A volta do etanol
Estudo da ANP mostra que o combustível voltou a ser competitivo em 70% do mercado consumidor
Akemi Nitahara
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Com as ações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o etanol hidratado voltou a ser um combustível competitivo nos estados de São Paulo, do Paraná, de Goiás e de Mato Grosso, onde a paridade de preço com a gasolina fica na faixa de 70%. De acordo com a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, em algumas regiões é muito mais barato comprar etanol do que gasolina. O preço também está vantajoso em regiões de Minas Gerais e de Mato Grosso do Sul.
Segundo Magda, esses estados representam mais de 70% do mercado consumidor do biocombustível no Brasil. "É uma excelente notícia, importantíssima, porque é fruto de algumas coisas. Entre elas, a Resolução 67 da ANP, que garantiu o estoque de passagem e a regularidade do fornecimento do etanol hidratado. A regulação não é nova, mas está funcionando e deu bom resultado".
Além disso, a diretora-geral explica que contribuíram para a redução do preço do etanol hidratado nas bombas a desoneração de Programa de Integração Social/Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins) feita pelo governo e o fato de estarmos em plena safra da cana-de-açúcar.
Magda lembra que é importante aumentar a venda de etanol, para diminuir o consumo de gasolina. "No momento, mais do que 70% do mercado atendido já deixa a ANP bastante contente com a atuação. Só São Paulo já representa quase 50% e agora estão entrando cidades grandes de Minas Gerais. A frota de táxi em São Paulo roda a etanol, já no Rio de Janeiro roda a gás natural veicular (GNV), o que também é bom, também é economia. Não é possível dizer se vai ter importação de gasolina, porque o país tem um crescimento vegetativo grande, mas certamente a importação será menor do que seria sem o etanol".
Brasil precisará de 100 novas usinas de etanol até 2020
Nos próximos oito anos a procura por combustíveis leves, como etanol, gasolina e gás natural, crescerá 50%, segundo estimativa da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Na avaliação do setor sucroalcooleiro, para atender ao aumento da demanda serão necessárias pelo menos 100 novas usinas. O cálculo foi apresentado hoje (27), pela presidenta da entidade, Elisabeth Farina, durante a abertura do evento Ethanol Summit 2013.
"Vejo 2020 como oportunidades para serem aproveitadas, mas isso vai depender de vários fatores. Um deles é, de fato, uma clareza da nossa política de preço de combustível", disse Farina. Ela destacou que o setor tem condições de dar conta da expansão da demanda. "Nós temos que dobrar de fato a produção [de etanol] e isso significa ter que investir. A gente precisaria repetir o crescimento de 2006 a 2009", comparou.
De acordo com a presidenta da Unica, o carro com motor flex, que está completando dez anos no mercado nacional, é considerado o maior ativo da indústria sucroalcooleira. "São 20 milhões de veículos que não estão usando a potencialidade que poderiam em relação ao etanol hidratado. [A entrada dos motores movidos a álcool e gasolina] tem uma importância enorme, inclusive, porque funciona como regulador do mercado", declarou.
O vice-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Wagner Bittencourt, informou que neste ano o banco deve voltar aos patamares históricos de desembolso para o setor, alcançando R$ 6 bilhões. O montante representa crescimento em relação ao ano passado, quando foram financiados R$ 4 bilhões. "De 2008 a 2012, o banco desembolsou cerca de R$ 30 bilhões. Os investimentos resultaram em modernização e expansão de fábricas e lavouras. Até o mês de abril foram cerca de R$ 3,3 bilhões", relatou.
O secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis, do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Martins Almeida, destacou que os próximos anos serão de grande oportunidade para investimentos, a partir do que está previsto no Plano Decenal de Energia. "Se nós dobrarmos a capacidade de produção de etanol no Brasil, ainda precisaremos colocar um volume correspondente a 14 bilhões de litros de gasolina em 2020. E isso pode ser o álcool", declarou.
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