Apesar dos risos, clima PT e PSB continua tenso
O encontro entre os caciques do PT e PSB, o ex-presidente Lula e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, respectivamente, serviu para esfriar os ânimos entre as legendas, mas o clima interno do Partido dos Trabalhadores recifense não está bom; desconfiança petista também persiste em nível nacional
Leonardo Lucena_PE247 – Se em nível nacional o encontro entre os caciques do PT e PSB, o ex-presidente Lula e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, respectivamente, serviu para esfriar os ânimos o mesmo não se pode dizer do clima interno da ala recifense do Partido dos Trabalhadores. Até mesmo o secretário nacional de Organização do partido, Paulo Frateschi, reconheceu que a situação está cada vez mais complicada para a legenda.
Ao mesmo tempo, o candidato Humberto Costa disse que o atual prefeito, João da Costa, torce contra o partido nestas eleições. E, caso o “cacique” petista venha para cá, surge um mar de dúvidas para saber se isso vai “arranhar” o nome da sigla em nível nacional, uma vez que Lula vem sendo taxado de omisso por não comprar a briga com o PSB, aliado no Congresso Nacional mas que vem sendo acusado de querer lançar Campos à disputa presidencial em 2014, enfrentando os planos de reeleição da presidente Dilma.
O fato é que ao decorrer das pesquisas eleitorais, as quedas de Humberto Costa estão servindo para integrantes do partido, seja em nível estadual ou nacional, darem início a argumentos a fim de explicar o momento delicado pelo qual passa o PT, na frente apenas no município de Goiânia. Frateschi afirmou que a prefeitura do Recife está trabalhando contra o postulante petista. A mesma tese foi defendida pelo senador Humberto Costa, em entrevista à Rádio Jornal.
O próprio prefeito João da Costa, adotando uma posição de “neutralidade” nesta campanha, deu a entender que o PT perderá a disputa em outubro, pois, segundo ele, a Direção Nacional do partido não priorizou o Recife em termos de estratégias rumo à vitória nas eleições. De fato, o gestor, discretamente, ainda demonstra sua insatisfação por não ter tido o direito de se reeleger e por não ter sua gestão defendida pelo candidato Humberto Costa e seu vice, o ex-prefeito e seu maior desafeto político, João Paulo.
Em resposta as declarações de Humberto, João da Costa participou, neste final de semana, de um ato que reuniu o candidato socialista Geraldo Júlio. Na ocasião o gestor criticou duramente a estratégia de campanha adotada pelo PT. “Como militante tenho o direito e até o dever de dizer que esta estratégia do Recife está equivocada e vai levar o partido à derrota. Agora dizer que isto é ser contra o partido? É o contrário. Não sou eu quem faz esta avaliação, são os números”, disse.
E embora os dois maiores cabos eleitorais do PT e PSB, Lula e Eduardo Campos, tentarem selar a paz entre as legendas no campo nacional, insistindo na tese de que não existem problemas e que a disputa entre os partidos se dá apenas em nível municipal, a rivalidade interna no PT não amainou.
De acordo com o cientista político da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Michel Zaidan, a legenda “abandonou a Prefeitura do Recife (PCR), capital com uma candidatura “isolada”.
“O presidente Lula não interfere na disputa local para, em troca, Eduardo Campos alavancar a candidatura de Fernando Haddad em São Paulo”, afirma Zaidan. “O PT está com uma candidatura isolada e ainda dividida, por conta da impugnação da candidatura de João da Costa”, acrescenta.
Segundo o estudioso, se o PSB ganhar as eleições, não deixará máculas na imagem de Lula, mas sim na de figuras locais, como Humberto Costa e o ex-prefeito João Paulo. “Daniel Coelho está sendo o maior beneficiado com as quedas de Humberto e de Mendonça Filho (DEM). Se o PT perder essas eleições, será uma desmoralização muito grande para o partido pela forma como foi conduzido todo o processo eleitoral”, complementa.
Sobre o encontro de Lula e Eduardo, Zaidan explica que em nível local isso tende a trazer prejuízos. “Esse encontro é bom em nível nacional, mas, por outro lado, não é bom em nível local porque mostra que a prioridade não é o Recife”, completa.
A tese do cientista político da UFPE faz sentido. Ontem, logo após o almoço realizado em São Paulo, o presidente do PT, Rui falcão abaixou o tom contra o PSB e disse acreditar que Eduardo Campos apoiará a reeleição de Dilma em 2014, sinal de que o fogo entre as legendas começa a diminuir no cenário nacional.
Faltando apenas três semanas para a eleição, ainda não existe uma confirmação da vinda de Lula ao estado para apoiar a candidatura de Humberto. Segundo algumas figuras do alto escalão do PT deixaram a entender, a vinda do ex-presidente estaria sendo adiada para evitar que ele fosse recebido pelo governador e, desta forma, pudesse explorar o encontro em favor de seu candidato. Desta forma, a expectativa é que, caso Lula venha ao Recife, isto somente acontecerá na reta final da disputa eleitoral. A Humberto resta torcer para que quando isto acontecer ainda haja tempo o suficiente para disputar o segundo turno.
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