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Após cheia, muro do Cais Mauá volta ao debate

Não foram apenas prejuízos e sustos que a enchente dos últimos dias causou aos gaúchos; em Porto Alegre a histórica marca atingida pelo Rio Guaíba  levantou a polêmica sobre a permanência ou não do muro do Cais Mauá; ele foi construído após os temores levantados pelo alagamento dos anos 40;  estrutura de concreto separa os armazéns da cidade e teve sua permanência questionada por ativistas de um projeto alternativo de revitalização para o Cais, que defendem alternativas como comportas móveis instaladas à beira do rio

Não foram apenas prejuízos e sustos que a enchente dos últimos dias causou aos gaúchos; em Porto Alegre a histórica marca atingida pelo Rio Guaíba  levantou a polêmica sobre a permanência ou não do muro do Cais Mauá; ele foi construído após os temores levantados pelo alagamento dos anos 40;  estrutura de concreto separa os armazéns da cidade e teve sua permanência questionada por ativistas de um projeto alternativo de revitalização para o Cais, que defendem alternativas como comportas móveis instaladas à beira do rio (Foto: Voney Malta)
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Jaqueline Silveira/sul21 - A enchente dos últimos dias não só trouxe prejuízos à população gaúcha como assustou os porto-alegrenses com a cheia do Rio Guaíba, que atingiu uma marca histórica neste sábado (17): alcançou o nível 2,91 na altura do Cais Mauá. Em virtude do risco de extravasar a barreira de acesso ao Cais devido às ondas e à chuva constante, além da água dos outros rios que desaguam no Guaíba, a prefeitura, por precaução, fechou duas vezes em uma semana as comportas – o que não acontecia desde a década de 1970. A enchente, que só não superou a de 1941 na Capital, colocou no centro do debate a permanência ou não do muro. Construída, justamente, após os temores levantados pelo alagamento dos anos 40, a estrutura de concreto separa os armazéns da cidade e teve sua permanência questionada por ativistas de um projeto alternativo de revitalização para o Cais Mauá, que defendem alternativas como comportas móveis instaladas à beira do rio.

Nos últimos dias, após a água chegar bem perto dos armazéns, representantes da prefeitura reafirmaram a necessidade de permanência do muro para conter um possível alagamento no centro de Porto Alegre – ainda que a estrutura atual não impeça a água de avançar sobre as construções erguidas entre ela e o rio e onde deve concentrar-se o tão discutido projeto de revitalização do Cais. “O muro está lá para proteger de enchente. Defendemos o muro por esse motivo”, argumentou o secretário do Gabinete de Desenvolvimento e Assuntos Especiais (Gades), Edmar Tutikian. Ele afirma que, apesar de a cheia do Guaíba assustar, não serão feitas alterações ao projeto de revitalização do Cais Mauá. A obra prevê a recuperação de 11 armazéns, a instalação de bares e a construção de prédios comerciais, shopping, hotel e estacionamento na região.

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As tomadas de energia elétrica nos armazéns, explicou o secretário, serão instaladas a 70 centímetros do chão e, como consequência alimentos perecíveis e armários também ficarão a essa altura. Já mesas e cadeiras, segundo ele, podem ser retiradas em caso de alagamento. Cheias como essa, conforme o secretário, são “casos excepcionais” e levou mais de 70 anos para ocorrer. Contudo, ele assinalou que não é possível garantir que não terá novas enchentes dessa dimensão com risco de alagamento dos estabelecimentos comerciais instalados no Cais. “Todos (os comerciantes) entram sabendo como é. Não tem como garantir que não vai ter enchente. Todos terão seus seguros”, argumentou Tutikian.

Já em relação aos prédios que serão construídos, de acordo com o secretário, os empreendimentos serão mais elevados e não haverá risco de serem alcançados pela água. “Jamais entrará água em um prédio”, afirmou o representante da prefeitura. Sobre o muro, sua revitalização, junto com a das comportas, está incluída na contrapartida do empreendimento, garantiu.

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Medidas contra cheias

Responsável pela revitalização, a Cais Mauá Brasil informou que estão previstas medidas de segurança para contenção da água em caso de cheias. “A manutenção e a recuperação do muro que faz parte do sistema de proteção contra cheias na área do complexo faz parte do nosso compromisso no projeto da Cais Mauá durante todo o período do arrendamento”, garantiu o diretor de Operações da Cais Mauá, Sérgio Lima. A estrutura, conforme a empresa, tem rachaduras e fissuras e será totalmente recuperada, bem como as comportas. Já em relação aos armazéns, Lima explicou, que, em caso “de transbordamento, as portas serão fechadas e lacradas” a fim de impedir a invasão da água.

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Além disso, conforme o diretor de Operações Cais Mauá Brasil, será instalado um sistema de bombas para o caso de alagamento das centrais de utilidade (UTIs), locais onde ficarão equipamentos, cabines de mediação, subestações de energia, transformadores e maquinário de ar-condicionado.

O arrendamento da Cais Mauá do Brasil é por 25 anos podendo ser prorrogado pelo mesmo período. As obras de revitalização devem começar só em 2016.

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 Modelo alternativo e sem muro

Já ativistas do grupo Cais Mauá de Todos defendem outro modelo de revitalização do local sem a necessidade do muro e com a priorização dos espaços públicos para a convivência. Em sua página no Facebook, o coletivo questionou qual o interesse de um “investidor” em montar seu negócio em “uma área alagável” e também a construção de um centro de compras às margens do Rio Guaíba e, ao mesmo tempo, “a prova de enchente”. O coletivo questionou, ainda, a prefeitura por não encontrar uma alternativa mais plausível em pleno Século XXI do que “uma cortina de concreto” para a contenção das cheias.

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O Cais Mauá de Todos considera como modelo ideal para a área o projeto elaborado pela acadêmica Helena Cavalheiro e apresentado como trabalho de conclusão do curso de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 2008. Pela proposta da arquiteta, que hoje trabalha em São Paulo, o muro seria transferido da Avenida Mauá para a área entre os armazéns e o Guaíba. A estrutura de concreto seria substituída por uma móvel erguida do chão em caso de enchente para não atrapalhar a bela vista de um dos cartões postais da capital gaúcha e nem interromper a conexão com a cidade.

Muro dificultaria ocupação dos armazéns

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A estrutura atual, na avaliação de Helena, representa uma dupla barreira. Primeiro, explicou ela, “é uma barreira física e visual que interrompe a conexão entre a cidade”. Em segundo lugar, conforme a autora do projeto, a posição do muro, é um obstáculo à ocupação dos armazéns e do prédio da Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH), uma vez que esses locais estão sujeitos a alagamentos diante da cheia do Guaíba dos últimos dias.

Apesar de a Cais Mauá Brasil afirmar que tomadas serão instaladas mais altas do chão e outras medidas de segurança adotadas irão solucionar os alagamentos, a arquiteta alertou que o fato de os armazéns estarem sujeitos a alagamento dificulta a instalação de atividades mais complexas, “ou com objetos de valor” no Cais.“Praticamente qualquer atividade sofreria danos com o transbordamento do rio, como centros culturais, museus e arquivos com objetos históricos ou de valor artístico; centros educacionais, ou outras atividades que envolvam tecnologia, ou equipamentos multimídia; bibliotecas, livrarias; cinemas, teatros; restaurantes de alta capacidade com cozinhas industriais”, exemplificou Helena.

Por esse motivo, argumenta a arquiteta, o projeto propõe a eliminação do muro e uma outra alternativa para a contenção das cheias. A estrutura proposta para ser instalada entre os armazéns e o Rio Guaíba, explicou Helena, trata-se de um sistema misto de aço e concreto acionado mecanicamente por gravidade. O modelo seria removível e só acionado em caso de necessidade. “A solução deve ser vista como um princípio, no sentido de que mais do que apresentar uma solução técnica final, a ideia é demonstrar que a questão do muro deve ser repensada”, esclareceu a autora do projeto.

O sistema apresentado, acrescentou Helena, é apenas um dos exemplos que deveriam ser avaliados em um estudo mais profundo do ponto vista de viabilidade técnica e financeira para o Cais Mauá. Nesse contexto, a arquiteta também citou um modelo adotado em Praga, na República Checa, e que também poderia ser estudado como solução à estrutura de concreto atual. No país europeu, conforme ela, é usado um sistema móvel que é montado pelo Exército em caso de necessidade.

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