“Ana Lúcia é avalista de Rogério”, diz Márcio, ao desistir de candidatura

247 - O deputado federal Márcio Macêdo abriu mão da candidatura de presidente estadual do PT na eleição do segundo turno do Processo de Eleições Diretas (PED) do partido, nesta segunda-feira (18). Ele afirmou que tomou esta decisão em nome da unidade interna, para evitar uma disputa "fratricida que levasse ao esgarçamento do partido" e diante do acordo firmado entre a deputada estadual Ana Lúcia Vieira (terceira colocada na eleição do primeiro turno) e o deputado federal Rogério Carvalho (primeiro colocado na etapa inicial do processo). Em decorrência da posição de Márcio Macêdo, Rogério passa a ser o novo presidente do PT em Sergipe. Ele assumirá o cargo em fevereiro de 2014. Em Aracaju, o atual presidente do partido, Usiel Rios, também renunciou a disputa pelo segundo turno. Neste caso, assume o comando do Diretório municipal no próximo ano o deputado estadual Francisco Gualberto, tendo como vice o vereador Iran Barbosa, da Articulação de Esquerda.

"Retirei minha candidatura em nome da unidade do PT, porque os números são muito objetivos. Eu tive 39% dos votos no primeiro turno, Rogério Carvalho obteve 44% e Ana Lúcia, 16%. O apoio de Ana Lúcia a Rogério define a eleição. A posição da Articulação de Esquerda foi objetiva. Não tinha sentido a gente manter uma candidatura, para levar o PT para uma disputa, que poderia ser fratricida e levar ao esgarçamento do partido. No primeiro turno, os espaços no Diretório e na Executiva Estadual mostraram um equilíbrio de forças. Mas o acordo entre Ana Lúcia e Rogério dá maioria para eles. Por isso, Ana Lúcia é avalista de Rogério Carvalho na condução que ele dará ao partido a partir de 2014", afirmou o deputado durante coletiva de imprensa, na manhã desta segunda, na sede do PT estadual.

Mesmo sem a disputa estadual, a eleição interna do PT será mantida em três municípios sergipanos - Estância, Riachuelo e Propriá. Os petistas dessas localidades voltarão às urnas no próximo domingo (24). 

Abaixo a nota do deputado:

Declaração aos Militantes do Partido dos Trabalhadores

Aos companheiros e companheiras,

O fim do Processo de Eleição Direta (PED) Nacional no primeiro turno com vitória do companheiro Rui Falcão para presidente nacional do PT demonstra a importância que o partido dará como prioridade estratégica ao seu fortalecimento interno e à reeleição da presidenta Dilma Rousseff. No Estado de Sergipe, durante 90 dias, nós, da Articulação Unidade na Luta/Construindo um Novo Brasil, percorremos todos os diretórios municipais e comparecemos a todos os debates para apresentarmos nossas teses e linhas programáticas, com a mesma convicção de quem comandou os processos vitoriosos que levaram o companheiro Marcelo Déda à prefeitura de Aracaju e, posteriormente, ao Governo do Estado. Do nosso ponto de vista, a defesa do legado dos 33 anos de história do PT, com especial destaque para o trabalho do nosso Governo – de longe o melhor governo da história política de Sergipe –, o fortalecimento das instâncias deliberativas do partido, a ampliação da participação da nossa militância, o aumento do diálogo com os movimentos sociais e o fortalecimento da relação com os partidos aliados foram os eixos centrais da estratégia para o presente e para futuro. Somos cientes de que o caminho para o PT continuar cumprindo a sua vocação de transformar a vida das pessoas para melhor está na construção participativa e não no discurso da negação.

Iniciaremos um novo ciclo no PT. O resultado numérico do primeiro turno deixa isto bem claro. Há um equilíbrio de forças, o que impõe a necessidade de uma relação ainda mais horizontalizada entre nós, como defendemos ao longo da campanha. Dos 46 membros do Diretório Estadual, a nossa chapa indicará 18 nomes, assim como o grupo de Rogério, que terá a mesma quantidade de vagas. A Articulação de Esquerda indicará sete nomes e o grupo de Severino, três. Já na Executiva, que é composta por 15 membros, a corrente que nós lideramos terá seis assentos, mesmo número de vagas que o agrupamento de Rogério. A chapa de Ana Lúcia indicará dois membros, e Severino terá uma vaga. Além disso, elegemos 29 presidentes de diretórios municipais, até o momento.

Contudo, com a posição tomada pela Articulação de Esquerda em apoiar Rogério Carvalho, com o qual temos divergências quanto ao método de atuação, entendemos que não há muito sentido político em realizarmos o segundo turno em Sergipe, uma vez que obtivemos 39% dos votos na primeira etapa do processo, enquanto Rogério teve 44% e Ana Lúcia, 16%, o que o coloca, agora, com o apoio da Articulação de Esquerda, com maioria na disputa, além do que a aliança entre eles estabelece uma maioria na condução do partido. Sendo assim, entendemos que a Articulação de Esquerda, liderada por Ana Lúcia, passa a ser a avalista de Rogério Carvalho na condução que ele dará ao PT a partir de 2014. Além disso, não é bom para o PT, nesta reta final da campanha, uma disputa fratricida que provoque o esgarçamento do partido.

Como dissemos desde o primeiro momento, a nossa candidatura se colocou como uma tarefa política. E sobre isto, temos a consciência de que cumprimos o nosso papel e continuaremos levantando as bandeiras que tornaram o PT uma referência para Sergipe e para todo o país. Ao mesmo tempo, como defendemos reiteradamente ao longo da campanha, temos o objetivo de alcançar a unidade do partido.

Portanto, informamos aos companheiros e companheiras a retirada de nossa candidatura em Sergipe e em Aracaju, em nome da unidade do PT. Mas afirmamos que continuaremos defendendo o resgate do protagonismo da militância do Partido dos Trabalhadores e a renovação da nossa capacidade de luta.

Por fim queremos agradecer o apoio e o voto recebido de cada militante petista que depositou sua confiança num projeto que é coletivo. Reiteramos também que estaremos sempre juntos lutando pelos nossos sonhos e pela justiça, igualdade, liberdade, o Estado Democrático de Direito e a ética na política em todas as frentes de batalha em que pudermos ser úteis. Assim acreditando na democracia como valor universal, devemos refletir sobre a necessidade de aperfeiçoamento do PED como instrumento de avanço das discussões internas do Partido dos Trabalhadores.
Saudações petistas,
Márcio Macêdo, Usiel Rios e Articulação Unidade na Luta/Construindo um Novo Brasil