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Vilma Reis: mãe de santo Bernadete foi assassinada enquanto buscava justiça pelo filho

Socióloga destacou a luta incansável da família quilombola ao longo dos anos na Bahia. “Uma guardiã da memória de resistência”. Assista na TV 247

Bernadete Pacífico e Vilma Reis (Foto: Reprodução)

247 - A socióloga Vilma Reis lamentou em entrevista à TV 247 o assassinato da Yalorixá Maria Bernadete Pacífico, líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, na Bahia. Ela lembrou que, seis anos antes, Flavio Gabriel 'Binho' Pacífico dos Santos, filho da mãe de santo, também foi assassinado. Vilma destacou que ainda que Bernadete foi “uma guardiã da memória de resistência”.

“Flavio foi assassinado com 12 tiros na boca, e agora 6 anos depois dona Bernadete é assassinada com mais de 20 tiros”, lembrou, destacando que o “território de Pitanga dos Palmares, há 22 anos, luta pela regularização”. “Esse é o segundo enterro da segunda liderança no território”, lamentou.

Vilma Reis destacou a luta incansável da família quilombola ao longo dos anos, enfrentando obstáculos de todas as formas imagináveis. “Esse território foi palco de grandes empreitadas dantescas”, menciona a socióloga. “Construíram um presídio dentro do território quilombola, depois embaixo passavam 16 dutos de produtos químicos, depois tentaram colocar ao lado um aterro sanitário, e posteriormente a indústria dos pedágios foi para cima do território”.

Vilma Reis sublinha a gravidade do segundo assassinato de uma liderança quilombola no mesmo território. “Nesses anos vimos a destruição do Incra, do MDA”, observa ela, apontando para a necessidade urgente de uma reestruturação no país. “Esse é o momento de reconstrução do Brasil, do Incra, da Fundação Palmares, da possibilidade de termos políticas públicas para as comunidades quilombolas, a pesca artesanal, os povos indígenas e outros povos tradicionais do campo, da floresta e das águas”.

Ela ressalta que o assassinato de Yalorixá Maria Bernadete Pacífico é uma dolorosa prova de que ainda há um longo caminho a percorrer em relação aos direitos e proteção das comunidades tradicionais. “Dona Bernadete foi assassinada lutando seis anos pelo direito a uma resposta sobre o assassinato do seu filho”. ASSISTA NA TV 247: