Apesar de tudo, no caminho certo
Uma das mais influentes lideranas da indstria no Congresso Nacional, o senador Armando Monteiro Neto (PTB-PE) faz a defesa da poltica econmica atual, avalia as medidas contra a crise e discorre sobre o crescimento da economia
Senador por Pernambuco e considerado uma das lideranças políticas e empresariais mais influentes dentro do Congresso Nacional, Armando Monteiro Neto (PTB) faz uma avaliação das medidas tomadas pelo Governo Federal em relação à blindar o Brasil das consequências da crise econômica que assola a Europa e ameaça contaminar o restante do mundo. Em sua avaliação as medidas estão no rumo certo e o estímulo ao consumo interno é fundamental para manter a solidez da economia nacional.
Nesta entrevista exclusiva ao PE247, Armando Monteiro Neto também avalia as últimas reduções da taxa Selic, o fraco desempenho da indústria neste ano e as perspectivas para 2012. Por fim, ele discorre sobre a questão das discussões em torno da ampliação do regime automotivo nacional, área onde o governo vem sendo pressionado para ampliar a concessão de incentivos para que novas montadoras se instalem, especialmente no Nordeste.
Confira os principais trechos da entrevista:
Medidas contra a crise
“Acho que medidas são corretas. Ela (presidente Dilma Roussef)não está esperando que a atividade econômica se desacelere tanto para iniciar um processo de reestimulo à economia. Ela está agindo, a meu ver, de maneira tempestiva. Em vez de esperar que a atividade econômica chegue lá embaixo para atuar, é melhor atuar logo para evitar um tombo maior, uma queda mais acentuada. As medidas que o Governo anuncia são medidas adequadas porque estimulam o consumo imediatamente. Não são incentivos como o do Brasil maior e etc, que você só percebe os efeitos a médio e longo prazo. Estes estímulos ao consumo produzem efeitos instantaneamente. Quando se reduz os preços dos eletrodomésticos, tira o IPI dos eletrodomésticos, do fogão, da geladeira, você está estimulando o consumo imediatamente.
Quando se reduz o IOF de pessoa física você está, de alguma maneira, estimulando o crédito, torna ele mais acessível, sem reduzir os spreads e nem reduzir as margens dos agentes financeiros. É o Governo que está abrindo mão da sua parcela, da chamada cunha fiscal, que incide sobre as operações de crédito como IOF, PIS/COFIns, etc. Significa dizer que pode baratear ou reduzir um pouco os financiamentos. Ela (Dilma) está atuando diretamente para reduzir impostos, para estimular o consumo, tirar o IOF de pessoa física dos financiamentos de pessoa física e eliminar restrições que haviam sido adotadas para os investimentos estrangeiros.
Acho que neste momento o risco é deixar a taxa de investimento cair. Tem que sustentar a tx de investimento. Para isto é preciso eliminar restrições ao ingresso de investimentos na bolsa, sobretudo investimentos produtivos, não estou falando de investimentos que vem apenas para obter ganhos de curto prazo”.
Taxa de juros
“Não, não acho que exista impacto com os juros altos para segurar este capital. Os juros já estavam altos. O Governo está baixando a Selic, o que é um movimento importante. O Banco Central acertou, pq quando o mercado dizia que era temerário, este movimento de redução da Selic, ainda em agosto, porque a inflação ainda dava sinais de preocupação, o BC fez esta aposta e ela estava certa. Tanto que os juros futuros no mercado caíram bastante. A autoridade monetária, neste caso o Banco Central, agiu de maneira correta na avaliação que fez”.
Crescimento da economia
“Houve realmente uma desaceleração forte, sobretudo na indústria. A indústria caiu muito porque a penetração de produtos importados aumentou muito, ou seja, as importações deslocaram parte da produção nacional. A indústria foi o setor mais afetado e vai ter um crescimento muito modesto neste ano, menos de 1%. Agora, temos aí alguns fatores que podem determinar uma certa sustentação da taxa de crescimento. Vamos ter um aumento forte do salário mínimo já contratado para o início do próximo ano, continuamos a ter certa expansão do crédito, o desemprego ainda é muito baixo...portanto há fatores que ainda vão sustentar, dar uma certa força no mercado interno.
Agora, eu não apostaria, não faria um prognóstico tão seguro como crescer 5% no próximo ano. É muito prematuro, já que tem fatores externos, como ficam a Europa, os mercados...O que está sustentando a exportações brasileiras é muito a coisa da China em relação as commodities. É preciso ver como os preços as commodities vão se comportar. O mercado da América do Sul ainda dá bons sinais. Mas tem muitas interrogações aí pela frente. Não apostaria em 5%. Acho que 3,5% ou 4% é razoável em 2012”.
Regime automotivo
Acho que tem uma resistência muito forte a você ampliar o regime automotivo, sobretudo em relação a OMC ( Organização Mundial do Comércio), a coisa dos acordos no âmbito do Mercosul, da indústria automobilística, além das restrições que a Fazenda sempre faz em relação a ampliação de incentivos. Por outro lado, tem circunstâncias que ajudam. Como o Governo quer estimular investimentos, é possível que neste ambiente, que está sendo marcado por uma preocupação com a queda dos investimentos, pode ser que se consiga uma janela de oportunidades para ampliar o regime automotivo.
Não é uma luta fácil, mas é possível. Os estados do Nordeste que têm peso político estão empenhados, a Bahia, Pernambuco... Há uma chance, mas não é fácil. Mas depende do Governo. Tem que vir através de uma Medida Provisória e no projeto de conversão que viria a ser do congresso, se consagraria isso. Se o Congresso fizer algo nesta linha, o Governo veta, por que tem competência para vetar em matéria tributária. O Congresso não pode legislar nesta área a revelia do Governo Federal. Tem que ser uma solução negociada com o Governo Federal. Como as montadoras que estão no Brasil, mas ainda são importadoras e querem participar do nosso mercado, pode ser que isto possa ajudar nesta questão de ampliar o regime automotivo. Acho que todo este quadro favorece que haja uma maior pressão para a ampliação deste regime”.
Senador por Pernambuco e considerado uma das lideranças políticas e empresariais mais influentes dentro do Congresso Nacional, Armando Monteiro Neto (PTB) faz uma avaliação das medidas tomadas pelo Governo Federal em relação à blindar o Brasil das consequências da crise econômica que assola a Europa e ameaça contaminar o restante do mundo. Em sua avaliação as medidas estão no rumo certo e o estímulo ao consumo interno é fundamental para manter a solidez da economia nacional.
Nesta entrevista exclusiva ao PE247, Armando Monteiro Neto também avalia as últimas reduções da taxa Selic, o fraco desempenho da indústria neste ano e as perspectivas para 2012. Por fim, ele discorre sobre a questão das discussões em torno da ampliação do regime automotivo nacional, área onde o governo vem sendo pressionado para ampliar a concessão de incentivos para que novas montadoras se instalem, especialmente no Nordeste.
Confira os principais trechos da entrevista:
Medidas contra a crise
“Acho que medidas são corretas. Ela (presidente Dilma Roussef)não está esperando que a atividade econômica se desacelere tanto para iniciar um processo de reestimulo à economia. Ela está agindo, a meu ver, de maneira tempestiva. Em vez de esperar que a atividade econômica chegue lá embaixo para atuar, é melhor atuar logo para evitar um tombo maior, uma queda mais acentuada. As medidas que o Governo anuncia são medidas adequadas porque estimulam o consumo imediatamente. Não são incentivos como o do Brasil maior e etc, que você só percebe os efeitos a médio e longo prazo. Estes estímulos ao consumo produzem efeitos instantaneamente. Quando se reduz os preços dos eletrodomésticos, tira o IPI dos eletrodomésticos, do fogão, da geladeira, você está estimulando o consumo imediatamente.
Quando se reduz o IOF de pessoa física você está, de alguma maneira, estimulando o crédito, torna ele mais acessível, sem reduzir os spreads e nem reduzir as margens dos agentes financeiros. É o Governo que está abrindo mão da sua parcela, da chamada cunha fiscal, que incide sobre as operações de crédito como IOF, PIS/COFIns, etc. Significa dizer que pode baratear ou reduzir um pouco os financiamentos. Ela (Dilma) está atuando diretamente para reduzir impostos, para estimular o consumo, tirar o IOF de pessoa física dos financiamentos de pessoa física e eliminar restrições que haviam sido adotadas para os investimentos estrangeiros.
Acho que neste momento o risco é deixar a taxa de investimento cair. Tem que sustentar a tx de investimento. Para isto é preciso eliminar restrições ao ingresso de investimentos na bolsa, sobretudo investimentos produtivos, não estou falando de investimentos que vem apenas para obter ganhos de curto prazo”.
Taxa de juros
“Não, não acho que exista impacto com os juros altos para segurar este capital. Os juros já estavam altos. O Governo está baixando a Selic, o que é um movimento importante. O Banco Central acertou, pq quando o mercado dizia que era temerário, este movimento de redução da Selic, ainda em agosto, porque a inflação ainda dava sinais de preocupação, o BC fez esta aposta e ela estava certa. Tanto que os juros futuros no mercado caíram bastante. A autoridade monetária, neste caso o Banco Central, agiu de maneira correta na avaliação que fez”.
Crescimento
“Houve realmente uma desaceleração forte, sobretudo na indústria. A indústria caiu muito porque a penetração de produtos importados aumentou muito, ou seja, as importações deslocaram parte da produção nacional. A indústria foi o setor mais afetado e vai ter um crescimento muito modesto neste ano, menos de 1%. Agora, temos aí alguns fatores que podem determinar uma certa sustentação da taxa de crescimento. Vamos ter um aumento forte do salário mínimo já contratado para o início do próximo ano, continuamos a ter certa expansão do crédito, o desemprego ainda é muito baixo...portanto há fatores que ainda vão sustentar, dar uma certa força no mercado interno.
Agora, eu não apostaria, não faria um prognóstico tão seguro como crescer 5% no próximo ano. É muito prematuro, já que tem fatores externos, como ficam a Europa, os mercados...O que está sustentando a exportações brasileiras é muito a coisa da China em relação as commodities. É preciso ver como os preços as commodities vão se comportar. O mercado da América do Sul ainda dá bons sinais. Mas tem muitas interrogações aí pela frente. Não apostaria em 5%. Acho que 3,5% ou 4% é razoável em 2012”.
Regime automotivo
Acho que tem uma resistência muito forte a você ampliar o regime automotivo, sobretudo em relação a OMC ( Organização Mundial do Comércio), a coisa dos acordos no âmbito do Mercosul, da indústria automobilística, além das restrições que a Fazenda sempre faz em relação a ampliação de incentivos. Por outro lado, tem circunstâncias que ajudam. Como o Governo quer estimular investimentos, é possível que neste ambiente, que está sendo marcado por uma preocupação com a queda dos investimentos, pode ser que se consiga uma janela de oportunidades para ampliar o regime automotivo.
Não é uma luta fácil, mas é possível. Os estados do Nordeste que têm peso político estão empenhados, a Bahia, Pernambuco... Há uma chance, mas não é fácil. Mas depende do Governo. Tem que vir através de uma Medida Provisória e no projeto de conversão que viria a ser do congresso, se consagraria isso. Se o Congresso fizer algo nesta linha, o Governo veta, por que tem competência para vetar em matéria tributária. O Congresso não pode legislar nesta área a revelia do Governo Federal. Tem que ser uma solução negociada com o Governo Federal. Como as montadoras que estão no Brasil, mas ainda são importadoras e querem participar do nosso mercado, pode ser que isto possa ajudar nesta questão de ampliar o regime automotivo. Acho que todo este quadro favorece que haja uma maior pressão para a ampliação deste regime”.
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