A indignação seletiva do senador Ronaldo Caiado
Líder democrata, que ao lado do mensaleiro Roberto Jefferson formou a primeira linha de defesa do então presidente Fernando Collor, vocifera conta o relacionamento institucional do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), com a presidente da República Dilma Rousseff (PT); sobre seu casamento com o peemedebista Iris Rezende, célebre garçom do ex-presidente Lula, Caiado acha completamente normal; em Goiás, PT e PMDB estão alinhados desde 2004, quando o petista Paulo Garcia ocupou a vaga de vice na chapa que venceu a disputa pela Prefeitura de Goiânia; onde foi parar a auto exaltada coerência do senador?
Goiás 247 - A ira de Ronaldo Caiado com o relacionamento republicano entre o governador Marconi Perillo (PSDB) e a presidente Dilma Rousseff, intensificado no evento desta quinta-feira em Goiânia, só expôs (mais uma vez) a faceta contraditória do senador que caminha a passos largos para virar um caricatura política devido ao seu radicalismo.
Na visão de Caiado, Marconi não pode se misturar com Dilma nem defender a presidente porque faz parte do rival PSDB. O senador escreveu que o governador envergonhou o Estado ao ser submisso a Dilma. Tal submissão não existiu e o que houve foi um discurso contra intolerância e de defesa da governabilidade.
Vergonha quem não teve foi Caiado ao subir, abraçar e cortejar Iris Rezende (PMDB) nos palanques de 2014 e ainda se aliar ao ex-governador. Caiado sempre pintou Iris como seu maior inimigo e o cacique peemedebista ao longo dos últimos foi torpedeado pela língua afiada caiadista.
Esse rancor foi esquecido no ano passado porque Caiado não tinha onde se ajeitar e isolado buscou espaço no PMDB. Iris, além de ex-inimigo mortal de Caiado, é ligado ao PT, partido que o senador também detona. A aliança irista com o PT já dura sete anos e o prefeito Paulo Garcia, petista, era o vice de Iris.
Iris nunca se furtou aos palanques de Lula e de Dilma. Sua aliança com o PT sempre foi, além de institucional quando prefeito, política enquanto candidato. Sua submissão ao PT ficou evidente em 2009 quando reuniu 30 mil pessoas na Praça Cívica, em Goiânia, para que o então presidente Lula se derramasse me elogios ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que a época disputava com o velho cacique a indicação do candidato a governador no ano seguinte.
Iris sequer mereceu uma palavra de agradecimento de Lula e foi submetido à humilhação de servir de garçom do petista, que, após lhe pedir um copo de água, o deixou por vários e constrangedores minutos com o braço estendido à espera de um momento de atenção do presidente.
Mas Caiado gostou tanto de se envolver com Iris Rezende e o PT que agora pensa no futuro e a parceria tem tudo para ser mantida. O parlamentar defende o nome de Iris para prefeito de Goiânia em 2016 de olho no apoio dos peemedebistas para ser candidato ao governo em 2018.
Outras histórias do passado lançam dúvida sobre proclamada retidão política de Ronado Caiado. Lá no começo dos anos 1990 juntamente com Roberto Jefferson, Caiado integrou a tropa de choque que foi contra o impeachment de Fernando Collor e tentou abafar as denúncias contra o ex-presidente.
Pesa sobre os ombros de Caiado também a pecha de ter votado contra a PEC de combate ao trabalho escravo. Para piorar, a família do senador tem histórico nada positivo em Goiás com os trabalhadores rurais. Mais recente, Caiado ainda ousou a ficar calado sobre as graves denúncias contra o colega de partido Agripino Maia, acusado de propina milionária no Rio Grande do Norte.
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