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Esporte

'Em plena pandemia, organizar jogos olímpicos é aberração', diz Fábio Altman

Jornalista comenta grandes momentos das Olimpíadas e defende educação para massificar esporte

Fábio Altman (Foto: Reprodução | Breno Barros/rededoesporte.gov.br)
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Opera Mundi - No programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta quarta-feira (21/07), o fundador de Opera Mundi, Breno Altman, entrevistou o jornalista Fábio Altman, editor da revista Placar e um dos redatores-chefes da revista Veja, especializado em Olimpíadas e Copas do Mundo. 

Sobre os Jogos Olímpicos de Tóquio, ele afirmou que “organizar jogos olímpicos em plena pandemia é uma aberração”, indo contra os princípios de congregação entre os povos e amizade sobre os quais o torneio foi criado. 

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“É bizarro que se faça uma Olimpíada nessas condições. Ver um estádio vazio é de uma tristeza inacreditável. Sem falar que o esporte é sinônimo de saúde e me parece assustador que em um evento em que a saúde seja o principal fator, os atletas estejam sujeitos a ficarem doentes. Além dos riscos de contágio no Japão”, enfatizou.

Para o jornalista esportivo, os motivos que levaram o Japão a manter o torneio são políticos, já que os próximos jogos olímpicos de inverno acontecerão em Pequim, no ano que vem: “Os japoneses não poderiam deixar que um evento esportivo da suposta retomada da normalidade acontecesse primeiro na China”. Cancelar as Olimpíadas também representaria uma perda na média de US$16 bilhões para o país asiático. 

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Acontecendo ou não, as Olimpíadas ainda resultam em perda de dinheiro para as cidades e países sede: “É uma fábrica de elefantes brancos”. Fábio Altman citou como exemplo Atenas, Montreal e o próprio Rio de Janeiro, onde as instalações olímpicas foram completamente abandonadas.

Dos poucos exemplos de sucesso, o jornalista mencionou Sidney, Londres e Barcelona. No caso deste último, a prefeitura optou por realizar o evento no bairro de Montjuic, que já precisava ser revitalizado, tornando-o um centro turístico permanente.

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“Há propostas de sedes permanentes para resolver esse problema, mas isso não vai vigorar nunca, porque, apesar do prejuízo no longo prazo, as sedes se beneficiam da realização do evento”, ponderou.

Políticas de massificação do esporte

Durante a conversa, o editor da Placar relembrou alguns dos melhores momentos que pôde presenciar em Jogos Olímpicos, durante uma das cinco coberturas in loco que realizou ao longo de sua carreira. Entre eles, se destacam ver o “dream team” de basquete dos Estados Unidos e presenciar o talento de atletas como Michael Phelps, Usain Bolt e Nadia Comaneci.

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Nascido no meio esportivo, neto do famoso treinador de boxe Waldemar Zumbano, o jornalista refletiu sobre as políticas públicas necessárias para massificar o esporte no Brasil, a fim de melhorar o rendimento do país em torneios esportivos.

"É preciso aumentar o investimento na educação esportiva, nas escolas, para que a gente construa gerações de atletas. O Partido dos Trabalhadores investiu nos atletas de alto rendimento, o que eu entendo, porque ia ter as Olimpíadas do Rio em 2016 e era obrigação o Brasil ter um desempenho melhor, conseguir medalhas. Mas agora é preciso fazer essa troca, porque os bons resultados da Olimpíada do Rio se perderam", defendeu.

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Ele também lamentou os cortes que vêm sendo feitos pelo governo Bolsonaro no esporte, “relegado a segundo plano”.

Como referências a se ter em conta no futuro, Fábio Altman mencionou a forma como o basquete é abordado nos EUA: “Os olheiros vão às ruas mesmo procurar jogadores, levam esses sujeitos para as universidades, com bolsas de estudo, tudo pago, depois aos playoffs e à liga profissional. Tem uma cadeia de construção desde a infância até a fase adulta que é algo extraordinário”, disse.

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A China é outro exemplo. Para o jornalista, é o país com o modelo de massificação nas escolas mais bem-sucedido do mundo. 

“A China nunca tinha ido bem em Olimpíadas até 2004 quando, se preparando pros jogos de Pequim, deu um salto enorme. E vai continuar melhorando, fruto dessa massificação”, argumentou.

Novas modalidades esportivas

“Embora os puristas possam achar que há modalidades esquisitas que possam ferir o saudosismo das grandes modalidades olímpicas, é preciso modernizar os jogos olímpicos. Lá atrás existia cabo de guerra como modalidade”, defendeu Fábio Altman.

Ele reconheceu que incluir novos esportes no torneio “tem um componente de ganância, mas as Olimpíadas precisam se rejuvenescer”. 

O jornalista afirmou ser inegável o papel do surf e do skate no esporte atualmente. Ele celebrou que tenham sido incluídos como novas modalidades, também pelo fato de que o Brasil se destaca em ambas, o que pode representar um ótimo desempenho do país no torneio, “pode ser nossa Olimpíada de melhor desempenho, em que mais ganharemos medalhas”.

Por outro lado, confessou que ficaria “triste” se no futuro fossem incluídos, por exemplo, os e-sports, esportes eletrônicos, “mas acho que vai acontecer em algum momento”.

“A inclusão de novos esportes nos Jogos Olímpicos tem um componente cultural, de fortalecimento da cultura. O badminton quando foi incluído, nas Olimpíadas de 1992, em Barcelona, foi ridicularizado praticamente pela imprensa ocidental, mas em lugares como a Tailândia, o badminton é como futebol. Essa é uma das coisas legais de que cada sede possa incluir até duas novas modalidades por edição”, destacou.

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