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A pança. Mais perigosa que a obesidade

Um excesso de gordura no nível do estômago aumenta de forma significativa o risco de doenças cardiovasculares e metabólicas, mais que um sobrepeso importante, mas melhor distribuído pelo corpo todo.

A pança. Mais perigosa que a obesidade (Foto: Zoonar RF)
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Por Pauline Fréour - Le Figaro

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Alguém com uma «barriguinha» passa facilmente por um bon vivant. No entanto, essa pessoa está correndo risco. De fato, exibir uma barriga mais ampla que seus quadris aumenta significativamente o risco de doenças cardiovasculares e metabólicas, inclusive em pessoas com um peso razoável.

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Especialistas conhecem bem o fenômeno, mas a mensagem permanece desconhecida do público em geral. Talvez um estudo americano que acaba de ser publicado no Annals of Internal Medicine chamará a atenção sobre este fator de risco crucial. Pesquisadores da Mayo Clinic, no Minnesota, que tiverem acesso a dados médicos de 15 mil indivíduos seguidos durante quatorze anos, analisaram a mortalidade ao longo deste período, levando dois parâmetros em consideração: sua corpulência (eles são «gordos» em relação à sua altura) e sua circunferência abdominal. «Falamos de “pança” quando a circunferência abdominal medida no umbigo ultrapassa a dos quadris », especifica o Dr Francisco Lopez-Jimenez, co-autor do estudo.

Os homens de corpulência normal, mas com uma cintura grossa tinham risco de mortalidade duplicado em relação aos indivíduos com sobrepeso e obesos, mas com uma cintura marcada. Nas mulheres, este risco aumentou de 40 e 32% respectivamente. «Culpamos a obesidade durante anos, no que diz respeito a um maior risco de mortalidade de ordem cardiovascular, ao passo que a culpada é a distribuição das gorduras», resume o Dr Lopez-Jimenez.

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Predisposição a muitas doenças

A presença de uma “pança” é sinal de disfunção: a gordura não se acumulou somente sob a pele (esta é a parte que podemos beliscar entre nossos dedos), mas também mais profundamente  em torno das vísceras, no fígado, nos músculos e no coração, tecidos normalmente magros. «Esta gordura abdominal prepara o surgimento de muitas doenças: o diabetes do tipo 2, a aterosclerose (depósitos de placas de lipídios nas artérias), que promove o AVC e o infarto, a hipertensão, complicações hepáticas podendo levar à cirrose », explica o Dr. François Paillard, vice-presidente da Federação francesa de cardiologia.

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Ao contrário do que anos de campanha contra a obesidade nos deixaram pensar, os indivíduos cuja cintura é marcada, apresentam baixo risco  de mortalidade, independentemente do seu IMC. No entanto, cuidado para não deduzir muito rapidamente que o peso não é mais um índice de risco para a boa saúde . «Quanto mais o IMC de uma pessoa for elevado, menor será as probabilidades dela ter sua cintura marcada. Isso quase nunca acontece em homens obesos, e é raro em mulheres », relembra o cardiologista americano.

A boa saúde dos obesos sem “pança” poderia ser explicada pela natureza de suas gorduras, ele argumenta. «Elas estão mais localizadas nas pernas, nos seus quadris, nas suas nádegas. Ignora-se o motivo, mas estas gorduras são biologicamente protetoras, ao contrário das gorduras abdominais.» Provavelmente, estas pessoas também têm uma boa massa muscular, ao contrário dos «magros com pança », que teriam muitos poucos músculos, ele acrescenta.

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Uma predisposição genética

«Nosso estudo poderia ter um impacto significativo sobre a prática clínica, pois as pessoas com um IMC normal com pança não foram consideradas como uma prioridade nos programas de prevenção », concluem os autores.

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«É um fato bastante conhecido na profissão médica, distingue o Dr François Paillard. Mas ele é menos utilizado como um indicador de saúde que o peso porque é mais delicado de medir.» Não é raro, ele explica, que dois cuidadores tendo medido uma mesma pessoa encontrem dois resultados diferentes. «É verdade que podemos ter variações de avaliação, 1 ou 2 cm de diferença nas pessoas, mas é de pouca importância quando elas têm uma pança pronunciada », distingue o Dr. Lopez-Jimenez.

Infelizmente para alguns, não somos todos iguais perante esta disfunção. Um estudo conduzido sobre pares de gêmeos idênticos mostra que existe uma predisposição genética. E certos grupos étnicos são mais vulneráveis, como os Asiáticos, os Hispânicos ou os Indígenas da América. «Algumas pessoas são máquinas de fabricar gordura visceral », reconhece o Prof. Jean-Pierre Després, diretor científico do ICCR (International Chair on Cardiometabolic Risk) e pioneiro neste campo de pesquisa.

Mas eis uma boa notícia: «estas gorduras são fáceis de remover, muito mais do que aquelas localizadas nos quadris ou nas coxas », ele continua. E com um pouco de assiduidade, os resultados não demoram para aparecer. «A ideia não é colocar as pessoas na dieta mas efetuar uma reeducação nutricional leve, reduzindo a quota de bolos, refrigerantes, batatas fritas de sua alimentação, em benefício de muito mais frutas, legumes e grãos integrais.» Uma vez que esta «reeducação» estiver associada a um esporte de resistência, não necessariamente intenso mas constante, a circunferência abdominal diminui, por vezes sem que o peso global mude.

 

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