TV 247 logo
      HOME > Geral

      Ao se dizer afro, Dunga rompe hipocrisia

      "Num lapso o técnico da seleção brasileira, Dunga, rompeu com a hipocrisia da sociedade brasileira, que ainda insiste em ignorar a histórica violência que sempre se abateu sobre a descendência africana no Brasil", diz Silvany Euclênio, em artigo publicado no Portal Áfricas; leia a íntegra

      Foto: Rafael Ribeiro / CBF Dunga convoca a Seleção Brasileira para amistosos de novembro (Foto: Leonardo Attuch)
      Leonardo Attuch avatar
      Conteúdo postado por:

      SALVE DUNGA, UM BRASILEIRO BRANCO SENTINDO-SE AFRODESCENDENTE...

      Por Silvany Euclênio, no Portal Áfricas

      Num lapso o técnico da seleção brasileira, Dunga, rompeu com a hipocrisia da sociedade brasileira, que ainda insiste em ignorar a histórica violência que sempre se abateu sobre a descendência africana no Brasil.

      Sentindo-se injustiçado pelas muitas críticas ao seu trabalho à frente da seleção, disse “Eu até acho que eu sou afrodescendente de tanto que apanhei e gosto de apanhar. Os caras olham para mim: 'Vamos bater nesse aí'. E começam a me bater, sem noção, sem nada. 'Não gosto dele' e começam a me bater”.

      Acho que nem o mais elaborado tratado sobre o racismo brasileiro poderia explicar de forma tão contundente a “naturalização” da violência racial contra a população negra. No inconsciente coletivo racista, um tom de pele, uma textura de cabelo, qualquer símbolo ou signo que remeta à ancestralidade africana, uma indumentária, um adereço, um toque de tambor, e, lá vem violência, simbólica e física. Como bem disse Dunga “começam a me bater, sem noção, sem nada. 'Não gosto dele' e começam a me bater”.

      Tenho certeza que não existe um afrodescendente neste país que não saiba o que é isso.

      Para mim, o novo está na frase complementar do Dunga “...e gosto de apanhar”. Vale a pena ler de novo “Eu até acho que eu sou afrodescendente de tanto que apanhei e gosto de apanhar”. Isto, eu, mulher negra ativista, nunca parei para analisar, que para o imaginário racista, nós, os afrodescendentes, gostamos de apanhar. E pode estar aí chave da questão, precisamos demonstrar de maneira mais contundente que NÃO GOSTAMOS DE APANHAR!

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.

      ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

      Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

      Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

      Cortes 247