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A medicina das energias

A moderna medicina holstica aponta para um modelo de ser humano feito no apenas de matria, mas tambm, principalmente, de energias

A medicina das energias (Foto: Shutterstock)
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Por Luis Pellegrini

Nas áreas dedicadas à saúde, hoje fala-se muito das interações mente/corpo, capazes de promover a saúde e a doença. Essas interações constituem a base de todo um vasto setor da medicina moderna chamado psicossomática. Estatísticas elaboradas por instituições médicas revelam que cerca de 60% das consultas de pacientes em ambulatórios relacionam-se às tensões ou à interação mente/corpo, e que pelo menos uma dentre cinco dessas consultas tem a ver com algum distúrbio maníaco-depressivo. Nas livrarias há fartura de textos discutindo como os pensamentos e os sentimentos podem influir na saúde. Há também todo um mercado de cursos e práticas sobre como técnicas de disciplina mental como a meditação e o autocontrole, aliadas ao apoio psicoterapêutico e à redução do estresse, bem como dietas e exercícios, efetivamente conseguem curas extraordinárias. Apesar disso tudo, muitos continuam céticos quanto ao fato, hoje mais do que comprovado, de que a qualidade das nossas emoções, sentimentos e pensamentos podem efetivamente promover tanto a cura quanto a doença em nosso corpo físico. Tal hesitação é compreensível. Fomos, no Ocidente, criados numa cultura que separa a mente do corpo e que, diferente de outras culturas, como as orientais, reluta em aceitar o fato de que o ser humano é, na verdade, um sistema perfeitamente integrado de corpo, mente e espírito. Um sistema onde cada uma das partes age sobre as demais, modificando-as para melhor ou pior.

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Doutor Sergio Mortari, cirurgião plástico de renome em São Paulo, infelizmente falecido há alguns anos, era também homeopata, acupunturista e... astrólogo. Ele representava um caso exemplar de profissional da saúde que soubera abandonar certos preconceitos da sua formação ortodoxa para mergulhar nos mistérios de uma nova (mas ao mesmo tempo antiquíssima) visão de medicina que deverá determinar os rumos das terapias do futuro.

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Mantive longas conversas com doutor Sergio Mortari. Há pouco encontrei algumas anotações que fiz desses papos, e fiquei surpreso com a atualidade das coisas que ele dizia. Falávamos muito sobre medicina e astrologia. Dr. Sergio gostava de frisar que, no passado, elas viviam de mãos dadas, como par de namorados. Todo médico que se prezava - Paracelso, Nostradamus, Gagliostro -, era também astrólogo, além de mago e alquimista. Até hoje, no Oriente, muitas tradições médicas conservam uma base astrológica. As escolas de medicina tibetana, por exemplo, têm praticamente apenas uma matéria no currículo do primeiro ano: a astrologia.

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E a nossa medicina racional de hoje, a medicina dos bisturis, das injeções, vacinas e antibióticos, terá ainda condições de reatar a velha amizade com a ciência dos astros? Sim, sim, sem dúvida, respondia Sergio Mortari.

Nada de pressa quando se visitava esse médico. A primeira consulta durava no mínimo uma hora, e o paciente devia estar preparado para submeter-se a uma devassa da sua vida corporal, psicológica, mental e, inclusive, espiritual. Como se não bastasse, doutor Sergio ainda passava lição de casa: entregava ao cliente um questionário volumoso que deveria ser acuradamente respondido e devolvido na ocasião do primeiro retorno.

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A astrologia fazia parte da rotina diária no seu consultório. Na pasta de cada cliente, junto à papelada dos exames de laboratório e radiografias, estava sempre o seu mapa astrológico natal. Professor de “astrologia da saúde”, em cursos que ministra para colegas médicos das mais variadas especialidades, ele trabalhava ao lado de um computador de última geração, capaz de calcular horóscopos complexos em poucos minutos. Doutor Sergio explicava: “O mapa astrológico natal mostra claramente a predisposição da pessoa para desenvolver determinadas patologias e, inclusive, em que época da vida ela estará mais ou menos propensa a desenvolvê-las. Isso é muito útil para se fazer diagnósticos mais acurados, e mais útil ainda para a medicina preventiva. Sabendo-se que tal pessoa tem propensão para determinada doença, pode-se cuidar dela com antecipação, fortalecendo os seus mecanismos de defesa”.

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Mas ter predisposição para certas doenças não significa, necessariamente, que elas ocorrerão. A astrologia não é uma ciência fatalista, e sim uma ciência das probabilidades. Uma patologia provável só se concretiza se houver fatores desencadeantes. Ou seja, se algum estímulo interno ou externo ocorrer e der início ao processo. Doutor Sergio dava um exemplo disso: “Vamos supor um indivíduo que possua em seu mapa astrológico muito elemento ar. Um duplo Gêmeos, por exemplo, alguém cujo Sol e o Ascendente estejam no signo de Gêmeos, que é um signo do ar. Sabe-se desde já que a sua parte mais sensível e vulnerável são as vias respiratórias. Se esse indivíduo se submeter a um fator desencadeante, como pode ser a poluição atmosférica de uma cidade como São Paulo, facilmente poderá desenvolver uma bronquite asmática ou uma rinite ou sinusite alérgicas, ou qualquer outra afeção do sistema respiratório. Mas isso não quer dizer que todo geminiano terá problemas respiratórios, por que há vários outros fatores que também influem. A começar pela configuração completa do horóscopo pessoal, a posição dos dez planetas nesse horóscopo, suas combinações, e o significado específico que cada planeta e cada combinação podem ter para esse indivíduo. Astrologicamente, cada indivíduo é único e irrepetível, como as impressões digitais. Portanto, não se pode afirmar que todo geminiano vai ter essa ou aquela doença, que todo capricorniano terá essa ou aquela patologia. Só o conjunto do mapa astrológico pessoal pode indicar as propensões. Este é o maior objetivo da “astrologia da saúde”, que é como gosto de chamar a astrologia aplicada à medicina”.

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Para Sergio Mortari, um poderoso fator desencadeante de patologias, capaz de atingir o “calcanhar de Aquiles” específico de qualquer signo zodiacal, é o estresse, um problema constante da civilização moderna. “Quando se fala em estresse”, dizia doutor Sergio, “pensa-se logo em desgraças e tristezas. Mas a alegria também pode ser uma causa de estresse. Nosso sistema emocional, o chamado sistema límbico, não sabe distinguir entre estímulos produzidos por coisas boas e aqueles produzidos por coisas más. Ele só é capaz de sentir o estímulo como pressão estressante”.

Doutor Sergio era um médico como se fazia antigamente, o médico da família, uma espécie de paizão. Aquele médico que só de conversar com o paciente já promove melhoras. Mas, quando se conversava com ele, percebia-se logo que suas idéias estavam voltadas para o futuro, para aquela nova visão de medicina batizada de “medicina holística”, de holos, termo grego que significa “totalidade”. Ele gostava de contar como deixara de ser apenas um médico cirurgião e assumira várias outras metodologias consideradas “alternativas”, até chegar à medicina holística. Num dos nossos últimos encontros, pouco antes de falecer, ele disse: “Sou médico há trinta e cinco anos e passei por vários processos de transformação. Houve uma época em que comecei a discutir comigo mesmo se a medicina que praticava era a melhor possível. Fui um médico completamente cartesiano. Achava que só podia curar as pessoas através da cirurgia e da medicação alopática. Até que, ao desenvolver uma especialização em cirurgia plástica para queimados, fui obrigado a estudar psicologia. O paciente queimado desenvolve uma suscetibilidade extrema. Ele estava acostumado com uma imagem inteiramente íntegra de si mesmo e, de repente, por causa da queimadura, vê essa imagem ser deformada até o irreconhecimento. Por causa disso o queimado começa, quase sempre, a manifestar comportamentos negativos. A intervenção cirúrgica, nesses casos, deve ser acompanhada por uma terapia psicológica. Foi isso que me despertou para a realidade de que a pessoa humana não é feita apenas de carne e osso, mas que tudo influi na saúde do nosso corpo. As energias influem, da mesma forma que as emoções, os sentimentos, os pensamentos. A partir daí fui estudar as medicinas que já afirmavam tudo isso há muito tempo. Fui estudar homepatia, medicina chinesa, fiz curso de medicina antroposófica, e astrologia. Aos poucos desenvolvi uma técnica médica própria que é a combinação de tudo o que aprendi, na teoria e na prática”.

Homeopatia, acupuntura, medicina antroposófica. Todas elas são consideradas “medicinas energéticas”, trabalhando mais com nossas energias do que com a parte química e material do nosso corpo. A medicina holística também é assim. Para a visão holística nós somos fundamentalmente seres energéticos. Cada um de nós é um acumulador ou bateria de energias. Todas as nossas funções têm base energética, sejam elas de tipo corporal, emocional, afetivo, sexual, mental ou espiritual. A saúde é o estado natural da pessoa e decorre de uma situação de equilíbrio e harmonia do seu quadro energético. Doença nada mais é do que um sinal de desequilíbrio nesse quadro. A primeira providência do médico holístico moderno é, portanto, buscar a causa do desequilíbrio energético que provoca, como consequência, algum tipo de doença. Mas sabendo desde o início, como dizia doutor Sergio, “que esse desequilíbrio não se encontra sempre e necessariamente no plano físico. Ele pode ter origem também em problemas psicológicos, mentais e, na minha opinião pessoal, inclusive em problemas espirituais”.

A própria medicina convencional admite hoje que muitas doenças que se manifestam no corpo físico têm origem psicológica, emocional. Mas como faz a mente humana para causar desequilíbrios que acabam em doenças? Ante essa pergunta Sergio Mortari desenvolvia um raciocínio que ia até a fronteira do mais puro esoterismo. Para ele os pensamentos produzidos pela mente humana também são ondas de energia. Eles interagem constantemente com todos os nossos demais campos energéticos , influenciando e provocando alterações nos mesmos. O tipo dessas alterações tem relação direta com a “qualidade” dos nossos pensamentos. Pensamentos positivos, otimistas, criativos, alegres e luminosos promovem a harmonia do quadro energético pessoal. Pensamentos negativos, pessimistas, escuros e depressivos, ao contrário, tendem a desequilibrar nosso sistema de energias e costumam ser a maior causa de doenças. Por isso um postulado básico da medicina holística é: “A qualidade do meu pensamento vai determinar o meu estado de saúde”.

Quem quer se curar, ou quer manter um estado de boa saúde, deve portanto incrementar a qualidade dos próprios pensamentos, transformando padrões mentais e emocionais negativos em positivos.

“A medicina holística possui técnicas e recursos aptos a restabelecer o equilíbrio do sistema energético pessoal”, dizia doutor Sergio. “Mas sua atuação depende de um fator que só pode vir do próprio paciente: a vontade de mudar. Ou seja, se o doente estiver tão encastelado nos seus pensamentos e nas suas emoções negativas, se estiver tão prisioneiro das suas próprias neuroses a ponto de, muitas vezes, recusar abdicar delas, nem toda medicina do mundo conseguirá curá-lo. Há também, infelizmente, situações clínicas praticamente irreversíveis. São aquelas em que a manifestação da doença no corpo físico chegou a tal ponto de gravidade que não admite mais a cura”.

Sergio Mortari afirmava que as provas de que os pensamentos realmente influem sobre a saúde do corpo físico são mais do que suficientes. “Por exemplo”, dizia ele, sabe-se hoje sem dúvida que mudanças nos padrões de pensamento alteram radicalmente as funções imunológicas. Mas não sabemos ainda com clareza como essa interação mente/corpo acontece. Há muitas teorias, e uma das mais respeitadas é a teoria holográfica do americano Stanislav Grof. Numa explicação muito simplificada, essa teoria diz que a energia associada à construção de imagens mentais e ao processo de pensar transmite mensagens a uma cascata de processos orgânicos. É como se, de certo modo, as imagens que criamos com nossos pensamentos adquirissem vida própria e passassem a atuar sobre nosso organismo. Sua atuação é positiva ou negativa, pode curar ou gerar doenças, segundo a qualidade dos pensamentos que dão origem a essas imagens”.

Doutor Sergio penetrava então no fascinante universo da interação mente/corpo. Ele achava que o conhecimento profundo dessa relação iria provavelmente nos levar ao segredo da saúde e da doença. Estamos ainda no limiar de um território inexplorado, e o alcance desses estudos é ilimitado. Já existem no entanto novas tecnologias e novos meios de verificar e medir as intrincadas ocorrências no interior do cérebro. “É possível”, dizia ele, “que elas nos conduzam à compreensão de como as alterações no pensamento ou nas imagens mentais se traduzem em mudanças nas funções orgânicas”.

Onde fica o ponto em que mente e corpo se encontram? Ainda não se conhece ao certo a resposta para essa pergunta crucial. Mas Sergio Mortari apontava uma possibilidade: “Talvez se possa dizer que mente e corpo se encontram nas imagens, e também na energia que a mente utiliza para criar imagens. Essa energia, carregada com a ‘qualidade’ do pensamento que a gerou, circula por todo o corpo através do sistema neurotransmissor, e acaba se instalando em certos pontos débeis do organismo, o ‘calcanhar de Aquiles’ energético daquela pessoa”.

Imagens energéticas, geradas pela capacidade holográfica da mente humana, capazes de “viajar” pelo corpo e se instalar nos elos mais frágeis da nossa corrente orgânica! Possibilidade que pode ser facilmente assimilada à antiga teoria das formas-pensamento, tão cara aos estudiosos da ciência esotérica. Tal idéia, até pouco tempo, seria considerada pura heresia pela medicina convencional. Hoje, no entanto, ela invade várias áreas da ciência médica, e ganha a cada dia maior número de adeptos entre os próprios médicos.

Doutor Sergio, entusiasta da idéia, começava por relacioná-la à teoria do placebo - medicamento inócuo que, fornecido ao doente, acaba muitas vezes por promover a sua cura. “No passado eu e outros colegas médicos estudamos na prática a questão do placebo. Num grupo de pacientes com a mesma doença, dávamos para alguns o medicamento convencional, e para outros uma pilulinha inócua, um placebo, sem que eles soubessem. Qual não era a nossa surpresa ao verificar que muitas vezes estes últimos pacientes se curavam da mesma forma que os outros! A única constante em todos os casos, tanto aqueles que recebiam medicamentos reais quanto os que ingeriam placebos, era que nós, médicos, ao administrar a medicação, proporcionávamos aos doentes também a nossa firme intenção de curar. E notamos que, em geral, quando essa intenção era realmente forte, a cura acontecia de modo ainda mais rápido e efetivo. Não devemos esquecer que, se o paciente possui o seu campo pessoal de energia, o médico também possui o seu. De alguma forma ainda desconhecida, a intenção de curar do médico, constelada no seu campo de energia, passa para o campo de energia do paciente, e vai atuar sobre ele, com reflexos curativos no soma ou organismo material deste. Trata-se de um fenômeno ao mesmo tempo subjetivo (mental e psicológico) e objetivo (através da interação de campos energéticos reais)”.

Por acreditar que a intenção de curar fosse fundamental no fenômeno terapêutico, doutor Sergio fazia das suas consultas momentos especiais: “A consulta é, antes de tudo, uma situação de intensa interação energética entre médico e paciente. A forma do médico atender o paciente, de tocá-lo, apalpá-lo, ascultá-lo, de falar com ele e de ouvi-lo, tudo isso influi para um bom diagnóstico e para a cura. Faz com que, energeticamente, o paciente se afine com a ‘vibração’ curativa do médico, e que este consiga ‘penetrar’ fundo no campo do paciente para perceber a origem profunda do seu problema”.

Claro, tudo isso implica num grande aumento da responsabilidade para o médico que adquire consciência do fenômeno da interação energética médico-paciente. Em primeiro lugar, ele deixará de ser um médico da doença para se transformar em médico do doente. Um médico que alia a capacidade profissional à sua qualidade como ser humano. E que tem consciência de que, como afirma o enfoque médico holista, a melhor medicina tem a ver com os processos da auto-cura. Uma auto-cura que, por certo, depende muito do grau de auto-conhecimento do paciente. Por isso, o médico holista estimula o paciente para que adquira auto-conhecimento.

Como o médico faz isso? Para Sergio Mortari o auto-conhecimento é adquirido “através de uma análise imparcial da existência e do uso dos potenciais e possibilidades de cada um. A medicina ideal orienta os pacientes para que, através do auto-conhecimento, disciplinem o exercício da sua vontade e produzam formas-pensamento positivas e saudáveis. Em outras palavras, a que aprendam a produzir imagens mentais e emoções mais saudáveis e felizes”.

Providência que, infelizmente, é impossível na medicina dos planos de saúde, dos grandes ambulatórios, onde um médico atende dezenas de doentes por dia e mal tem tempo de olhar para a cara deles. Esta prática médica moderna desagradava a Sergio Mortari, que a ela não poupava críticas. Convicto da superioridade do atendimento médico holístico, ele não dispensava a atenção, o carinho e o amor de que o paciente necessita. “Com muita frequência, basta o paciente se sentir objeto real da atenção do médico para que seu processo de cura comece. Sem dúvida, cura mais a presença e a atenção do profissional médico do que a própria droga farmacêutica. Isso significa que existe necessidade de uma real relação humana entre médico e paciente. Quanto mais íntima e confiável for essa relação, tanto maior será a possibilidade de cura. Ainda uma vez, acredito numa coisa que chamo de ‘energia da forma-pensamento’. Ela não existe apenas na relação mente/corpo do paciente. Existe também no médico, na relação deste com o doente, e constitui uma força viva que tem grande atuação no fenômeno da cura. Um médico, já no ato de prescrever um remédio, está passando para o paciente a sua intenção de curá-lo. Intenção é meio caminho na direção da cura. O médico com sua firme intenção de curar, o paciente com sua férrea vontade de viver. Intenção e vontade constituem o segredo da cura.” 

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