo da medicina, mas do código penal”, considerou. “Porque tem jeito de crime, tem cheiro de crime e tem gosto de crime. Se não for crime, a fantasia tomou conta do cenário político brasileiro de uma forma incompreensível”, completou. ASSISTA  A TV 247: