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A nova poupança e os investimentos

Para pequenos poupadores, dica é abrir nova caderneta para preservar ganhos maiores da antiga. E para investir com rentabilidades acima da média, sofisticação na renda fixa e maior adaptação à renda variável

A nova poupança e os investimentos (Foto: Shutterstock)
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Luciane Macedo _247 - A poupança mudou. As novas regras de remuneração da aplicação financeira mais popular entre os brasileiros estão valendo desde a última sexta-feira, 4 de maio. A medida provisória 567 estabelece que sempre que a Selic, a taxa básica de juros da economia, estiver em 8,5% ao ano ou inferior, os novos depósitos na poupança deixarão de ter a remuneração fixa de 6,17% ao ano + TR (taxa referencial) e serão remunerados em 70% da Selic + TR. Caso a Selic esteja acima de 8,5% ao ano, nada muda, ou seja, vale a remuneração fixa ou antiga. Estas são as regras. Agora, vejamos, na prática, o que é importante saber, e como as novas regras impactam o bolso do brasileiro, do pequeno poupador ao que já investe fora da poupança. Com os juros em queda, quem já tinha dinheiro na poupança e puder preservá-lo se deu muito bem, porque, dificilmente, outra aplicação em renda fixa renderá o mesmo que a "velha poupança".

Primeiro, é essencial saber que todo o dinheiro depositado até a quinta-feira 3 de maio continuará recebendo o rendimento fixo de 6,17% ao ano + TR. Esta remuneração não muda, não importa o que aconteça com a Selic. "Não mudamos a situação dos 100 milhões de correntistas da poupança", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Os depósitos antigos da poupança valerão até sua extinção", reforçou.

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Dito de outro modo, quem já tinha um bom dinheiro na poupança antes das novas regras tem, em mãos, uma aplicação financeira que renderá 6,17% ao ano + TR livre de taxas e tributos, um tremendo negócio em um País que quer ter juros reais baixíssimos e caminha para isso.

"Com panorama de juros em queda, vai se tornar um grande negócio manter a 'velha poupança', na hipótese de a Selic chegar a 2%, você vai ganhar o triplo do que pagar a 'nova poupança'", explica o educador financeiro Mauro Calil, do Instituto Nacional de Investidores (INI). "Quem puder, não mexa nesse dinheiro e mantenha a 'velha poupança' ad eternum, porque você tem um prefixado de 6%".

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O segundo ponto importante a lembrar é que a Selic atual é de 9% ao ano, mas isso deve mudar rápido, provavelmente já na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), marcada para o dia 30 de maio. O que o brasileiro ganha com novos depósitos na poupança vai depender, agora, do que acontecer com a Selic, e o Banco Central vem indicando que seguirá com as reduções na taxa básica de juros. Com a Selic atual, e enquanto ela estiver acima de 8,5%, ainda vale a remuneração fixa.

A dica do professor Calil para preservar o dinheiro "gordo" da "velha poupança" é abrir uma nova conta. Não é uma medida necessária, esclarece o educador, mas pode ajudar, especialmente o pequeno poupador, que está habituado a movimentar ativamente a sua poupança, a conservar a rentabilidade do dinheiro que já tinha guardado na caderneta antes das mudanças e não gastar esse dinheiro.

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Segundo as novas regras, e salvo indicação em contrário do próprio correntista, os saques da poupança sairão, primeiro, do "dinheiro novo" do correntista, ou seja, dos depósitos que ele fez de 4 de maio em diante. Só se o saldo não for suficiente para a(s) retirada(s) desejada(s) é que os bancos usarão o "dinheiro velho" do correntista, aquele que já estava depositado na poupança antes das novas regras. Além disso, a medida provisória estabelece que os bancos terão de fornecer extratos separados com os saldos da "velha" e da "nova", para que tudo fique muito claro ao correntista.

"O pequeno poupador entra e sai com dinheiro da poupança com muita facilidade, então ele pode abrir uma nova conta para poder deixar sua 'antiga poupança' lá, sem mexer, pelo tempo que conseguir deixar", orienta Calil. "Uma nova conta também serve como 'trava psicológica', ou seja, se o dinheiro da 'poupança nova' acabou, pense mil vezes antes de sacar da 'poupança antiga', pois, com a Selic em queda, os 6,17% ao ano + TR podem vir a ser a melhor aplicação em renda fixa por muito tempo".

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Nos investimentos, sofisticar e adaptar

Para quem é mais do que um poupador e já investe dinheiro fora da poupança, vai ficar cada vez mais difícil ganhar dinheiro em aplicações de renda fixa com a Selic em queda. Com a taxa básica de juros em 8% -- o que, projetam analistas, deve ser uma realidade ainda este ano --, nem mesmo CDBs que pagarem 100% do CDI conseguirão bater a rentabilidade da "velha poupança", porque nenhuma outra aplicação é livre de taxas e tributos.

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"O ideal mesmo é que as pessoas comecem a se educar financeiramente e se adaptar mais à renda variável, investindo não só em ações, mas também em fundos de investimento imobiliário", diz Calil. "Mesmo em ações, você tem empresas mais arriscadas e menos arriscadas, além de grandes pagadoras de dividendos que podem remunerar mais que na renda fixa".

Segundo o professor do INI, quem teme investir em renda variável terá de ampliar seus horizontes dentro da renda fixa. "Quem quiser manter rentabilidades acima da média e turbinar os ganhos com a taxa de juros caindo, vai ter que ganhar mais que 100% do DI e buscar alternativas, o dinheiro não vai mais poder ficar só em fundos de renda fixa e poupança", orienta Calil. "Embora essa 'nova poupança' ajude a preservar os fundos, eles ficarão cada dia menos atraentes por conta das taxas de administração".

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O educador financeiro sugere que o investidor que gosta de renda fixa fique de olho nas taxas dos fundos e busque por opções mais atraentes. "Ele vai ter que sofisticar suas aplicações em renda fixa e buscar rentabilidades melhores no Tesouro Direito, CDBs, LCA, LCI, CRI e debêntures, em outras modalidades de renda fixa que remunerem melhor que os fundos", orienta Calil. "O que importa nisso tudo é cair a ficha que o mundo mudou, e que, sem conhecimento, as pessoas não vão mais conseguir formar patrimônio".

As principais dúvidas dos poupadores

As novas regras da poupança passam a valer a partir de quando?
Elas valem para todos os depósitos em poupança feitos a partir de 4 de maio, quando foi publicada a medida provisória com as novas regras

Mas se a remuneração só muda quando a Selic chegar a 8,5%, como ficam os depósitos atuais ou com a Selic a 9%?
O dinheiro depositado a partir de 4 de maio e enquanto a Selic ainda estiver superior a 8,5% vai render o mesmo que antes, ou seja, 6,17% ao ano mais TR. Só quando os juros caírem para 8,5% ou menos é que a remuneração para novos depósitos vai mudar
Por exemplo
Se na próxima reunião do Copom, o Banco Central baixar os juros para 8,75%, tudo continua como antes na remuneração dos seus novos depósitos. Já se o corte for maior e a Selic ficar em 8,5% ou menos, então vale a nova remuneração de 70% da Selic mais TR para os novos depósitos

O que acontece com o dinheiro que já tenho na poupança?
Nada, esse dinheiro continua sendo remunerado "à moda antiga", ou seja, tudo o que você depositou na poupança até o dia 3 de maio, antes das novas regras, continua rendendo 6,17% ao ano mais TR, não importa o que aconteça com a Selic

E quando eu fizer um saque da poupança?
Os saques serão feitos primeiro do "dinheiro novo", quer dizer, do que entrou na conta depois da mudança de regras. O "dinheiro antigo", que rende "à moda antiga", só sairá da conta se não tiver "dinheiro novo" suficiente para o(s) saque(s) desejado(s)

Por que o governo mudou as regras da poupança?
Para permitir que a Selic, a taxa básica de juros, possa continuar caindo

E o que a Selic tem a ver com a poupança?
Quando os juros básicos caem, o rendimento dos investimentos em renda fixa acompanham essa queda. Se a Selic caísse mais sem que as regras da poupança fossem alteradas, a poupança, que é isenta de tributos ou taxas, pagaria mais do a renda fixa e, portanto, seria mais vantajosa

E por que a poupança não poderia "ganhar" da renda fixa em remuneração?
Porque os investidores tenderiam a sair de suas aplicações em renda fixa e colocar seu dinheiro na poupança, e o governo precisa do dinheiro da renda fixa para ajudar a financiar suas dívidas, assim como também precisa do dinheiro da poupança para o financiamento imobiliário. Em suma, o governo precisa garantir que haja dinheiro nos dois "potes"

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